Pontiac Firebird Trans Am não foi só um ícone da indústria, como deixou seu nome gravado nas páginas da história automobilística

Ao longo de mais de 30 anos perdi as contas de quantas vezes assisti “Smokey and The Bandit” (“Agarra-me se puderes”), com Burt Reynolds, Sally Field e Jerry Reed, e ao seriado “Knight Rider” (“A Super Máquina”, no Brasil) estrelado por David Hasselhoff. Protagonista em ambas as produções, o Pontiac Firebird Trans Am continua a roubar o meu sono. Eis que um dia ao chegar no estacionamento da redação lá estava este raro exemplar 1995/1995 na cobiçada cor Cyclamen Metallic – idêntico a uma miniatura que montei nos tempos de colégio. Enfim, era uma missão descobrir quem era o dono.

Passados alguns dias, durante a sessão de fotos, a minha empolgação era compartilhada com Samy Pesso Misan (28), comerciante. “Nunca pensei que o dirigiria. É de outro mundo”, vibra. Todo original: das rodas de 16” ao teto. O carro foi arrematado pelo sogro em um leilão da Receita Federal. “Surgiu a oportunidade e depois de arrematado ficou por sete anos em um galpão na cidade de Santos (SP)”, diz. Recentemente, o modelo viajou de plataforma do litoral paulista para a oficina Sheep Sharp, na Mooca, zona leste de São Paulo, para receber uma atenção especial.

O bom estado de conservação pediu apenas uma revisão completa junto da instalação do novo ar-condicionado. “O maior problema foi no ajuste dos faróis escamoteáveis. Eles (realmente) são um chame à parte”, enaltece. A quarta geração do Firebird durou de 1993 a 2002 e à época deu prosseguimento a esse ícone norte-americano lançado em 1967. E popularizado nas telonas e na televisão, principalmente pelos modelos de segunda (1970 a 1981) e de terceira geração (1982 a 1992) – iguais aos das películas que marcaram o meu passado.

Ao contrário dos modelos “clássicos”, os de quarta geração não possuem no capô a pintura Screaming Chicken – imortalizada na segunda geração. Apesar disso, ostenta um V8 LT1 5.7 (347.8 pol³) de 279 cv. O câmbio é automático de quatro marchas, enquanto a tração é traseira. Esse conjunto permite acelerar de 0-100 km/h em seis segundos e chegar aos 249 km/h de velocidade máxima (limitada eletronicamente) – quem desejasse mais desempenho podia optar pelo pacote WS6, que incrementava a potência para 305 cv e elevava o torque a 46,1 kgfm, além de rodas de 17” com pneus 275/40 R17, suspensão retrabalhada, logotipo WS6 e capô com entradas de ar funcionais Ram Air. Ao todo, com o opcional WS6 foram 41 unidades da série Formula e 463 conversíveis feitos de 1996 a 1997.

Esse ímpeto é contido pelos freios a disco nas quatro rodas com ABS (a sigla é valorizada nas calotinhas das rodas). Para evidenciar o ronco do V-oitão foi providenciado um escape inteiramente de inox. Essa sinfonia grave e borbulhante invade a cabine ao remover o teto de vidro e acomodá-lo no porta-malas – a carroceria é targa. O Firebird também foi vendido em versão conversível. Andar nesse Coupé 2+2 é voltar diretamente aos anos 90, famosos pela moda colorida e pelos penteados controversos.

Grande, com 4,968 m de comprimento é preciso ficar atento nas manobras/balizas por conta da dianteira “bicuda”. Feito sobre a plataforma F-Body – na história, o Firebird é considerado um irmão do Camaro – mede 2,568 m de entre-eixos e quem viaja atrás sofre com o espaço limitado. O desempenho (realmente) impõe respeito e as suspensões macias absorvem bem as irregularidades do asfalto.

Não é igual a um Cadillac, mas o Pontiac surpreende pelo conforto. “A minha terapia é sair aos finais de semana e dirigir com o sol na cabeça. Tudo vira um evento. Até uma ida ao supermercado ou à padaria”, comemora o feliz proprietário. Embora o Firebird tenha saído de cena em 2002 e a Pontiac desaparecido em 2010, ambos continuam vivos na mente de quem admira esse ícone.

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