Superesportivo disfarçado de sedã entra em pré-venda no Brasil como o título de carro mais potente da história da Audi, com 646 cv
Apesar do avanço gradual da tecnologia, o custo da bateria ainda é o principal responsável pelo preço mais alto dos veículos elétricos na comparação com modelos a combustão equivalentes. O Audi RS e-tron GT, que entra em pré-venda no Brasil nesta quinta-feira (20) com o título de carro mais potente da história da marca, consegue ser a exceção à regra ao trazer desempenho de Audi R8 com preço cerca de 35% menor que o cupê V10.
Não que os R$ 949.990 da tabela do sedã elétrico sejam uma pechincha, mas representam uma economia de R$ 510 mil em relação aos R$ 1.459.990 pedidos pelo R8 – valor suficiente para levar um Audi Q7 (R$ 474.990) para a garagem. A explicação para o menor valor do elétrico é até simples: enquanto o R8 recolhe 35% de imposto de importação, o RS e-tron GT é isento de taxação. O lote inicial para o Brasil é de 50 unidades e as primeiras unidades serão entregues em setembro.
Irmão de projeto do também elétrico Porsche Taycan, o RS e-tron GT possui 4.989 mm de comprimento, 1.964 mm de largura, 1.413 mm de altura e 2.898 mm de distância entre eixos. Para o Brasil, o sedã de estilo cupê virá sempre na configuração de 5 lugares, com três cintos de segurança e apoios de cabeça no banco traseiro. A capacidade do porta-malas é de apenas 350 litros – sob o capô, há um nicho extra de 81 litros onde fica alojado o carregador doméstico.
Para fazer frente ao R8, o RS e-tron GT traz dois motores elétricos: um de 238 cv no eixo dianteiro e outro de 335 cv, no traseiro. A potência combinada é de 598 cv, enquanto o torque do conjunto chega a 84,6 kgfm. No modo Dynamic, a potência total pode alcançar 646 cv por 2,5 segundos em acelerações e retomadas (modo overboost), superando os 610 do V10 do R8 e fazendo do elétrico o Audi mais potente de todos os tempos.
Ao contrário de outros elétricos, o e-tron GT possui câmbio de duas marchas, sendo a primeira para torque máximo e a segunda, para velocidade de cruzeiro e melhor eficiência – a escolha entre as duas é feita automaticamente pelo veículo, já que as borboletas atrás do volante são dedicadas à seleção do nível de intensidade do sistema de regeneração de energia, atuando como uma espécie de freio-motor. Sem um eixo mecânico, a tração integral quattro é 5 vezes mais rápida no acionamento que o sistema tradicional e pode variar a distribuição em 100% entre os eixos dianteiro e traseiro.
“Soco no estômago”
Nosso contato ao volante do Audi RS e-tron GT aconteceu no Autódromo da Fazenda Capuava, no interior de São Paulo. Pessoalmente, o sedã surpreende pelo porte e estilo, com formas milimetricamente pensadas na máxima redução do coeficiente de arrasto aerodinâmico – de apenas 0,24, o menor entre todos os esportivos R e RS da marca.
Na cabine, o console central elevado e instrumentos voltados ao motorista deixam clara a vocação esportiva do elétrico. O volante de três raios pode vir em couro perfurado ou camurça sintética.
Ao ligar apertar o botão de partida, o único indicativo de que os motores estão ligados é a inscrição “ready” no quadro de instrumentos. Por segurança, o elétrico conta com alto-falantes externos a fim de alertar pedestres sobre a aproximação do carro.
Realizar a aceleração de 0 a 100 km/h do RS e-tron GT é como um “soco no estômago”, fazendo o corpo grudar instantaneamente no banco do motorista. Segundo a Audi, o esportivo elétrico é capaz de chegar aos 100 km/h em 3,3 segundos, chegando à velocidade máxima de 250 km/h (limitada eletronicamente). Para efeito de comparação, o R8 V10 faz o mesmo em 3,2 segundos, mesmo tempo registrado por nós com a ajuda do cronômetro embarcado no quadro de instrumentos do RS e-tron GT.
O torque instantâneo faz com que o novo elétrico da Audi deslanche ao menor toque no acelerador. No traçado bastante “travado” da Capuava, o uso de 100% do pedal direito só foi possível nas duas retas do circuito. A suspensão a ar adaptativa permite a elevação ou rebaixamento em até 22 mm, de acordo com o modo de condução escolhido. Para frear o superesportivo, o sistema de freios traz discos com camada de carboneto de tungstênio (como no Porsche Cayenne Turbo), de maior durabilidade mais resistentes a altas temperaturas.
Mesmo com impressionantes 2.405 kg de peso em ordem de marcha (a bateria responde por 630 kg deste total), o RS e-tron GT impressiona pela agilidade em curvas – a distribuição de peso entre os eixos é a ideal, de 50/50. Um dos responsáveis pela boa desenvoltura do sedã, além da tração integral, é o eixo traseiro dinâmico, que permite o esterçamento das rodas traseiras no mesmo sentido das dianteiras em altas velocidade. Em manobras, as rodas traseiras podem esterçar no sentido oposto, reduzindo o raio de giro.
A energia é fornecida aos motores elétricos por uma bateria de 93,4 kWh, o que garante autonomia de até 472 km com uma única carga pelo ciclo WLTP – em uso intenso a alta velocidades, como em qualquer elétrico, o alcance é drasticamente reduzido. Compatível com sistema de recarga ultrarrápida de 800V/270 kW, o RS e-tron GT pode ter 80% da capacidade da bateria recarregada em 23 minutos. Em tomada de corrente alternada (11 kW), são necessárias 8,5 horas. A garantia para a bateria é de 8 anos ou 160 mil quilômetros.
Equipamentos e opcionais do Audi RS e-tron GT
Para o Brasil, o pacote de itens de série do Audi RS e-tron GT inclui rodas de 21”, faróis full LED Matrix com função laser, bancos dianteiros esportivos com aquecimento e ventilação, sistema de som Bang & Olufsen, ar-condicionado digital de 3 zonas, controle de cruzeiro adaptativo, câmeras 360º, teto solar panorâmico fixo, logotipos externos em preto brilhante, carregador portátil de 11 kW, head-up display, acabamento interno em fibra de carbono e pacote de luzes internas customizáveis.
Na pré-venda, os compradores poderão customizar diversos elementos sem custo extras, como cores da grade, pinças de freio, espelhos retrovisores, rodas e acabamentos internos de bancos, volante e painel. Segundo a Audi, são mais de 1,4 milhão de combinações possíveis.
A marca oferece ainda diversos opcionais pagos à parte, como soleiras RS em fibra de carbono (R$ 4.500), retrovisores em fibra de carbono (R$ 6.000), teto fixo em fibra de carbono (R$ 33.000), pacote externo de fibra de carbono (R$ 38.000), pacote carbono completo (R$ 77.000), Night Vision Assist (R$ 21.000) e cor externa Audi Exclusive (R$ 37.000).
• DADOS DE FÁBRICA |
Audi RS e-tron GT 2022 |
Motores | Dianteiro e traseiro (2), elétricos |
Cilindrada | – |
Potência | 598 cv (646 cv no modo overboost) |
Torque | 84,6 kgfm |
Câmbio | Caixa automática de duas marchas |
Suspensão (dianteira / traseira) | Indep. Duplo A/Indep. Multibraço |
Pneus e rodas | 265/35R21 |
Freios (dianteira / traseira) | Disco ventilado/Disco |
Peso (kg) | 2.405 |
Comprimento (mm) | 4.989 |
Largura (mm) | 1.964 |
Altura (mm) | 1.413 |
Entre-eixos (mm) | 2.898 |
Porta-malas (litros) | 350 (traseiro) / 81 (dianteiro) |
Autonomia (km) | 472 |
Preço | R$ 949.990 |
Fotos: Divulgação