Feirão vender carro usado

Lançamentos recentes no mercado brasileiro e os números de vendas aumentando mês a mês provam que o mercado volta a girar

 

Desde bem o começo da pandemia do coronavírus eu disse, e até escrevi a coluna de abril intitulada “Guerra sem bombardeio”, sobre o que penso sobre a retomada da atividade normal uma vez controlada a contaminação pelo covid-19. A atividade de indústria, comércio e serviços está voltando a olhos vistos a despeito do elevado número de óbitos em âmbito nacional, que já passou de 100.000, tragédia das maiores em todos os sentidos e jamais vivenciada no país.

O que se vê nas reportagens televisivas é uma inexplicável falta de cuidado da população em não manter o distanciamento individual de dois metros uma pessoa da outra, recomendação insistentemente divulgada pelas autoridades sanitárias aqui e no mundo todo.
Nas empresas onde o protocolo é respeitado a atividade segue normal dentro dos horários de funcionamento previstos, sem surgimento de casos de infecção. A indústria automobilística já está produzindo com volumes razoáveis, um auspicioso sinal.

Cinco novos veículos lançados recentemente — novo Chevrolet Tracker, nova Fiat Strada, Volkswagen Nivus, Ford Territory  e Caoa Chery Tiggo 8 — é mais uma mostra que a roda está girando de novo. Números de vendas vêm aumentando mês a mês, apesar de ainda estarem bem aquém dos níveis habituais, ajudado dificuldade de licenciamento com os departamentos estaduais de trânsito sem funcionar. Existe, de fato, uma demanda reprimida face os meses de quarentena, mas o desejo de compra, motor da indústria automobilística não arrfeceu.

Aliás, do ponto de vista sanitário, o automóvel particular passou a ser mais valorizado do que nunca, com deslocamentos individuais livres do risco de contágio do covid-19. Na contramão deste fato incontestável ninguém entendeu as medidas de restrição à circulação de carros particulares em São Paulo e na maioria dos estados a partir de março, aumentando o uso do transporte coletivo.

Há poucos dias precisei ir a Araçariguama, na região metropolitana de São Paulo, e fiquei abismado com o volume de tráfego na rodovia Castello Branco, especialmente de caminhões, igual ou mesmo maior que antes da pandemia. O que normalmente representa incômodo, para mim foi motivo de alegria, uma vez caminhão na estrada é sinal inequívoco de economia em curso novamente.

Outra boa notícia, “filhote” da pandemia, foi finalmente o Brasil sair do jugo do índice antidetonante da gasolina, uma maneira de expressar octanagem totalmente anômala, por isso utilizada somente nos Estado Unidos, Canadá e Brasil. Chegamos mais perto do Primeiro Mundo com gasolina expressa em octanas RON, mas ainda temos outro longo e penoso caminho a percorrer, o de fazer do etanol uma aditivo à gasolina, com 10% de conteúdo, em lugar do que é hoje, a quarta parte da gasolina.

De resto, é esperar que as pessoas se conscientizem de que esse vírus é perigoso e que é preciso atender às recomendações de distanciamento para sairmos de uma vez dessa maldita pandemia que ninguém ousou prever.


Bob Sharp
Bob Sharp
 é jornalista, foi piloto de competição e teve três passagens pela indústria automobilística. É também o editor-técnico da CARRO e mais um apaixonado por automóveis. Você concorda, discorda ou quer esclarecer algum assunto com o nosso colunista? Envie sua mensagem para: bob@revistacarro.com.br.logo Renault

Share This