Revelado há 25 anos, Renault Twingo revolucionou os carros subcompactos
com soluções práticas e carisma irresistível

Apresentado no Salão de Paris de 1992, o Renault Twingo de primeira geração cativou fãs no mundo todo com seus exíguos 3,43 m de comprimento (25 cm menor que um Kwid) e visual que parecia saído de um desenho animado. Veja nas fotos como a composição dos faróis dianteiros e do para-choque se assemelha a uma face. Quem não gosta de carro pequeno acha feio, mas teve muita gente que abraçou o pequenino como seu veículo de estimação.

O projeto do Twingo abriga soluções tão simples quanto inteligentes para aproveitar ao máximo seu espaço interno e reduzir custos de produção e manutenção. Uma marca registrada é o banco traseiro com ajuste de distância e rebatível tanto para frente quanto para trás, que possibilitava tanto ampliar o porta-malas como fazer uma “cama” com o rebatimento total dos bancos dianteiros.

Na França, vinha com motor 1.2 8v (C3G) de 55 cv de potência, com injeção monoponto. Em 1996, ganhou injeção multiponto (D7F). Ao fim de 2000, passou a ser 16 válvulas e chegou a 76 cv de potência (D4F) até o fim de sua produção em 2007. Ainda foi produzido no Uruguai entre 1997 e 2003 com os mesmos motores 1.0 de 8v (D7D) e 16v (D4D) do Clio. O último Twingo da primeira geração foi fabricado na Colômbia em 2012. Curiosamente, tinha motor 1.2 16V fabricado no Brasil, país ao qual o subcompacto chegou apenas por importação – algo que não o impediu de amealhar uma legião de adoradores também por aqui.

Paixão à primeira vista

O administrador de empresas Christian Gerschkovich, 66 anos, é um dos organizadores dos encontros mensais do Twingo Clube em São Paulo/SP. Desde os anos 60, quando via os Gordinis da equipe Willys em Interlagos, Christian teve uma vida automobilística passionalmente ligada à Renault de tal forma que, nos anos 70, quando não havia carros da marca à venda no Brasil, comprou uma Belina I (cujo projeto original era o mesmo do Renault 12) e trocou os logotipos dianteiro e traseiro da Ford pelos da marca francesa.

ÚNICO DONO: Christian já rodou mais de 252 mil km com seu Twingo 1.2, que comprou em 1995

Quando visitou a França em 1994, conheceu o Twingo e ficou fascinado. A unidade das fotos foi comprada por ele no ano seguinte e já ultrapassou os 252 mil km rodados. “Mandei colocar as rodas no dia em que comprei o carro”, conta Christian, que aumentou os pneus passou de 145/70 para 165/70, mas manteve o aro 13. No projeto original, o tamanho restrito dos pneus permitiu às caixas de roda serem menores, o que ajudou a ampliar o espaço interno. “Se colocar um pneu 175 já raspa”, afirma, explicando outras modificações que fez no visual de seu carro, como os frisos laterais com a inscrição “Gordini”, que são acessórios de concessionária para o Twingo francês.

Um detalhe interessante nesta unidade são os faróis de longo alcance. Apesar de originais, são raros na primeira leva de Twingos que veio ao Brasil porque eram muito caros: R$ 500 na época, ou mais de R$ 2.600 no valor corrigido pelo índice IGP-M. Aliás, também em valores corrigidos, o Twingo de Christian custou por volta de R$ 64 mil.

Por outro lado, apesar de ser um veículo raro no Brasil, Christian relata que não há muito drama para encontrar peças mecânicas para o Twingo, mesmo para o motor 1.2 francês. Na opinião do dono, o problema são as peças de acabamento, como os seletores do ar-condicionado no painel, que sentiram mais a ação do tempo. Assim como a suspensão que, claro, não foi projetada para o asfalto “lunar” das ruas brasileiras.

O pequeno Renault compensa esses detalhes no posto de gasolina. Mesmo bastante rodado, o Twingo de Christian ainda faz 15 km/l em rodovia e 12 km/l na cidade. “Esse carro é excepcional. Não dá problema algum. Eu não vendo de jeito nenhum”, sorri o feliz proprietário de um “senhor” de 23 anos que parece cada vez mais atual.

*Texto originalmente publicado na edição 290 (Dezembro/2017) da Revista CARRO.

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