Trânsito regras de emissões

Anfavea defende mudança na data de adoção das fases L7 e P8 do Proconve, previstas para 2022

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) oficializou o posicionamento de que defende o adiamento de prazos de adoção das novas fases do programa de controle de emissões para veículos leves (Proconve L7 e L8) e pesados (Proconve P8), previstos para entrar em vigor a partir de 2022. A justificativa, segundo a entidade, é o atraso no desenvolvimento causado pela pandemia da Covid-19.

“Queremos readequar as datas. Mas não sabemos por quanto tempo”, afirma o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. Na visão da entidade, os trabalhos das áreas de engenharia dos fabricantes de veículos e fornecedores foram afetados em função da quarentena e a adoção de novos protocolos de segurança. Por isso, o desenvolvimento de tecnologias para atender às novas regras será comprometido.

Caso não haja adiamento dos prazos das regras de emissões, de acordo com a Anfavea, as fabricantes poderão deixar de fabricar determinados modelos. “Com isso, poderá haver aumento da idade média da frota, trazendo aumento de emissões”, afirma o vice-presidente da associação, Marco Saltini.

A Anfavea diz que outros países postergaram a entrada em vigor de novos limites de emissões, como México e China. “Na Europa não houve adiamento pois não estão em processo de adoção de novos padrões”, explica Saltini.

ONG’s e entidades são contra adiamento das regras de emissões

A tentativa de negociação junto ao Ministério do Meio Ambiente para a prorrogação das regras de emissões do Proconve causou manifestações contrárias de ONG’s e entidades civis. A Coalizão Respirar, que agrega dezenas de grupos em prol da qualidade do ar, enviou cartas aos diretores executivos de seis fabricantes solicitando o cumprimento das normas ambientais.

De acordo com o documento da Coalizão Respirar, o atraso na implementação do Proconve P8 no Brasil poderia implicar em “em emissões anuais de óxidos de nitrogênio (NOx), entre 2025 e 2037, cerca de 20% maiores em comparação com a implementação no prazo”. O dado é de um estudo feito pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).

Outra resposta negativa ao possível adiamento de prazos foi emitida nesta terça-feira (15/12), em uma carta assinada por 16 entidades médicas brasileiras, incluindo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). No texto, as entidades alertam que “a utilização destas tecnologias nas novas frotas dos veículos pesados salvará 150 mil vidas até 2050, além de permitir uma economia de R$ 539 milhões ao SUS”, tomando como base levantamento do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

O Ministério Público Federal (MPF) também emitiu, em setembro, nota de recomendação ao Ministério do Ambiente e ao Conama para que não seja admitida a prorrogação de prazos do Proconve. De acordo com o órgão, “a inércia e insuficiência na regulamentação e implementação do Proconve têm impactado direta e gravemente a saúde da população e prejudicado a preservação do meio ambiente”.

Fotos: Arquivo e Agência Brasil

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