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Você vem acompanhando nesta semana a extensa cobertura do CARRO ONLINE sobre o lançamento da inédita picape Toro da Fiat. Por aqui você já ficou sabendo os preços de todas as versões da novidade, bem como nossas avaliações sobre a configuração mais cara, a Volcano, equipada com motor a diesel e câmbio automático de nove velocidades, e a versão Freedom, com motor 1.8 flex e câmbio automático de seis marchas. Desta vez, trazemos a você as expectativas de mercado da fabricante para o modelo.

Fiat pretende vender 50.000 unidades da Toro por ano

A Fiat está confiante no Brasil. A conclusão não resulta tanto a partir do discurso politicamente correto do “precisamos acreditar no Brasil”, proferido pelo novo presidente da marca por aqui, Stefan Ketter, mas sim pelas ações que o Grupo FCA (Fiat-Chrysler Automobiles) está promovendo no país. Com uma das fábricas “mais modernas do mundo – certamente a mais moderna da FCA”, segundo o próprio Ketter, instalada em Pernambuco, o conglomerado terá realizado três grandes lançamentos em menos de 12 meses: o primeiro foi o SUV compacto Jeep Renegade, líder no segmento este ano, com 7.031 unidades vendidas até agora; o segundo é o da Toro, carro que custou mais de R$ 1 bilhão (o mais caro já feito pela Fiat no Brasil); e o terceiro será o inédito compacto X1H

De acordo com a filosofia do presidente, “a empresa não pode parar de investir” para estar “preparada para a reativação do mercado”, fenômeno que preferiu não especular quando irá ocorrer. E a orientação de Ketter está sendo seguida à risca. Com algumas centenas de convidados, o evento de lançamento da Toro foi grandioso. Tão grande que a participação da imprensa especializada foi obliterada pela presença de ilustres convidados, como atores globais (da estirpe de Bruno Gagliasso, Fiorela Mattheis, etc.) e “influenciadores” do universo paralelo da internet no youtube, instagram e snapchat. 

Versões a diesel deverão corresponder a 65% do mix de vendas

Todos eles com a missão de bombar na rede a hashtag #fiattoro por meio dos milhões de seguidores que os acompanham na internet. A estratégia de marketing ampla, mirando desde jovens à um público mais maduro, converge com a especulação de quem vai comprar a Toro. Pela explicação superficial do diretor de produto da FCA, Carlos Eugênio Dutra, a Toro não vai criar um segmento novo (embora eles queiram emplacar o termo “SUP”, ou Sport Utility Pick-up), mas sim atrair clientes de outros segmentos: basicamente todos aqueles dentro do escopo de R$ 75.000 a R$ 120.000. “Ainda não existe um público certo para a Toro. Talvez daqui seis meses eu saiba, mas hoje é um público muito variado mesmo”, devaneia Dutra. “Gente que gosta de sedãs, SUVs, que já têm picape, jovens, famílias, a Toro tem capacidade pra agradar todos esses públicos.”

Para apostar em 50.000 unidades vendidas por ano em um produto totalmente novo, a Fiat se espelha no sucesso surpreendente do Renegade. O problema é que no caso do Jeep já havia uma demanda consolidada (e ainda crescente) por SUVs compactos, enquanto que a Toro pretende criar uma nova aspiração nos consumidores. De qualquer maneira, o desafio será imenso. Se a Fiat Toro mira mais os clientes de picapes médias do que aqueles que preferem a Strada, os hipotéticos 50.000 emplacamentos da Toro dariam folga para a picape ser líder entre elas, já que ano passado a Chevrolet S10 emplacou 33.330 unidades. 

Toro Freedom 4x4 diesel parte de R$ 101.900

E falando em Strada, Dutra não está preocupado com uma possível canibalização entre a picapinha e a Toro. Aliás, para ele é certo que isso aconteça em alguma medida irrisória, uma vez que o preço de uma Strada Adventure cabine dupla pode ultrapassar os R$ 80.000 completa com os opcionais. Sua tranquilidade é facilmente justificada pela larga vantagem que a Strada tem perante seus rivais Volkswagen Saveiro e Chevrolet Montana. Mesmo num cenário absurdamente hipotético, de 50.000 Toro vendidas por ano, respeitando o possível mix de vendas previsto pela Fiat (65% diesel e 35% flex), se os 17.500 consumidores de Toro flex viessem diretamente da parcela da Strada, à picapinha permaneceria uma diferença de mais de 24.000 unidades vendidas em relação à Saveiro (considerando os números de vendas de 2015 da Fenabrave). 

Ainda sobre o mix de vendas da Toro, a aposta em modelos a diesel evidencia a missão da picape de torná-los mais acessíveis. Tabelado a R$ 93.900, a Toro é o modelo a diesel mais barato do país, o que, de acordo com Dutra, é a principal razão para acreditar na popularização desta versão no mercado. “O que restringe o diesel no Brasil é o preço do carro e o fato de ser picape ou um carro muito grande”, explica. Com a chegada daToro – uma picape com dimensões menores, mais versátil – o diesel pode deixar de ser uma opção exclusiva a quem passa a maior parte do tempo na estrada e necessita de mais capacidade de carga, para se tornar uma alternativa econômica e mais agradável de dirigir (por conta do notável desempenho melhor) a um público mais variado. Resta saber em quanto tempo o investimento a mais será amortizado pela economia no posto de combustível. 

Versão vem com o mesmo nível de equipamentos que a Freedom Flex

Caso o mercado interno não absorva a Toro conforme espera a Fiat, existe um plano B: exportação. De acordo com Dutra, a Toro será vendida em toda a América Latina (com exceção do México) até o final deste ano. A partir de 2017, FCA já está de olho na América do Norte e Europa, onde, sempre segundo o diretor de produto, já há um certo interesse, embora Ketter tenha sido bem mais cauteloso ao se referir ao assunto: “não tem nada de concreto em em relação à Europa, ainda é uma distante possibilidade”. 

Se o slogan “infinitas possibilidades” parece adequado às qualidades da Toro, também serve para indicar o futuro mercadológico do modelo. Em meio a tanta especulação, apenas o tempo dirá se o mercado brasileiro vai aderir à um novo tipo de picape, sobretudo numa época em que a confiança do consumidor está abalada para endividamento e os SUVs compactos ainda demonstram ter bastante fôlego para suprir as necessidades dos compradores. 

Conforto da cabine é um dos destaques da Toro

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