JAC T60

Bonito e bem acabado, novo SUV da marca chinesa no Brasil promete força com o turbo, mas desempenho não impressiona

 

Todos querem uma fatia do mercado que o Jeep Compass abriu entre os SUVs compactos e médios. Nem que seja um pedaço pequeno. Com expectativa de vender 1 mil unidades em 2020, o novo JAC T60 já está à venda nas concessionárias da marca chinesa por R$ 99.990. Com bancos de couro e teto solar, sai por R$ 104.990. Os demais equipamentos são de série desde o preço básico.

As dimensões são semelhantes às do líder de vendas da FCA. Coincidentemente, o T60 é 2 cm menor tanto em comprimento (4,41 m versus 4,43 m) quanto em entre-eixos (2,62 m contra 2,64 m) e largura (1,80 m ante 1,82 m). Já em altura, é 2 cm maior (1,66 m contra 1,64 m). Na contramão da tendência, o desenho externo do novo JAC não se preocupou com impressão de tamanho: ao vivo, ele parece menor do que realmente é. Mas, sim, o T60 é 6 cm mais curto que seu antecessor, o modelo T6.

JAC T60Por outro lado, a harmonia das linhas agrada bastante, com destaque para o conjunto ótico traseiro, que combina refletor e cromado para unir as duas lanternas. O teto bicolor mistura a pintura das colunas com o aplique adesivo.

A inscrição “210T” abaixo do logo do modelo na tampa traseira faz referência ao torque do motor em newtons-metro, tal qual adotado na Volkswagen. Neste caso, o motor 1.5 4-cilindros a gasolina do T60 gera potência de 168 cv a 5.500 rpm e torque de 21,4 kgfm entre 2.000 e 4.500 rpm. Números que remetem mais uma vez ao Compass: o motor 2.0 Tigershark tem 166 cv e 20,4 kgfm com etanol.

Acabamento surpreende

O acabamento interno do JAC T60 não deve em absolutamente nada a nenhum dos seus concorrentes de segmento. Pelo contrário. A sensação de refino transmitida pela combinação entre o painel de instrumentos totalmente digital, a tela flutuante do multimídia de 10,25 polegadas e o console de comandos tátil são dignos até do segmento acima. As linhas são de bom gosto e há materiais macios ao toque no painel e no forro das quatro portas.

JAC T60O multimídia não traz nem Android Auto nem Apple CarPlay, mas, segundo a JAC, através de um aplicativo próprio chamado Easy Link, ele pode espelhar a tela do celular via Wi-Fi, dispensando cabos de conexão. Para carregar o celular, há duas portas USB aos passageiros de trás. Para motorista e passageiro dianteiro, há uma tomada 12 volts e outra porta USB. Ao lado destes, um item cada vez mais raro em automóveis: um acendedor de cigarros.

Em relação aos auxílios de direção, traz controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampa, assistente de frenagem de pânico e monitoramento de pressão dos pneus. Tem ainda freio de estacionamento com acionamento elétrico e auto hold, faróis em LED em regulagem de altura, luz de conversão estática, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré e câmera 360 graus. Uma lista bastante competitiva nesta faixa de preço, porém, traz apenas os dois airbags dianteiros exigidos por lei.

JAC T60A posição de dirigir deixa a desejar não pelo resultado em si, mas pelo nicho que o SUV pretende concorrer. Não há ajuste de profundidade do volante, algo que praticamente todos seus concorrentes nesta faixa de preço trazem. A falta poderia ser compensada pelo ajuste elétrico do banco, mas este é apenas para altura e distância do assento. O posicionamento do encosto é manual.

A  diferença de altura dos pedais também incomoda: o plano do acelerador é muito mais baixo que o de freio. Como são muito próximos, basta usar um tênis de solado mais alto – de caminhada ou corrida, por exemplo – para o pé enroscar na passagem do acelerador para o freio. Já a câmera 360 graus é prática, mas a baixa resolução da imagem decepciona.

Ao volante

Responsável pela marca JAC no Brasil, o empresário Sérgio Habib contou à imprensa em várias oportunidades que o motorista chinês não é afeito a dirigir rápido no trânsito. Ele acelera e freia devagar – um comportamento completamente diferente do motorista brasileiro, que, salvo raras exceções, gosta de treinar largada a cada semáforo. Assim, um dos principais passos da tropicalização dos veículos da marca chinesa é deixá-los mais espertos ao volante.

JAC T60Ao se conduzir o JAC T60, a impressão é de que seu acerto foi alterado em quase nada em relação ao original. O câmbio CVT tem simulação de seis marchas e reage satisfatoriamente quando o carro precisa acelerar, mas a resposta é progressiva, bem mais lenta do que se espera, seja em modo automático ou manual. Considerando os números declarados, pela oferta de torque em baixas rotações e o peso reduzido em relação aos concorrentes de maior porte (é quase 190 kg mais leve que o Compass flex), ele deveria ser mais ágil em retomadas de ultrapassagem.

A marca fala em aceleração de zero a 100 km/h em 9s7. Mas no trajeto de cerca de 180 km do test-drive promovido na apresentação à imprensa, a sensação de desempenho foi muito parecida com a de seus concorrentes com motor de aspiração natural que não atingem essa marca. Outro detalhe que remete a hábitos de direção mais pacatos é a suspensão macia: sente-se bastante a rolagem da carroceria em curvas mais acentuadas.

A contrapartida parece ser o consumo. Em percurso feito 90% em rodovia, com três pessoas a bordo o tempo todo e sem qualquer preocupação em economizar combustível, o consumo médio de gasolina se manteve próximo de 12,2 km/l. Um bom número, mas o que Sérgio Habib quer mesmo é consumo zero: as fichas estão depositadas no iEV60, modelo 100% elétrico derivado do T60 que, segundo o empresário, chega ao Brasil em maio de 2020.

 

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