Sem tecnologia híbrida, SUV médio mantém o motor 1.5 turbo e estreia pacote de recursos semiautônomos

Ainda não foi desta vez que o Honda CR-V híbrido, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo de 2018, chegou ao Brasil – o pioneiro na estratégia local de eletrificação da marca será o Accord e:HEV, no segundo semestre. A linha 2021 do Honda CR-V surge com mudanças no visual, reforço na lista de itens de segurança e com consumo menor, mesmo mantendo o mesmo 1.5 turbo de antes. Qual a “mágica” por trás disso?

A quinta geração do CR-V continua a ser importada dos Estados Unidos em versão única, Touring, por R$ 264.900. O modelo recebe as mudanças adotadas por lá no fim de 2019, com novos para-choques, grade redesenhada, rodas inéditas, lanternas escurecidas e saídas de escapamento retangulares. O modelo continua a ser oferecido nos triviais tons externos preto, prata e branco.

Do lado de dentro, o CR-V 2021 ganhou novo desenho do console central, que passa a abrigar um carregador de celular por indução e duas entradas USB. O porta-objetos entre os bancos agora conta com uma nova bandeja retrátil, permitindo o armazenamento de objetos maiores, como tablets e nécessaires.

O teto solar elétrico, antes convencional, passa a ser do tipo panorâmico, com duas “folhas” de vidro – sendo a primeira com abertura elétrica. O SUV também recebeu pacote de recursos semiautônomos Honda Sensing, com controle de cruzeiro adaptativo com função stop & go, alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, sistema ativo de manutenção de faixa e alerta de saída involuntária de faixa.

Mesmo motor, mas com menor consumo

Apesar de ter o híbrido RAV4 SX (R$ 276.440) como principal oponente, o Honda CR-V 2021 manteve como única opção a motorização 1.5 turbo, a gasolina, de 190 cv a 5.600 rpm e 24,5 kgfm de torque entre 2.000 e 5.000 rpm. O câmbio permanece automático do tipo CVT e a tração, integral permanente (AWD). A única alteração no conjunto é o acréscimo do sistema start-stop, chamado pela Honda de Idle Stop.

O conjunto mecânico é competente para fazer o CR-V embalar, mas sem sensação de sobra (ou falta) de potência – na balança, o SUV médio acusa 1.629 kg, o que confere a ele relação peso-potência de 8,6 kg/cv (a mesma de um Jeep Compass 1.3 Série S). O entrosamento entre o 1.5 turbo e a caixa CVT agrada, com simulação de 7 marchas mesmo em Drive e opção de trocas pelas borboletas. Por padrão, a Honda não divulga dados de desempenho, como aceleração de 0 a 100 km/h e velocidade máxima.

A suspensão (McPherson, na dianteira, e multibraço, na traseira) revela acerto feito para agradar ao público estadunidense, com bom isolamento das imperfeições do asfalto. Apesar disso, o CR-V é um SUV “na mão” em curvas mais fechadas, mesmo com os generosos 2.660 mm de entre-eixos. A tração integral permanente (AWD) prioriza a força no eixo dianteiro, fazendo a distribuição automaticamente, conforme a necessidade.

O consumo de combustível, aferido no padrão do Inmetro, melhorou com a adoção do start-stop (Idle Stop) quando comparado à linha anterior do CR-V. Na cidade (onde a tecnologia é predominantemente usada), a média de gasolina melhorou de 10,4 km/l no anterior para 11 km/l no CR-V 2021.

A “sede”também diminuiu em rodovia, passando de 11,9 km/l para 12,3 km/l – uma das explicações para isso pode estar na adoção do sistema de grade ativa, com persianas que se fecham em velocidade de cruzeiro para reduzir o arrasto aerodinâmico. Em nosso percurso de avaliação entre cidade e estrada, com ar-condicionado ligado e modo Econ desativado, registramos a média de 9,6 km/l.

Pacote único

Bons detalhes da cabine do Honda CR-V são a opção de memórias de ajuste elétrico para o banco do motorista, o espelho acoplado ao porta-óculos para vigiar crianças no banco traseiro, a operação automatizada da tampa traseira (basta passar o pé sob o para-choque para a abertura) e o gráfico no quadro de instrumentos com a distribuição em tempo real da tração em cada uma das rodas.

Recheada, a lista de equipamentos do CR-V também engloba itens como faróis full LED (incluindo os de neblina), alerta de baixa pressão dos pneus (iTPMS), sensores crespuscular e de chuva, seis airbags, controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampas, head-up display, ar-condicionado digital de 2 zonas, rodas de 18”, bancos em couro, sistema de som com 8 alto-falantes e subwoofer, chave presencial com partida remota e freio de estacionamento eletromecânico com retenção automática (brake-hold),

Apesar da boa lista de itens de série, o CR-V Touring 2021 mantém aspectos que destoam desta faixa de preços, como a central multimídia de tamanho discreto (7”) e interface datada, além do antiquado botão para zerar o hodômetro (e demais funções do computador de bordo) alojado em uma haste no quadro de instrumentos, como nos Honda nacionais.

O sistema LaneWatch, que replica na tela multimídia a imagem de uma câmera do retrovisor direito ao acionar a “seta”, por vezes atrapalha o motorista ao interromper a visualização da navegação GPS – talvez um sensor de pontos cegos, com luz de alerta amarela diretamente nos espelhos, fosse mais simples e eficaz ao englobar também o retrovisor esquerdo.

O Honda CR-V Touring 2021 mostra esperada evolução ao englobar os mais recentes recursos de assistência à condução e novos itens na cabine. Porém, apesar de ajudar na redução do consumo, a adoção do sistema start-stop parece limitada na comparação com o rival Toyota RAV4 Hybrid. Afinal, o oponente traz mais potência (222 cv) e menor consumo (14,3 km/l na cidade) por diferença de preço inferior a 5%. Argumentos que só reforçam a ideia de que está na hora de o CR-V híbrido finalmente aterrissar no Brasil.

Ficha técnica do Honda CR-V 2021

Fotos: Caio Mattos/Divulgação