Carro que fez sucesso em seriado ‘Os Gatões’ desembarcou no Brasil e surpreende pelo alto grau de fidelidade aos originais
Quem teve a oportunidade de viver no fim da década de 70 e início dos anos 80 assistiu a uma das séries de TV mais apaixonantes para quem gosta de carros, a The Dukes of Hazzard (Os Gatões), exibida de 1979 a 1985.
A história toda fluía em torno do invencível Dodge Charger 1969, denominado “General Lee”. Os “Duke boys” Bo e Luke eram primos em liberdade condicional, sem autorização para portar armas de fogo, razão pela qual utilizavam arco e flecha apenas em suas incursões pelo condado de Hazzard e que viviam se safando das ilegalidades do Chefe Hogg, que tentava sempre imputar-lhes a culpa por seus crimes.
O Dojão americano era invencível. Tinha portas soldadas, santantônio interno, quebra-mato dianteiro, bandeira dos confederados no teto (uma variante retangular da bandeira de batalha quadrada do Exército Lee de Virgínia do Norte) e o “01” na porta. Com tudo isso, ele era capaz de vencer grandes perseguições policiais, fazia acrobacias e incríveis (e impossíveis) saltos.
O nome do carro era uma referência ao general da Guerra Civil Americana, Robert E. Lee (a princípio, pensaram em batizar o carro como “Traveler”, que era o nome do Cavalo do próprio Robert E. Lee) e o “01” na porta também tinha um significado especial: (0) = porque “nós começamos com nada”, e (1) = porque “nós estamos no caminho”. Acrescenta-se a lista a buzina de doze notas que reproduz a música “Dixie” que, durante a Guerra Civil Americana foi adotada como um hino do exército confederado.
Raridade até nos EUA
O Charger não foi a primeira opção para a gravação do seriado. A primeira opção era um Pontiac Firebird, mas o carro já tinha sua imagem ligada ao fi lme “Smokey and Bandit” de 1977. A segunda opção era o Mustang, que também foi descartado.
Durante o período em que a série e os dois filmes foram gravados, foram utilizados 309 exemplares, sendo 221 deles totalmente destruídos. Dos 88 restantes, apenas 23 se tem histórico e servem como veículos de exposição e tem um valor agregado extremamente alto.
Chegada ao Brasil
Como falamos, o seriado despertou paixão em milhares de fãs ao redor do mundo e um em especial, o engenheiro civil Antônio Celso da Costa Paiva, é um dos poucos a ter um General Lee na garagem (só existem mais 2 deles no Brasil). “Certo dia, no ano de 2008, li uma reportagem sobre importação de carros antigos para o Brasil e fiquei sabendo sobre a chegada do primeiro General Lee ao país. Percebi que a importação era acessível na época e isso me despertou a vontade de trazer uma unidade para o Brasil”.
A partir de então, a pesquisa foi incessante. “Busquei capacitar-me sobre este modelo e sobre o mercado norte-americano de leilões. Tive a ajuda de um especialista e, após 4 meses de procura e tentativas, identifiquei esta unidade que tinha passado por um ótimo processo de restauração e caracterização como General Lee. Fiquei totalmente focado nisso e arrematei esta unidade em uma disputa com outros 21 participantes (apostadores) em agosto de 2013. Trouxe ele e mais um grande lote de peças para terminar sua restauração”, explicou.
Mais do que exclusivo
Se as fotos já surpreendem, ver o carro de perto é uma ‘experiência cinematográfica’. O nível de conservação do modelo surpreende. “O meu general Lee é um exemplar muito fi el ao utilizado nos seriados, com destaque para o rádio PX Cobra, tapeçaria, rodas, antenas, santantônio e buzina Dixie a ar com 12 notas neste estado de caracterização é raro até nos EUA”, explica Antônio. O General Lee de Antônio tem detalhes únicos. “Os principais destaques do meu exemplar são os autógrafos dos atores Bo Duke (John Schneider) e Luke Duke (Tom Wopat) e, principalmente, as lanternas traseiras são originais e autenticadas pela Warner Bros, com uma plaqueta dourada que confirmam que foram utilizadas em alguns episódios da série”.
A unidade possui o motor Magnun 440 (7,2L de 375 cv), caixa automática Torquefl ite 727 de três marchas e carburador Quadrijet Holley 750 cfm. Segundo Antônio, o consumo urbano de gasolina é estimado de 2,3 km/l e o tanque de combustível tem meros 72 litros. Fecha a fi cha técnica do raríssimo modelo as rodas Carroll Shelby 15 polegadas calçadas com pneus BF Goodrich Radial T/A 235/60 na dianteira e 245/60, na traseira.