O Japão não costuma nos deixar totalmente felizes quando o tema é superesportivos. Afinal, embora a terra do sol nascente seja pródiga em produzir modelos que nos deixam enlouquecidos e ansiosos (não necessariamente nesse ordem), nem sempre essas supermáquinas de sonho chegam a outros mercados além do arquipélago.

A tão aguardada segunda geração do Honda NSX, felizmente, está chegando à Europa. A sigla significa New Sportscar Experience (Nova Experiência de Carro Esportivo, numa tradução livre), como se a expectativa do primeiro superesportivo desde o NSX dos anos 1990 ou do Nissan GT-R não fosse alta o suficiente. Sem falar na expectativa de alguma inovação tecnológica futurista, como um sistema de direção nas quatro rodas ou em um quadro de instrumentos de videogame.

Visual intimidador do novo cupê já é marca registrada dele

Pois a surpresa já surge no conjunto propulsor: o cupê conta com quatro motores. Isso mesmo, você não leu errado. O novo NSX conta com um motor a combustão e três elétricos. Ou seja, é um superesportivo híbrido, na linha do BMW i8. Aliás, ambos são bastante similares em suas propostas. Projetam o futuro e como os carros poderão ser. E mostram que os automóveis do amanhã não terão de ser, necessariamente, enfadonhos.

QUATRO EM UM
A potência combinada dos quatro motores é de 581 cv e o torque, 65,9 mkgf. À primeira vista, pode não parecer tão impressionante, já que existem modelos com motores cuja potência supera os 600 cv. A impressão é de que os projetistas desenvolveram um superesportivo mais voltado para a utilização diária – muito mais que o primeiro Audi R8, por exemplo, que podia ser definido como um Lamborghini Gallardo “domesticado”.

Quadro de instrumentos confuso exige adaptação

O Honda possui bancos muito confortáveis. Esportivos, eles garantem o apoio adequado ao corpo, mesmo não sendo completamente estofados. O único senão está relacionado à ausência de regulagem de altura do assento. Para os mais baixos, obviamente, não há problema, mas quem mede cerca de 1,80 m pode enfrentar alguma dificuldade na hora de se acomodar, principalmente se o motorista estiver utilizando capacete (como foi o nosso caso no teste. Com 1.767 kg de peso em ordem de marcha, o novo Honda NSX não parece ser atraído para a pista, embora exista esse modo de condução.

Honda usou intensivamente o plástico reforçado com fibra de carbono

Confirmando a impressão, o cupê de dois lugares fica muito à vontade na cidade, o que surpreende, devido às suas dimensões. Além disso, o carro consegue ser extremamente silencioso, o que é um feito e tanto para um superesportivo. Mas apenas ao rodar no modo 100% elétrico, é bom observar. Só que, mesmo quando o V6 biturbo desperta, não se ouve nenhum “estrondo” vindo dos escapamentos, revelando um lado mais confortável que o i8, mais bruto.

Aerodinâmica caprichada na traseira do cupê

Outro aspecto positivo é que, apesar do turbo, o NSX não apresenta nenhum atraso (turbolag) no seu funcionamento. E mais: graças aos três motores elétricos, as respostas do conjunto propulsor ao acelerador são praticamente instantâneas.

O conjunto óptico é composto por LEDs

Na pista de testes, isso se traduziu na aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 3s4 e de 0 a 200 km/h em 11s9. São marcas muito boas, mas é preciso observar que o veículo testado estava equipado com pneus esportivos extremamente aderentes (Pirelli P Zero Trofeo R), o que certamente influenciou nos resultados. 

Os bancos são confortáveis, mas não têm ajuste de altura

O NOVO RECORDISTA
Na estrada, o comportamento do NSX é exemplar. Se você tiver a felicidade de conduzi-lo em uma via sinuosa, então, melhor ainda. Essa dirigibilidade elogiável se deve a três fatores: a perfeita conexão entre os quatro motores, o sistema de vetorização de torque nas rodas dianteiras e a excelente distribuição de potência entre as quatro rodas, permitindo ao carro permanecer “grudado” ao piso, mesmo nas curvas mais fechadas. Em nosso teste, mesmo descontando o fato de o carro utilizar pneus “semislicks” opcionais, a tração mostrou-se excelente.

Por dentro, o acabamento da cabine é esmerado

O novo NSX vai enfrentar concorrentes de peso, como Porsche 911 Turbo S e Ferrari 488 GTB, mas no circuito de testes que utilizamos, na cidade de Boxberg, o cupê da Honda obteve o melhor resultado até o momento, completando o percurso em 44s1. Até então, o recordista era o BMW M4 GTS, com 45s cravados. Trata-se da prova incontestável de sua grande capacidade de manobra e agilidade.

As saídas de ar compõem o visual futurista e agressivo do NSX

Até a chegada desse novo NSX, estávamos acostumados a associar o prefixo “super” a esportivos com desempenho e comportamento dinâmico exemplares, especialmente em velocidades mais elevadas. A Honda, porém, decidiu investir em sistemas de propulsão alternativos e na compatibilidade ambiental com a hibridização. 

DADOS DE FÁBRICA HONDA NSX
Motor V6 turbo, central, gasolina
Cilindrada 3.493 cm³
Potência 507 cv
Torque 56,1 kgfm
Câmbio Robotizado, dupla embreage de 9 marchas
Tração Integral
Motores elétricos 145 cv
Disposição Dois dianteiros/um traseiro
Potência combinada 581 cv
Aceleração 3s4
Velocidade máxima 308 km/h

O resultado é um consumo médio de 9,4 km/litro, mas que pode chegar a 11,8 km/litro utilizando-se o modo de condução econômico, o que pode ser considerado muito bom, levando-se em conta o desempenho que ele oferece. Isso diz muito sobre o caráter do NSX: em vez de deslumbrante, ele prefere ser mais prático.

Share This