Volkswagen T-Cross Comfortline 200 TSI tem agilidade de Polo e espaço de Virtus, mas são muitos os opcionais
“SUV 1.0 é um absurdo, só no Brasil”, gritará (ou teclará) o mais apaixonado fã de automóveis que ainda imagina que desempenho seja fruto somente da cilindrada do motor. De fato, é uma quebra de paradigma que um crossover urbano com linha de cintura alta, câmbio automático de seis marchas e 1.252 kg de peso total seja empurrado por um motor de apenas 999 cm³. Mas acredite: ao dirigir o Volkswagen T-Cross Comfortline 200 TSI, você jamais diria que ele é “milzinho” se não soubesse.
Claro, não estamos falando de qualquer motor 1.0. Esse 3-cilindros da família EA211 incorpora uma série de recursos – como turbo, intercooler, injeção direta de combustível e circuito de arrefecimento separado entre bloco e cabeçote – para atingir números que desafiam o senso comum. Enquanto a potência é equivalente a de motores 1.6 (128 cv com etanol a 5.500 rpm), seu torque rivaliza com motores de deslocamento volumétrico ainda maior: 20,4 kgfm logo às 2.000 rpm. Igual ou maior que em motores 2.0.
Com toda essa força disponível em baixas rotações, o novato da Volkswagen se torna muito mais ágil em arrancadas e ultrapassagens que seus concorrentes diretos. Isso sem falar no comportamento dinâmico surpreendente em se tratando de um carro “altinho”, sem rolagem de carroceria excessiva nem direção imprecisa. Mesmo mais pesado e menos aerodinâmico do que Polo e Virtus 200 TSI, o SUV derivado da plataforma MQB-A0 não deve em nada aos irmãos em prazer ao dirigir, principalmente na cidade.
Em nosso teste instrumentado de pista, o desempenho do T-Cross Comfortline 200 TSI superou todos os SUVs automáticos do mercado com motor 1.6 ou 1.5 sem superalimentação. No modo de condução “Sport”, acelerou de zero a 100 km/h em 11s19 e cumpriu a prova de retomada mais longa, de 60 a 120 km/h, em 10s69.
Para que se tenha uma ideia, o Nissan Kicks (dono do melhor desempenho entre os SUVs compactos 1.6 aspirados e automáticos) foi 0s7 mais lento no zero a 100 km/h e perdeu por quase 2s na mesma retomada.
Na faixa dos SUVs compactos com trem de força semelhante, sem motor 2.0 ou turbinado, apenas o Honda HR-V 1.8 supera o T-Cross Comfortline em desempenho puro, e por uma margem irrisória. Entretanto, em consumo, o T-Cross 200 TSI é imbatível: rodando no modo “Eco” e abastecido com etanol, fez 8,3 km/l em percurso urbano e 11,8 km/l no rodoviário. Média PECO de 9,9 km/l. O Kicks, que também é o mais econômico entre os automáticos 1.6 de aspiração natural, não passa de 9,1 km/l de média com etanol.
Só que resultados tão bons têm preço…
Precificação polêmica
É regra nos testes de pista da Revista CARRO utilizar sempre quando disponíveis os modos de condução do veículo para extrair o máximo desempenho e/ou o melhor consumo. Porém, o seletor de modo de condução do VW T-Cross Comfortline é um opcional dentro do pacote “Exclusive & Interactive”, que custa R$ 3.950. Sem esse recurso, os números seriam ligeiramente menos brilhantes, mas ainda à frente dos demais nessa faixa de mercado.
O pacote ainda inclui multimídia “Discover Media” com Android Auto, Apple CarPlay e navegador; abertura das portas sem chave e partida do motor por botão, espelhos retrovisores externos com rebatimento elétrico e iluminação ambiente em LED.
A unidade que você vê nas fotos ainda tem outros equipamentos opcionais, como o teto solar panorâmico, espelho retrovisor interno eletrocrômico, sensores de chuva e crepuscular, bancos parcialmente em couro e acabamento diferente no painel.
Com tudo isso, e mais a pintura metálica, o preço do T-Cross Comfortline salta de R$ 99.990 para R$ 112.090, ultrapassando a versão Highline 250 TSI (R$ 109.990) e se aproximado até da versão mais barata do Jeep Compass (R$ 113.990). Isso para ficar apenas na prateleira dos SUVs.
É justo ressaltar, entretanto, que sua lista de equipamentos de série está alinhada com o melhor que a concorrência tem a oferecer, especialmente em segurança.
O T-Cross Comfortline traz seis airbags, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente para partida em aclives, bloqueio eletrônico do diferencial e sistema de frenagem automática pós-colisão. Aqui vale apontar o excelente desempenho do SUV em frenagem: apenas 35,13 metros para estancar vindo de 100 km/h.
O motorista conta também com câmera para manobras em marcha a ré, sensores de estacionamento dianteiros (artigo raro entre compactos), volante multifuncional com borboletas para mudança manual de marchas, controle de velocidade de cruzeiro e banco com ajuste lombar.
O porta-malas fica devendo: apenas 373 litros, com recurso de inclinação dos encostos do banco traseiro para chegar a 420 litros. Também falta um porte mais avantajado para aqueles que gostam de comprar carro por metro quadrado: com 4,19 metros de comprimento, o T-Cross só não é mais curto entre os SUVs do que o Ford EcoSport, que tem 4,09 m na versão sem estepe.
Porém, tal qual seu motor, quem julga por suas dimensões externas não vê o ótimo espaço interno, com espaço e ergonomia para quatro adultos – boa parte mérito do entre-eixos de 2,65 m, o mesmo do Virtus.
O Comfortline 200 TSI possui o pacote mais equilibrado na linha T-Cross, e sustenta o mesmo trunfo de desempenho e praticidade que poucos SUVs conseguem oferecer. Mas pelo preço, estará sujeito a critérios de julgamento no mercado que passam longe da lógica.
CONCLUSÃO
Quem determina se um SUV 1.0 turbo de R$ 99.990 é caro ou não é o consumidor, mas basta andar com o T-Cross Comfortline 200 TSI para saber pelo que a Volkswagen está cobrando. Ele não só é mais econômico e ágil que os SUVs compactos 1.6 sem turbo como também sua dirigibilidade é superior. O problema está na política de opcionais da VW, que encarece demais o valor final. Esta é a melhor versão do T-Cross, levando em conta equipamentos de série e trem de força. Mas pode não ser a melhor opção para o seu bolso.
Agora mais informado, obrigado aos responsáveis.
CARRO EXCELENTE, OTIMO ACABAMENTO, MUITO SUPERIOR AOS SUVs CONCORRENTES, VALE PELO PREÇO.
E um vetdadeiro SUV muito bonito, no confortline vem mesmo com teto solar, e o preço fica mesmo em $ 112.000,00? Eu possuo um Virtus higline