Trânsito Agência Brasil

É relativamente comum ler matérias ou artigos sobre segurança no trânsito. Esses dias mesmo li sobre planos como o do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de redução de mortes e lesões no trânsito, em âmbito nacional, lançado em 2018, mas de resultado concreto, nada ainda. Ou a 2ª Década Mundial de Trânsito, da ONU/Organização Mundial de Saúde. Em minha opinião, tudo apenas palavras.

Tenho convicção, mesmo sendo leigo (mas não muito) é de que se sabe que o trânsito mata entre 30 mil e 40 mil pessoas por ano no Brasil, mas quem se ocupa de dirigir no trânsito aqui não se preocupa tanto com isso. Mais ou menos como cuidar de baixar febre sem descobrir o que a está causando. São muitos exemplos.

Trânsito é comportamento, e comportamento requer vigilância permanente, que inexiste a não ser por câmeras de velocidade 24 horas x 365 dias. A maior prova de que vigilância permanente não existe é nos períodos de maior movimento nas estradas haver as famigeradas “Operações qualquer-coisa”. É como se nas rodovias com movimento normal vigilância fosse desnecessária. Como se comportamento pudesse dispensá-la. Não pode. Só a vigilância nos condiciona. Só de saber estarmos sendo vigiados nos faz obedecer a lei.

Exemplo clássico é brasileiro dirigindo no exterior, em que ele — de repente, como num passe de mágica — fica condicionado a se comportar corretamente no trânsito. De volta ao Brasil, sua “programação” muda e ele volta a cometer infrações que não cometeria em outro país por sentir — nem precisa ter certeza — que está sendo vigiado.

Ou o inverso, quem mora no estrangeiro e se muda para cá, em pouco tempo se condiciona ao comportamento da massa aqui.

Dentro do tema vigilância, a Constituição Federal estabeleceu há 32 anos que municípios não podem ter polícia, só a prosaica Guarda Municipal destinada a proteger o patrimônio público. Vigiar comportamento do cidadão, zero. Disso resultou que trânsito, em sua maior parte, é controlado por agentes, não por policiais. Tudo o que agentes podem fazer é lavrar multas, não têm poder de polícia para dar ordem de parada a um motorista descontrolado que ameace pessoas com seu comportamento por estar alcoolizado.

Para haver policiais no trânsito o município tem que fazer convênio com o estado para destacar parte do efetivo de policiais militares para cuidar de trânsito. Tal solução só tem sentido em cidades pequenas, de população abaixo de determinado número.

Muitos, ao assistirem filmes, americanos, não entendem as iniciais nos carros de polícia, por exemplo, NYPD, mas alguns sabem tratar-se de New York Police Department, ou seja, polícia municipal, polícia da cidade de Nova York.

Vigilância inclui controlar o trânsito e isso abrange os veículos em circulação. Os que visualmente não apresentam condições de trafegar devem ser detidos imediatamente e recolhidos a um pátio. É desnecessário um policial ter olhos de águia para detectar um carro em situação irregular, como vidros com películas escurecedoras fora da regulamentação que fazem do carro um esconderijo sobre rodas e impedem grande parte da essencial visibilidade para dirigir

Exemplos da necessidade de vigilância são muitos, mas creio ter dado a mensagem, posso parar por aqui.


Bob Sharp
Bob Sharp
é jornalista, foi piloto de competição e teve três passagens pela indústria automobilística. É também o editor-técnico da CARRO e mais um apaixonado por automóveis. Você concorda, discorda ou quer esclarecer algum assunto com o nosso colunista? Envie sua mensagem para: bob@revistacarro.com.br.

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