Isabel Reis avalia Volkswagen Touareg no dia a dia

Para mim, os automóveis se dividem em dois tipos: aqueles que transportam você de um lado para outro e aqueles que são pura diversão! Desde que dirigi um Touareg pela primeira vez, há mais de dez anos, já fiquei impressionada com a tecnologia do modelo. Naquela época, ainda não havia a febre dos SUVs e tudo era novidade nesse carrão.

Lembro que o editor de testes me entregou o carro ligado, com o motor funcionando. Entrei e sai rodando. Em menos de cinco minutos, o editor me chama no celular. Parei para atender: 

– Bel, onde você está? 
– Aqui na marginal do Pinheiros, voltando para casa, respondi.
– Por favor, não desligue o carro, porque a chave ficou aqui comigo, na editora. Se desligar, o motor não vai pegar!

Como assim, dirigir sem chave? Pois é, a primeira partida sem chave a gente nunca esquece! Ainda era o início desse sistema, muito comum hoje em dia.

O tempo passou e dirigi vários Touareg nos anos seguintes. Desta vez, ficaria com o todo poderoso V8 4×4, com motor 4.2 de 360 cv de potência (a 6.800 rpm). Seu câmbio é automático, de oito marchas. Preocupou-me um pouco rodar com um patrimônio de R$ 376.390, a versão mais equipada possível. Mas, como diz um amigo, não dá para ser pobre até para sonhar! Seria a sua dona, ainda que por poucos dias!

O fato é que na quinta à tarde o Touareg já chegava na garagem da editora. Agora, antes de sair, chequei se a chave estava por perto. O carro é muito grande, mas com tantos acertos de altura de banco, de regulagem das costas e de profundidade do volante, achei facilmente a posição ideal para a minha pequena estatura. 

RODANDO NA CIDADE
Fui até o mercado comprar uns queijos e vinhos para ajudar a me aquecer neste inverno paulistano. Engana-se quem acha difícil manobrar o enorme Touareg: ele é muito simples de estacionar. Primeiramente as câmeras exibem tudo o que acontece ao seu redor. Impossível não saber se você está perigosamente próximo da coluna do estacionamento ou do veículo ao lado. O Touareg começa a acender luzes por toda a parte! Essa é a tecnologia “VW Area View”, que dá uma visão de 360 graus em torno do veículo!

Por sinal, no uso urbano, tive até que desligar os sensores de proximidade. No caos nosso de cada dia do trânsito de São Paulo, com motos, bicicletas, carroças, caminhões, ônibus e pedestres, o Touareg mais parecia uma árvore de natal, com tantas luzes indicativas acendendo todo o tempo. 

EM ESTRADAS DE PRIMEIRO MUNDO
Chegou sexta-feira – graças a Deus –, um dia antes da tradicional festa caipira de Gonçalves, linda cidade no sul de Minas Gerais. Ela fica alinhada com a badalada Campos do Jordão, na mesma altitude e clima. Só que Gonçalves parece ser uma Campos de 50 anos atrás, com pequenos restaurantes, famílias nativas e uma vida bucólica, entre maravilhosas montanhas.

Aproveitei para sentir o Touareg na estrada, seguindo pela rodovia Ayrton Senna, que depois vira Carvalho Pinto, ainda em São Paulo. Aí, meu amigo, é que começou mesmo a diversão! 

Isabel Reis viajou até Gonçalves (MG) para avaliar o VW Touareg

Deixei o comando em Sport, com a suspensão bem baixa. Coloquei o controle de consumo no momentâneo, que mostra o “prejuízo” em tempo real. Pisando fundo no pedal, senti a sua rápida aceleração (a VW diz que ele acelera de 0 a 100 km/h em 6s5). Sabe de quanto foi o consumo só nessa pisada? Chegou a 1 km/litro de gasolina! Achei melhor ir com calma, para chegar em Gonçalves sem necessidade de abastecer novamente o tanque, com capacidade para 100 litros.

Nesse caso, nada melhor que deixar o Touareg me levar! Já tive oportunidade de dirigir carros autônomos no exterior, que dirigem por você. Posso dizer que este Touareg era quase autônomo, com os seus inúmeros sensores. Havia checado na ficha técnica e fiquei impressionada com a tecnologia só dos freios: “Programa eletrônico de estabilização com sistema de auxílio à direção (ESC), incluindo ABS + EBD com assistência de freio (BAS), ASR, EDS e MSR. Entendeu? Nem eu! 

O fato é que, na prática, para ter o máximo de conforto e segurança, é preciso acionar o ACC (Adaptive Cruise Control), um controlador automático de velocidade e distância. Determinei em qual velocidade queria ir (boa parte do percurso foi em 120 km/h). Depois, acionei qual distância que queria para o freio entrar em ação, automaticamente, sem a minha interferência. Inicialmente, é preciso ter fé de que o carro vai parar e vai acelerar sozinho, afastando-se e aproximando-se dos carros da frente! Ganhando a confiança, passa a ser uma tranquilidade viajar com o Touareg. 

Em outro trecho, regulando a velocidade para 110 km/h, foi possível alcançar um consumo de 10 km/litro. Está vendo como um carro pode ser muito mais inteligente do que o ser humano? Por minha conta, não consegui nada melhor do que 8,5 km/litro.

O Touareg se saiu muito bem nas montanhas mineiras

Mas é preciso prestar atenção para não se distrair demais, quando está tudo no automático. É muito fácil dar asas aos pensamentos! Certo momento, isso aconteceu. Ao virar a cabeça de lado, observando a paisagem de um pôr de sol inspirador, já no trecho de serra de Minas Gerais, o carro à frente reduziu a velocidade. Não é que o Touareg percebeu e apitou, avisando para olhar adiante? 

Não senti nenhum cansaço após a viagem de três horas de duração. Só que o Touareg deve ter achado que sim: em determinado momento, surgiu o desenho de uma xícara de café no painel, sugerindo que eu parasse para recuperar a energia. O máximo! 

A HORA DA VERDADE, NA TERRA
Finalmente é sábado! Estou hospedada na casa de uns amigos no topo da montanha mais alta da região. Acordei observando a grama e as árvores molhadas de orvalho. Hora de fazer o teste off road. Primeira providência: subir a suspensão, que aumenta até 300 mm em percursos fora de estrada. Se você esquecer ela levantada e pegar uma estrada, a carroceria é rebaixada automaticamente pela suspensão pneumática.

O Touareg tem como equipamento de série um sistema de tração integral 4MOTION com diferencial autobloqueante, além de um programa de direção off road, operado por um botão rotativo de dois estágios. Esse botão configura todo o carro para o “barro”, incluindo freios, assistente de partida em subidas e os pontos de trocas de marchas do câmbio automático.

Ou seja, diversão com segurança na terra. Descemos a montanha por uma trilha com um declive muito acentuado. Como o Touareg tem o sistema que segura o carro em despenhadeiros, foi só tirar o pé do pedal do freio e ter fé de que não iríamos despencar ladeira abaixo. Novamente, ele foi bem mais inteligente e prudente do que eu, nos levando com toda a segurança. 

RESUMO DA HISTÓRIA
Fui a dona de um Touareg V8 durante uma semana. Posso dizer que esse é um modelo multiuso, pronto a atender o motorista em qualquer situação. Está certo que o motorzão consome muito. Mas quem tem quase R$ 400 mil para pagar por um carro, não deve estar muito preocupado com o consumo, certo? 

Tenho apenas uma observação contra o Touareg: ter que devolvê-lo para a Volkswagen! O que consola é que virão outros momentos de inspiração, com os vários modelos que eu dirijo no meu dia a dia. 

Me acompanhe também no Facebook (Revista CARRO) e no Instagram (Bel e os carros).  

Share This