70% dos veículos que circulam nas ruas brasileiras não estão protegidos com algum tipo de seguro

Para turbinar as vendas e, ao mesmo tempo, proporcionar segurança ao motorista, marcas de monitoramento de veículos passaram a conceder serviços até então exclusivos das tradicionais seguradoras. Isso agora é possível graças a um seguro oferecido junto com o aparelho rastreador, que pode ser adquirido a um preço mais baixo. A cobertura, porém, é mais restrita.

Na relação de serviços, destacam-se o guincho e o socorro com técnicos para solucionar problemas elétricos ou mecânicos e troca de pneus. Além disso, o dono também tem direito a um transporte alternativo fornecido pelo seguro, caso seu carro precise ser removido ou levado a uma oficina para manutenção. O custo pode ser até 60% mais barato se comparado com os seguros convencionais.

A mensalidade, que inclui o próprio seguro e o rastreador, varia de acordo com a categoria do carro. “Fica por R$ 79,90 para o grupo A e R$ 99,90 para o B. O critério é uma mistura entre frequência de roubo ou furto e índices de recuperação dos veículos de cada grupo”, explica Alon Lederman, diretor comercial da Ituran Brasil, empresa do segmento de rastreadores.

Para viabilizar essa modalidade, as empresas de rastreamento firmaram parcerias com as mais conhecidas seguradoras do segmento automotivo. Dessa forma, as operadoras de seguro ficam com a missão de gerenciar e garantir todo o serviço prometido ao motorista. Elas também emitem uma apólice em nome do consumidor, que garante os benefícios. Já a empresa de rastreamento fica com a obrigação de monitorar o veículo.

Na prática, a estratégia é conquistar um público que reluta em contratar um seguro, que pode  aumentar conforme o perfil do condutor. Para isso, as companhias cobram um preço mais baixo, aliado com um sistema de vigilância e localização do automóvel.

Atenção à cobertura
Os clientes precisam estar atentos na hora de comprar o rastreador com seguro, se realmente quiserem economizar. Se por um lado o atendimento 24 horas em emergências é garantido ao consumidor a um valor mais barato, do outro, a cobertura em caso de sinistro abrange somente a perda total decorrente de situações de roubo e furto do automóvel.

Esse serviço também não cobre situações geralmente atendidas pelos chamados seguros convencionais, como os danos totais ou parciais provocados por colisão entre automóveis e incêndios e fenômenos naturais. Responsável pela regulamentação da cobertura para veículos, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) afirma que não há nenhuma irregularidade nesse tipo de venda, desde que seja feita por uma seguradora devidamente credenciada e que não ocorra de maneira casada sem o prévio conhecimento (e concordância) do consumidor.

Procurada pela CARRO, a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) não se manifestou sobre essa modalidade. Só de janeiro a agosto deste ano (o último dado disponível), o mercado de seguros de automóveis movimentou mais de R$ 20,1 milhões, segundo a entidade. O valor é 5,2% superior ao do mesmo período de 2013.

Pagamento integral para roubo
Alon Lederman, diretor comercial da Ituran Brasil, destaca que a empresa fechou parceria com as empresas Mapfre e Cardif para oferecer o seguro com rastreador. Ele aponta que uma das principais vantagens é o preço ao consumidor ser igual para todos, porque não existe uma variação em decorrência do perfil do cliente. “Esse é o grande diferencial do nosso produto. Além disso, a seguradora indenizará o cliente em 100% do valor da tabela Fipe do veículo se houver roubo e se ele não for recuperado”, afirma Lederman.

Na avaliação do gerente comercial da Positron Rastreadores, Alcides Prates, o seguro é uma alternativa no mercado para alcançar um público que enfrenta dificuldades na hora de pagar por esse serviço. “Muitos desses consumidores não podem ou não estão dispostos a arcar com os custos elevados dos chamados seguros compreensivos, nome dado aos convencionais”, salienta.

Segundo o executivo, 70% dos veículos que circulam no Brasil não estão segurados. Se o preço for a maior razão, talvez os consumidores tenham agora uma opção mais em conta.

As orientações do Procom na hora da contratação
A supervisora de assuntos financeiros da Fundação de Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon-SP), Renata Reis, destaca que a venda de rastreadores com seguro é uma nova tendência no segmento automotivo. Por esse motivo, o órgão ainda não registrou reclamações contra a modalidade. “Mas isso não significa que algumas das vendas ainda não tenham gerado problemas, pois o consumidor somente se dará conta quando precisar do serviço”, avalia.

Na hora de adquirir esse tipo de seguro, Renata Reis orienta os motoristas a avaliar a extensão da cobertura e não levar em conta apenas a diferença de preços. “Isso é para evitar o fato de contratar o serviço e depois constatar que essa modalidade mais restrita não satisfaz totalmente as suas necessidades.” Outra dica da supervisora do Procom é verificar junto à Susep se determinada seguradora tem autorização para comercializar o serviço.  
E, no caso de dúvidas, procure os órgãos de defesa do consumidor para esclarecer todos os detalhes, antes da assinatura do contrato. Renata alerta ainda que a fornecedora do rastreador deve oferecer o seguro como algo opcional e sem obrigatoriedade. “Se atrelar um serviço com o aparelho, vira uma venda casada, e isso é ilegal porque o consumidor deve ter a opção de escolha”, completa.

Veja alguns pontos positivos e negativos do rastreador com seguro.
Vantagens

  • O preço é o mesmo para todos os tipos de carros, sem análise do perfil do motorista.
  • Oferece assistência 24 horas, com guincho, socorro mecânico, troca de pneu e translado para os ocupantes do veículo.

Desvantagens

  • Esse tipo de seguro cobre apenas roubo e furto de veículos.
  • A cobertura não abrange danos totais ou parciais provenientes de colisão, incêndios ou de fenômenos naturais.
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