Dianteira Novo Honda City Hatch Touring 2022 Foto: Gustavo de Sá/Revista CARRO

City Hatch mantém sistema de múltiplos arranjos dos bancos e tem a missão de conquistar órfãos do monovolume

 

Honda City e Fit sempre foram intimamente conectados, já que compartilhavam plataforma, motores e câmbios desde a estreia do sedã no Brasil, em 2009. Porém, o avanço em refinamento da quarta geração global do Fit e a necessidade crescente de economia de escala na indústria fizeram com que a Honda decretasse o fim do monovolume no Brasil. Para o lugar dele, a marca aposta as fichas no inédito City Hatch, que promete manter a versatilidade do antigo modelo. Com apenas duas versões e preço inicial maior do que o do City sedã, o novato conseguirá cumprir esta missão?

Apesar da proximidade em termos estruturais e mecânicos, os antigos Fit e City não dividiam elementos externos de carroceria. Com o novo hatch, que ’pega emprestado’ do sedã itens como portas, capô, faróis e para-brisa, entre outros, a Honda consegue amortizar parte dos custos do processo produtivo. Com isso, pôde investir em itens inéditos para a nova gama de compactos –  como veremos adiante.

No visual, o City Hatch 2022 repete as formas do sedã até a porta traseira, com exceção do acabamento da grade, que é do tipo colmeia.  A traseira do hatch exibe maior personalidade, apesar de lembrar o desenho do atual Mercedes-Benz Classe A. Se a quantidade de olhares que o hatch atraiu nas ruas durante nossa avaliação servisse de termômetro, seria possível apostar que o hatch pode se destacar em vendas frente ao sedã. 

Espaço e versatilidade

O City Hatch tem como trunfo o fato de manter a mesma distância entre eixos do sedã, de 2.600 mm. Isso permite ao estreante manter o bom espaço para os joelhos no banco traseiro, com área suficiente para os ocupantes dobrarem as pernas sem esbarrar nos bancos dianteiros. Apesar disso, a área para a cabeça na traseira é limitada para pessoas com 1,80 m ou mais, especialmente no assento central. 

Na dianteira, os novos bancos têm melhor apoio para o corpo de motorista e passageiros e há bom espaço para acomodação das pernas. Porém, a ausência de ajuste de altura para os cintos de segurança na dianteira é um retrocesso em relação aos antigos compactos da marca. 

Ainda que o comprimento do novo hatch seja de 4.341 mm (245 mm extras em relação ao Fit e 86 mm a mais que um Golf de 7ª geração), o volume do porta-malas é de 268 litros – quase 100 litros a menos na comparação com os 363 litros do monovolume. A virtude do estreante está no sistema Magic City de múltiplos arranjos dos bancos, que permite rebater os encostos, erguer os assentos traseiros ou até formar uma cama ao unir os bancos dianteiros aos traseiros. 

Equipamentos e preços

Enquanto o novo City está disponível em três versões (EX, EXL e Touring) e parte de R$ 108.300, o City Hatch é vendido apenas nas variantes EXL (R$ 114.200) e Touring (R$ 122.600). O pacote da configuração de entrada inclui 6 airbags, partida do motor por botão, central multimídia de 8 polegadas com espelhamento sem fio, ar-condicionado digital automático, câmera de ré, alerta de baixa pressão dos pneus, rodas de liga leve de 16 polegadas, faróis de neblina, bancos em couro, quadro de instrumentos com tela digital de 7 polegadas, sensor de estacionamento traseiro, retrovisores rebatíveis eletricamente, controle de cruzeiro e monitor de ponto cego via câmera no retrovisor direito (Lane Watch).

Na topo de linha avaliada, há a adição de faróis full LED, faróis de neblina em LED, Honda Sensing, sensor de estacionamento na dianteira, saídas de ventilação para o banco traseiro e 4 alto-falantes extras (8 ao todo). O Honda Sensing é o pacote de recursos de assistência à condução da marca e reúne 5 funções: controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, sistema de mitigação de evasão de pista com correção ativa do volante, sistema de centralização e permanência em faixa e ajuste automático do farol alto.

Novo motor 1.5 

Com o fim dos nacionais Fit, WR-V, HR-V e Civic, a Honda aposentou, também, os antigos motores 1.5 16V, 1.8 16V e 2.0 16V flex. Para a nova dupla de compactos, a marca apostou em um inédito 1.5 16V flex aspirado, de quatro cilindros e construção em alumínio (bloco, cabeçote e cárter). Com duplo comando de válvulas e injeção direta de combustível, produz 126 cv de potência a 6.200 rpm (com etanol ou gasolina) e 15,8/15,5 kgfm de torque (E/G) a 4.600 rpm. Em relação ao 1.5 do modelo anterior, sem injeção direta, o ganho é de até 11 cv e 0,5 kgfm.

Ao volante, o novo motor 1.5 aspirado garante boa agilidade ao City Hatch, com acelerações progressivas e entrosamento com o câmbio automático do tipo CVT, que simula 7 marchas e traz opção de trocas manuais por meio das borboletas no volante. Além dos modos Econ e Sport, a caixa CVT traz como padrão a função EDDB (Early Down-shift During Braking), que resulta em maior aplicação de freio-motor em trechos de descida de serra, por exemplo. 

A suspensão mantém o arranjo do sedã (McPherson na dianteira, e por eixo de torção, na traseira) e traz amortecedores com batente hidráulico. Apesar de menor, o City Hatch Touring é 10 kg mais pesado em ordem de marcha (1.180 kg) do que o sedã, por conta de reforços estruturais na região traseira. Em relação ao três-volumes, o hatch mostra ligeira esportividade na calibração de suspensão e direção, embora mantenha tendência ao subesterço (saída de frente) quando levado ao limite em curvas. 

Autonomia limitada

Se, por um lado, o sistema Magic Seat de múltiplos arranjos dos bancos é uma das virtudes do City Hatch frente aos rivais, por outro, acaba criando um problema para o modelo: a baixa autonomia. Enquanto o City sedã traz tanque de combustível posicionado abaixo do banco traseiro, no hatch a peça é abrigada sob os bancos dianteiros, como no Fit e no HR-V. Por conta disso, a capacidade total foi reduzida, passando de 44 litros, no novo sedã, para apenas 39,5 litros, no hatch.

De acordo com dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Inmetro, o consumo do novo City Hatch é de 9,1/13,3 km/l (E/G), na cidade, e de 10,5/14,8 km/l (E/G), na estrada. Em nosso percurso de avaliação, registramos as boas médias de 10,6 km/l, na cidade, e 16,7 km/l, na estrada, com gasolina e ar-condicionado ligado.

Tomando por base os números do Inmetro e as médias PECO (55% cidade e 45% estrada), a autonomia do City Hatch é de apenas 383 km com etanol. Para ter um alcance maior em viagens, o motorista deverá sempre optar por abastecer o tanque com gasolina (capaz de entregar alcance de até 549 km na média PECO).

Em resumo, o novo City Hatch Touring é competente ao manter aspectos do Fit, como a versatilidade, o espaço para pernas no banco traseiro e o bom consumo de combustível. Como produto, convence pela tecnologia embarcada, acabamento e dirigibilidade. Porém, poderia ter versões mais acessíveis (LX e EX, já homologadas, segundo nossas apurações) para competir na mesma faixa de preço dos rivais Toyota Yaris e Volkswagen Polo. Afinal, apesar de o novo City sedã não ser um Civic, traz bom nível de equipamentos e custa menos. Já o hatch, substituto direto do Fit, tem preço mais elevado.

Ficha técnica – Honda City Hatch

• DADOS DE FÁBRICA
Honda City Hatch Touring 1.5 flex CVT 2022
Motor Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha
Cilindrada 1.497 cm³
Potência 126 cv (E/G) a 6.200 rpm
Torque 15,8/15,5 kgfm (E/G) a 4.600 rpm
Câmbio CVT, simulação de 7 marchas, tração dianteira
Suspensão (dianteira / traseira) Indep. McPherson/Eixo de torção
Pneus e rodas 185/55R16
Freios (dianteira / traseira) Disco ventilado/Tambor
Peso (kg) 1.180
Comprimento (mm) 4.341
Largura (mm) 1.748
Altura (mm) 1.498
Entre-eixos (mm) 2.600
Volume do porta-malas (litros) 268
Tanque de combustível (litros) 39,5
Preço R$ 122.600

 

Fotos: Gustavo de Sá/Revista CARRO e Divulgação/Honda

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