Dianteira Fiat Strada Volcano

Segunda geração da picape salta em dirigibilidade e tecnologia para se manter na liderança

 

Inovação sempre foi a estratégia da Fiat para manter a Strada em evidência desde a estreia da primeira geração, há 22 anos. A picape revolucionou o segmento por diversas vezes, sendo pioneira entre as compactas a oferecer cabine estendida, cabine dupla e terceira porta, entre outras soluções. Este ano, a picape finalmente estreou a segunda geração, que se reinventa com uma inédita opção cabine dupla de quatro portas e cinco lugares.

A renovação surtiu efeito. A picape, que era líder entre os comerciais leves há duas décadas, chegou a ultrapassar o Onix e alcançar o posto de veículo mais vendido do Brasil em setembro último, com 11.873 unidades emplacadas.

Batizada de MPP, a nova plataforma da Strada mescla elementos de Argo e Mobi, com uso de aços especiais em diferentes pontos da carroceria. Na comparação com a antiga versão Freedom cabine dupla, a nova geração ficou 36 mm mais comprida (4.474 mm ao todo), 68 mm mais larga (1.732 mm), 26 mm mais alta (1.606 mm) e 19 mm maior na distância entre eixos (2.737 mm).

Na versão avaliada, Volcano, a caçamba possui 844 litros de volume. A capacidade total de carga (que inclui o volume transportado na caçamba e também o peso dos ocupantes) é de 650 kg. A tampa traseira suporta 400 kg de peso e ganhou sistema de amortecimento por mola.

Cabine renovada

O ponto de partida da cabine é o Mobi, que emprestou à picape itens como o quadro de instrumentos e a seção central do volante (agora com base achatada e revestimento em couro). O desenho do painel, entretanto, é uma evolução em relação ao do subcompacto, com saídas de ventilação maiores e nova posição do sistema de som/central multimídia.

Painéis de porta são exclusivos da picape, assim como os bancos, com mescla de tecido e material que imita couro na versão avaliada. O espaço na dianteira é satisfatório, exceto pela proximidade entre os pedais. Já na traseira, apesar de as duas portas traseiras facilitarem bastante o acesso, o espaço é restrito para os joelhos e ombros de ocupantes adultos. A impressão de espaço poderia ser ligeiramente melhor se teto e colunas trocassem o tom preto por revestimento na cor clara.

A central multimídia possui tela de 7” com melhores resolução e respostas ao toque do que a da dupla Argo e Cronos. Boa solução é a possibilidade de espelhamento dos sistemas Android Auto e Apple CarPlay sem a necessidade do uso de fios, tecnologia pioneira entre os carros nacionais e adotada também pela Toro na linha 2021.

Faltas sentidas para a faixa de preço são a de controle de cruzeiro, luzes nos espelhos dos para-sois e alças de segurança para os passageiros traseiros. A picape poderia ainda trazer sistema stop-start. Bons detalhes são os controles do tipo um-toque para subida e descida dos vidros (além de fechamento pela chave), duas entradas USB com iluminação, indicador individual de porta mal fechada, faixa degradê no para-brisa e alerta de baixa pressão dos pneus.

Novo motor 1.3

A Strada Volcano adota o moderno motor 1.3 da família Firefly, o mesmo de Argo e Cronos, com 109/101 cv de potência e 14,2/13,7 kgfm de torque com etanol e gasolina, respectivamente. O câmbio manual de cinco marchas teve as relações de diferencial e da segunda marcha encurtadas na comparação com o do Argo Drive, com o objetivo de entregar mais força com a picape carregada. Para 2021, a marca planeja o lançamento de uma inédita configuração automática do tipo CVT.

Em movimento, a Strada mostra boa evolução na dirigibilidade. O conjunto de suspensões é novo. A dianteira (McPherson) adota novas molas, amortecedores e barra estabilizadora. Já a traseira mantém o esquema de eixo rígido com desenho em forma de “ômega” e molas semielípticas parabólicas (lâmina única) da antecessora, com calibração e geometria exclusivas. O conjunto é competente ao aliar boa absorção de irregularidades sem deixar a traseira “pular” quando vazia.

A Strada também agrada pelo peso correto da direção (com assistência elétrica) e a boa calibração do sistema de freios (com discos ventilados na dianteira e tambor, na traseira). O ruído na cabine é baixo – a 120 km/h, o motor gira a 3.850 rpm. Novidade desta geração é o controle de tração com sistema E-Locker, chamado de TC+ e ativável por meio de tecla no painel. Em terrenos escorregadios, o sistema eletrônico transfere o torque para a roda com mais aderência por meio da atuação do freio da roda oposta. A função é desativada acima de 65 km/h.

Dados de fábrica indicam aceleração de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos e velocidade máxima de 168 km/h, com etanol. O consumo do combustível de origem vegetal no padrão Inmetro é de 8,4 km/l na cidade e 9,4 km/l, na estrada. Com gasolina, na ordem, as médias são de 12,1 km/l e 13,3 km/l. Em nossa avaliação, com etanol e ar-condicionado ligado, registramos as marcas de 8,6 km/l na cidade e 10,8 km/l, em rodovia.

Custo-benefício

Versões topo de linha geralmente não são as de melhor custo-benefício, pois agregam o máximo de equipamentos de conforto e tecnologia em faixa de preço consideravelmente superior. A nova Strada, entretanto, é a exceção que confirma a regra. Dentro da gama de versões de cabine dupla, é mais vantajosa pela diferença pequeno de preço em relação aos acabamentos Endurance e Freedom com opcionais desejados (como a central multimídia), que alcançam R$ 83.980 e R$ 83.280, respectivamente, sem oferecer os itens exclusivos da Volcano, de R$ 83.990.

De série, a Strada Volcano traz controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampas, quatro airbags, faróis full LED, rodas de liga leve de 15 polegadas, pneus de uso misto (205/60R15), volante multifuncional em couro, bancos com revestimento exclusivo, sensor de estacionamento traseiro, barra de proteção integrada ao rack de teto, capota marítima, alerta de baixa pressão dos pneus, central multimídia e câmera de ré. Único opcional é o conjunto de rodas de 16 polegadas (com pneus 205/55 e desenho de banda de rodagem para asfalto), por R$ 2.500.

A picape da Fiat também se defende bem na comparação com as concorrentes, sendo até R$ 10 mil mais barata que a Volkswagen Saveiro Cross (R$ 94.050), equiparável em itens de série, mas sem a versatilidade das 4 portas e 5 lugares. Outra rival é a Renault Duster Oroch Dynamique 1.6 (R$ 88.580), que, apesar do porte maior, traz bem menos equipamentos de segurança e conforto.

Outro ponto positivo da nova geração da Strada é o custo de revisões, que chega a ser 35% menor na comparação com a antecessora. Na versão avaliada, as manutenções até os 60 mil quilômetros custam R$ 3.424 – na antiga Adventure 1.8, a soma alcançava R$ 5.240.

Mesmo líder há duas décadas, a Strada de antiga geração já dava sinais claros de defasagem – um dos indícios era o perfil dos consumidores, majoritariamente pessoas jurídicas (com o objetivo de compor frotas). Com a nova geração e opção de quatro portas com cinco lugares, a Fiat pode voltar a atrair compradores que buscam a versatilidade de uma picape compacta sem perder a dirigibilidade e itens de segurança de carros de passeio.

 

• DADOS DE FÁBRICA
Fiat Strada Volcano CD
Motor Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha
Cilindrada 1.332 cm³
Potência 109/101 cv (E/G) a 6.250 rpm
Torque 14,2/13,7 kgfm (E/G) a 3.500 rpm
Câmbio Manual de 5 marchas, tração dianteira
Suspensão (dianteira / traseira) Indep. McPherson/Eixo rígido
Pneus e rodas 205/60R15
Freios (dianteira / traseira) Disco ventilado/tambor
Peso (kg) 1.174
Comprimento (mm) 4.480
Largura (mm) 1.732
Altura (mm) 1.595
Entre-eixos (mm) 2.737
Caçamba (litros) 844
Tanque de combustível (litros) 55
Preço R$ 83.990

 

• MEDIÇÕES INMETRO
Fiat Strada Volcano CD
Consumo (em km/l)
Cidade (etanol/gasolina) 8,4/12,1
Rodovia (etanol/gasolina) 9,4/13,3
Média PECO (etanol) 8,8
Autonomia etanol (km) 484

 

• PREÇOS E CUSTOS
Fiat Strada Volcano CD
Carro testado R$ 84.890
Versão básica R$ 83.990
Garantia 3 anos
IPVA (4%) R$3.360
Revisões (até 30 mil km) R$ 1.328

 

Fotos: Divulgação

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