A Fiat lançou nesta quinta-feira (15) a linha 2017 do Uno em evento realizado em Betim (MG). O facelift do compacto foi moderado, mas ele ganhou uma inédita família de motores, global, com opções 1.0 tricilíndrico e 1.3 de quatro cilindros, batizada de Firefly (vaga-lume, em inglês), além de contar agora com novas tecnologicas como controle de estabilidade. Os preços partem de R$ 41.840 e alcançam os R$ 53.690.

As mudanças visuais no compacto limitaram-se ao desenho da grade frontal, que aposentou o trio de quadriláteros adotado como assinatura da nova geração em 2010, e do parachoque, que recebeu uma peça horizontal em plástico preto. Elas foram antecipadas por um teaser há algumas semanas, e são as únicas diferenças do Uno 2017 em relação ao anterior. 

Fiat Uno 1.0 Attractive parte de R$ 41.840

Mas, a partir de agora, sempre que você vir um Uno rodando sem os quadradinhos perto do emblema da Fiat, saiba que ele está sendo impulsionado por um dos dois novos motores Firefly (que havíamos antecipado como GSE, mas a sigla ficou restrita ao uso interno da fabricante). Para desenvolver os novos propulsores, o grupo FCA (Fiat-Chrysler Automobiles) investiu R$ 2 bilhões, numa conta que também inclui o facelift do Uno e a construção da nova fábrica de motores em Betim. 

Com um aporte deste motante, não é difícil acreditar que, assim como anunciou a Fiat, este motor terá uso global pelo conglomerado ítalo-americano e o Brasil é o primeiro mercado a usufruir dele.

A VEZ DOS TRÊS CILINDROS 
Começando pelo motor 1.0 tricilíndrico, a Fiat finalmente conseguiu se equiparar à concorrência e agora pode oferecer aos seus consumidores um motor com tecnologias que deixam o Uno, ao menos no papel, um produto muito mais atraente para combater rivais como Volkswagen up! e Gol, Nissan March, Hyundai HB20 e Chevrolet Onix (que, destes, apenas o Onix manteve um motor 1.0 de quatro cilindros, mas totalmente renovado, em sua linha).

Motor Firefly tricilíndrico rende 77 cv e 10,9 kgfm

O bloco e o cabeçote do motor Firefly são feitos de alumínio. Seus principais atributos, de acordo com a Fiat, são entrega de torque em baixas rotações, economia de combustível e níveis de ruído e trepidação reduzidos. Para alcançar o primeiro objetivo, a Fiat optou por utilizar apenas uma configuração de apenas duas válvulas por cilindro (1.0 6V). Além de ser uma opção menos custosa à fábrica do que uma multiválvulas com dois comandos, a companhia diz que duas válvulas por cilindro contribuem para o propulsor tenha mais torque em baixas rotações.

Os engenheiros afirmam que cerca de 90% dos 10,9 kgfm de torque já estão disponíveis às 2.000 rpm, destacando o prazer ao dirigir o carro, cuja potência é de 77 cv. Quanto à sua eficiência, a Fiat atuou em três frentes. A primeira é a taxa de compressão de 13,2:1. A taxa é mais alta do que a de qualquer outro concorrente 1.0 no país e ajuda a aumentar o aproveitamento da queima de combustível. Por outro lado, devido ao comando eletrônico variável de válvulas, o bloco é capaz de otimizar o consumo em baixas rotações se aproveitando de uma espécie de ciclo Atkinson (que a Fiat equivocadamente chama de Miller). 

Grade e parachoque foram as mudanças do Uno 2017

Funciona da seguinte maneira: a borboleta do acelerador compensa a perda de eficiência do motor por bombeamento do ar que deveria entrar na câmara de combustão quando a carga no pedal é diminuída (geralmente quando a velocidade do veículo está estabilizada). Neste momento, o comando de válvulas variável (cujos balancins são roletados, para diminuir atrito) atrasa o fechamento e a abertura das válvulas para permitir que haja a recirculação dos gases de exaustão nos cilindros (os gases que deveriam ser expelidos, retornam à câmara de combustão no fase de admissão e compressão), empobrecendo a mistura ar-combustível para reduzir as emissões de óxido e dióxido de nitrogênio, consequentemente, diminuindo o consumo de combustível.

Outras diversos fatores complementam os ganhos de eficiência do Uno. A adoção de direção elétrica é uma delas, pois reduz o peso do carro e poupa trabalho do motor, e reforços aerodinâmicos, como o spoiler abaixo do parachoque frontal, é outra, uma vez que melhora o coeficiente de arrasto do modelo. A relação do câmbio de cinco marchas (possibilitada pelo motor mais ágil) e o indicador de marchas do painel completam o conjunto de soluções da Fiat para aprimorar a eficiência do Uno.

Spoiler abaixo do parachoque contribui para a aerodinâmica do Uno

Com este sistema, a fabricante encontrou um bom compromisso entre um sacrífico de potência (devido à sua limitação de duas válvulas por cilindro) e diminuição de consumo, para que o compacto obtivesse nota A no Programa de Etiquetagem do Inmetro (PBEV), com média de 9,7 km/l a etanol e 14 km/l a gasolina em percurso combinado entre cidade e estrada.

Por fim, o último pilar que mereceu grande atenção da Fiat foi controlar os níveis de ruído e trepidação que são naturalmente maiores em propulsores de 1.0 três cilindros. Para isso, a Fiat teve de impedir o deslocamento vertical do funcionamento do motor e utilizar coxins maiores, reforçados, para atenuar o movimento transversal do bloco. 

Motor 1.3, de quatro cilindros, gera 109 cv e 14,2 kgfm

O motor 1.3 Firefly do Uno possui o mesmo conceito tecnológico do 1.0. Na verdade, ele é, literalmente, o mesmo motor, mas com um cilindro a mais. Só que no caso dele, a potência é 109 cv e torque de 14,2 kgfm. Tanto este motor como o 1.0 possuem comando por corrente e dispensam o uso do tanquinho de gasolina, já que detêm um recurso de aquecimento da galeria de combustível. 

CAPRICHO NO RECHEIO
Além dos novos motores, a Fiat também investiu em equipamentos inéditos à gama do Uno. Pela primeira vez, o compacto terá controle de estabilidade (ESC) e de tração (TC), oferecidos de série nas versões 1.3 Dualogic e como opcional em todas as outras. O mesmo serve para o assistente de partida em rampa (hill holder). Os únicos itens exclusivos das versões 1.3 Dualogic são o câmbio automatizado e o sistema start-stop. 

Fiat Uno Way segue com a mesma personalização da linha passada

Veja abaixo os preços e a lista de equipamentos de todas as versões do Uno:

Uno Attractive 1.0 – R$ 41.840: Ar-condicionado, direção elétrica, faróis de neblina, preparação para rádio, computador de bordo, travas elétricas, vidros dianteiros elétricos, volante com regulagem de altura. Opcionais: Kit Comfort (apoio de braço dianteiro, assento do motorista com regulagem de altura, banco traseiro bipartido, cinto de três pontas traseiro central, espelho no parassol do motorista, comando interno da abertura do porta-malas) e Kit Tech (rádio com entrada USB e conexão bluetooth, hill holder, ESC, retrovisores elétricos com função tilt down, vidros traseiros elétricos, chave canivete).  

Uno Way 1.0 – R$ 42.970: (idem versão Attractive 1.0). 

Uno Way 1.3 – R$ 47.640: Chave canivete, comando interno do porta-malas e do tanque de combustível, faróis com máscara negra, quadro de instrumentos com tela de LCD, sistema start-stop. Opcionais: Kit Comfort e Kit Tech

Uno Way 1.3 Dualogic – R$ 51.990: Controles de estabilidade e de tração, hill holder. Opcionais: Kit Comfort e Kit Tech (sensor de estacionamento traseiro com visualizador gráfico)

Uno Sporting 1.3 – R$ 49.340: (idem versão Way 1.3).

Uno Sporting 1.3 Dualogic – R$ 53.690: (idem versão Way 1.3 Dualogic).

Pela primeira vez, o Uno pode ser equipado com controle de estabilidade

SEM BRIGAS NA FAMÍLIA
Questionado por CARRO ONLINE, Carlos Eugênio Dutra, diretor de marca da Fiat, afirmou que não tem receio de o que o Uno – agora mais tecnológico e equipado – “roube” clientes do novato Mobi. “Não acho que haverá canibalização entre eles. O posicionamento de preços deles é diferente, assim como suas propostas”, explica. 

Com o mercado em baixa, o executivo espera que as inovações do Uno mantenham o patamar de emplacamentos do popular entre 2.500 e 3.000 unidades até o final do ano. As vendas do modelo começam no final deste mês. 

Sobre a utilização deste novo motor 1.0 tricilíndrico Firefly no Mobi, Dutra desconversa e não afirma se o city car será ou não beneficiado, mas podemos esperar, sim, que ele o microcompacto eventualmente receberá as tecnologias adotas no Uno. Resta saber se isso acontecerá ainda este ano ou se ficará para o ano que vem. 

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