Com motor turbo e injeção direta, novo Hyundai HB20 evolui em
dirigibilidade, mas custa mais que os rivais
Discussão sobre estilo é sempre algo subjetivo. Porém, a revelação oficial das primeiras imagens do novo HB20 causou muita polêmica na internet pelo desenho inusitado. Renovar um modelo consagrado pelo visual é uma tarefa realmente difícil. Dentro das limitações da manutenção da mesma plataforma, posso dizer que o resultado é melhor pessoalmente do que em fotos – em que pese o excelente trabalho feito por nosso fotógrafo Renan Senra com o veículo que ilustra estas páginas.
Controvérsias à parte, o hatch traz novidades que vão além do desenho. Ele manteve a plataforma da primeira geração (chamada de PB pelo grupo Hyundai-Kia), mas trouxe avanços estruturais importantes, como entre-eixos estendido em 30 mm (passou a 2.530 mm) e maior utilização de aços de alta resistência (de 19% para 30% da carroceria). O HB20 também ficou 20 mm mais comprido (3.940 mm) e 40 mm mais largo (1.720 mm), tendo a altura preservada em 1.470 mm.
O antigo modelo devia itens de segurança presentes em rivais mais modernos, como controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampas e apoio de cabeça e cinto de três pontos para o quinto ocupante. Essas deficiências foram corrigidas nesta segunda geração, que ganhou ainda itens inéditos na categoria, como frenagem autônoma de emergência e alerta de mudança involuntária de faixa.
Todos estes itens vêm de série na versão de topo Diamond Plus, tabelada a R$ 77.990, que traz equipamentos até então indisponíveis, como chave presencial, partida do motor por botão, controle de cruzeiro, alerta de baixa pressão dos pneus, retrovisores rebatíveis eletricamente e sistema stop-start. Completam a lista os itens do antigo acabamento Premium, com airbags laterais de tórax, bancos e volante em couro, sensores de estacionamento e câmera de ré.
Na cabine, a Hyundai seguiu a tendência das centrais multimídia com tela flutuante e reposicionou as saídas de ventilação para baixo. Agora com 8 polegadas, o equipamento é compatível com Android Auto e Apple CarPlay e traz duas entradas USB no console, sendo uma delas de carregamento rápido. O acabamento agrada pela escolha de materiais e encaixe das peças – o desenho da tela sobre os tweeters ao lado das maçanetas e o revestimento em couro também nas portas traseiras são toques de bom gosto raros no segmento.
O quadro de instrumentos mescla conta-giros analógico e velocímetro digital em uma tela monocromática, que faz lembrar a primeira geração do Onix. As informações do computador de bordo seguem o mesmo grafismo simples e só podem ser acessadas por meio de uma tecla no próprio quadro – por que não em um botão no volante? Já o ar-condicionado regrediu em relação ao da antiga configuração de topo. Agora, a tela digital funciona apenas como repetidor dos botões manuais, sem a indicação da temperatura exata em graus Celsius ou mesmo a função automática.
Coração valente
O melhor deste HB20 está sob o capô. A estrela da gama é o novo motor 1.0 turbo flex GDI (singla em inglês para injeção direta de gasolina), que gera 120 cv a 6.000 rpm e 17,5 kgfm a 1.500 rpm independentemente do combustível.
Está acoplado ao câmbio automático epicíclico de seis marchas, que trabalha em sintonia com o novo “coração” do hatch. Com relação peso-potência de 9 kg/cv, o Hyundai fez bonito na pista de testes: ele precisou de apenas 9s5 para chegar aos 100 km/h – o Polo fez a mesma prova em 9s8. Nas retomadas, o compacto feito em Piracicaba (SP) também surpreendeu, com vantagem de 1s3 na passagem de 60 a 120 km/h – 9s1 ante 10s4 do Volkswagen. Com etanol no tanque, o Hyundai cravou média PECO de 10,2 km/l.
Bom avanço nesta geração é a troca da assistência hidráulica pela elétrica na direção, que deixa o hatch mais fácil de manobrar e entrega boa comunicação com o motorista em velocidade mais altas. A suspensão traz acerto ligeiramente mais firme, com bom controle de oscilação da carroceria em curvas e sem a pancada seca de fim de curso no eixo traseiro que marcou os primeiros HB20. O que limita a dinâmica do hatch é a medida modesta de pneus (185/60R15) para o nível de potência nos dias de hoje, uma vez que os rivais adotam conjunto mais largo e de maior diâmetro.
Ainda que ágil, o HB20 Diamond Plus larga atrás na comparação de preço compra dos oponentes topo de linha com motor 1.0 turbo: Chevrolet Onix Premier (R$ 69.990) e Volkswagen Polo Highline (R$ 76.990) entregam nível de equipamentos parelho por menos. Será mesmo o visual a questão mais polêmica do novo HB20?
Fotos: Renan Senra