Peça central do arrefecimento, a bomba d’água requer cuidados para ajudar a preservar o motor

Todo motor tem uma temperatura ideal de trabalho para obter menor desgaste, menor índice de emissões de poluentes e melhor desempenho. Não pode nem funcionar frio, nem sobreaquecer. O sistema responsável por manter essa temperatura é o arrefecimento, formado por diversos componentes como o reservatório de expansão, líquido de arrefecimento, radiador, válvula termostática (às vezes, duas), mangueiras, galerias internas do bloco e cabeçote, além dos ventiladores e a bomba d’água.

Chamar a bomba d’água de “coração” do arrefecimento não é uma mera figura de linguagem. Afinal, assim como o órgão humano faz correr o sangue em nossas veias, é a bomba d’água o componente responsável por gerar a circulação do líquido por todas as mangueiras, galerias e componentes para promover a troca do calor gerado na combustão e manter a temperatura ideal do motor.

“Para garantir as trocas de calor adequadas o líquido precisa não só permanecer em contato com as peças quentes por um tempo determinado, adentrar ao motor dentro de uma determinada faixa de temperatura, assim como permanecer dentro do radiador por um determinado tempo. O tempo de contato do liquido com as peças quentes e com o radiador está diretamente ligado a vazão do liquido dentro do sistema. E uma das peças fundamentais para garantir a vazão ideal é a bomba d’água”, explica o professor de engenharia da FMU Fernando Landulfo, que também é consultor técnico das revistas CARRO e O Mecânico.

Água? Só desmineralizada

Apesar de o componente se chamar “bomba d’água”, nunca complete o reservatório de expansão com água de torneira, a não ser em situações de extrema emergência. Se isso acontecer, faça a troca do líquido o quanto antes. Água que não seja desmineralizada causa corrosão, não somente na bomba d´água como em todo sistema, além de em alguns casos provocar cavitação, ou seja, erosão no metal por causa da redução de pressão.

“A água de torneira contém produtos químicos, como cloro, que podem promover corrosão galvânica no interior do sistema. Isso sem falar numa possível reação química com os aditivos. A água desmineralizada para reparar os produtos concentrados, ou os produtos já diluídos, prontos para uso, devem ser preferidos”, explica Landulfo.

Sempre abasteça o reservatório com a proporção correta de água desmineralizada e aditivo indicada para aquele veículo. O aditivo serve para elevar o ponto de ebulição, combate o aparecimento de ferrugem e reduz o desgaste dos componentes. Há casos em que a fabricante do veículo vende o líquido já misturado na quantidade correta de cada um. Mas cuidado: tem muita água com corante no mercado sendo vendida como líquido de arrefecimento. Escolha sempre produtos de procedência confiável e evite problemas maiores.

Segundo Landulfo, a bomba d’água é um componente que, apesar de ter uma vida útil definida, exige muito pouca manutenção, toda ela preventiva. Ele indica três cuidados básicos:

1) Mantenha o sistema de arrefecimento pressurizado e sem vazamentos, evita a ocorrência de cavitação na sucção da bomba, que reduz drasticamente a vida útil da mesma.

2) Mantenha o fluido de arrefecimento limpo, troque-o anualmente, use o aditivo recomendado e misture com as proporções recomendadas. Isso evita a corrosão prematura da bomba.

3) Mantenha a tensão da correia de acionamento ajustada corretamente, o que prolonga a vida dos rolamentos e retentores (tensão demais força o rolamento, encurtando a vida da bomba).

Pressão? Não!

É necessário grifar que a bomba d’água gera apenas fluxo, não pressão. No caso do arrefecimento, o componente que mantém o líquido pressurizado é a tampa do reservatório de expansão ou a do radiador, dependendo do veículo. Esses dois componentes sempre devem ser conferidos em casos de anomalia de pressão antes de acusar a bomba.

“Para evitar esses problemas, é necessário ter certeza de que a tampa reguladora de pressão (radiador ou vaso de expansão) é a adequada ao veículo e que se encontram em bom estado. Também deve ser verificado o estado das mangueiras e selos, deve ser feito o reaperto de todas as abraçadeiras de mangueiras, fazer teste de estanqueidade e pressão do sistema, verificar tensão da correia e se a polia da bomba não foi alterada”, conclui Landulfo.