Unir potência e baixo consumo é o sonho dos fabricantes

A indústria automobilística busca incessantemente criar veículos mais modernos e eficientes, reunindo beleza, consumo reduzido e potência elevada. Para reunir tudo isso em um mesmo automóvel, o sonho de qualquer fabricante, um fator de extrema importância deve ser levado em consideração a cada projeto iniciado: o seu coeficiente aerodinâmico. 

Quanto menor ele for, mais facilmente o carro conseguirá “atravessar” o ar e, consequentemente, melhor será seu desempenho. Em baixa velocidade, em dias com pouco vento, é difícil perceber como o ar interage com o automóvel. Mas em alta velocidade, ou sob vento forte, a resistência do ar (a força que o ar exerce sobre um objeto em movimento, também chamada de arrasto) tem enorme efeito sobre a aceleração, a dirigibilidade, a estabilidade e o consumo de um carro.

As carrocerias são arredondadas e possuem partes que canalizam o ar para que o este flua ao redor do veículo com a menor resistência possível. Alguns carros de alto desempenho têm até mesmo partes projetadas para levar o ar a se mover de forma suave sob sua parte inferior. Em determinados modelos há aerofólios (também chamados de “asas” ou spoilers) para impedir que o ar “puxe” o carro para cima – criando sustentação, o que diminui sua estabilidade .

Atualmente, a maioria dos carros convencionais tem um Cx (coeficiente de arrasto) médio perto de 0,30. Utilitários esportivos, que tendem a ser grandões – uma vez que são maiores, levam mais gente e frequentemente precisam de grades mais amplas para ajudar a refrigerar o motor –, apresentam Cx entre 0,30 e 0,40. Já nas picapes, o número fica próximo a 0,40.

F1 tem Cx igual a 0,70

O estudo no túnel de vento

Para medir a eficiência aerodinâmica de um carro em tempo real, os engenheiros usam o túnel de vento. É um enorme tubo com ventiladores que jogam um fluxo de ar em um objeto em seu interior. Numa sala anexa, os engenheiros estudam como as correntes de ar incidem sobre as variadas superfícies. Lá dentro, o carro nunca se move, mas os ventiladores criam vento a diferentes velocidades para simular a realidade.

Conforme o vento se desloca sobre o carro, computadores calculam o coeficiente de arrasto (Cx). Os túneis de vento começaram a ser usados no final do século 19 para medir o fluxo de ar nos primeiros aviões. Mais tarde, foram usados em carros de corrida, medindo a eficiência de seus dispositivos aerodinâmicos. Tempos depois, essa tecnologia passou a ser empregada em carros de passeio.

Cx 0,30 

É o valor do coeficiente aerodinâmico registrado pela maioria dos automóveis convencionais. Lembre-se que, quanto menor ele for, mais facilmente o veículo conseguirá “atravessar” o ar, melhorando, consequentemente, seu desempenho. Nas picapes, esse número chega a 0,40.

Nissan GT-R

Carros mais grudados ao solo

A aerodinâmica envolve mais do que o arrasto do carro. A sustentação é a força que se opõe ao peso de um objeto, elevando-o e o mantendo no ar. Já a sustentação negativa é seu oposto – uma força que empurra o objeto em direção ao solo. Os carros de F-1, cujo Cx é de 0,70, conseguem sustentação negativa graças a aerofólios ou defletores montados na frente e na traseira. Vários carros de rua têm acessórios aerodinâmicos que geram sustentação negativa. O Nissan
GT-R, por exemplo, foi projetado para permitir que o ar flua sobre o carro e chegue ao aerofólio traseiro ovalado, gerando o downforce. Na maioria dos casos, porém, um grande aerofólio na traseira de um carro comum não vai melhorar muito o desempenho nem a dirigibilidade.

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