A Volvo lançou nesta quarta-feira (19) a nova versão do hatch Premium V40. O V40 Cross Country traz o apelo off-road ao modelo e começa a ser vendido em abril, por R$ 141.500. 

O espírito aventureiro do Cross Country já é notado nas diferenças estéticas que a versão traz por fora. O pára-choque frontal recebeu novo formato e agora é revestido com uma placa de plástico na cor chumbo para dar mais robustez à frente do carro. Os LEDs foram posicionados nas extremidades da peça em formato vertical.  A grade também tem novo desenho hexagonal. Outra mudança ficou por conta do alongamento dos faróis. 

Nas laterais, os retrovisores são pintados na cor preta e as soleiras da porta receberam spoilers que servem como proteção para cascalho, por exemplo, para reforçar a versatilidade do modelo. As rodas são aro 18’’, com desenho exclusivo, na cor grafite. Na traseira, o pára-choque segue o mesmo padrão do frontal, incorporando as duas saídas de escapamento. Para completar o visual fora-da-estrada, o Cross Country conta com um rack de teto de alumínio.

Por dentro a novidade traz a mesma sobriedade refinada do V40, com bom acabamento, peças bem encaixadas e agradáveis ao toque. O único diferencial é o desenho dos bancos, em formato de “x” quando coloridos em dois tons diferentes (são oito combinações de cores para eles).

DNA CROSS

Não é só no aspecto estético que o V40 Cross Country demarca seu ímpeto aventureiro. A versão também traz de série algumas inovações para justificar seu estilo. A começar pela suspensão elevada em 40 mm em relação ao modelo convencional. Mesmo assim, o perfil baixo do carro, que raspa facilmente a frente em saídas de ré em rampas, manteve-se. E durante o teste, o comportamento da suspensão não foi tão convidativo às incursões em terrenos mais castigados. Mesmo no asfalto irregular da cidade é comum sentir batidas secas do amortecedor no assoalho do veículo. A impressão é a de que o curso do equipamento é curto demais, o que o torna muito rígido para enfrentar buracos (prejudicando um pouco o conforto). 

O principal atributo, no entanto, fica por conta da tração integral. Com o mesmo sistema que equipa o carro-chefe da marca no Brasil, o SUV XC60, o V40 Cross Country dispõe de um sistema eletrônico de distribuição de torque para as quatro rodas (Instant Traction). O programa define a potência para cada eixo conforme a necessidade do motorista, sem haver, portanto, nenhum mecanismo de seleção de comportamento da tração. 

Na cidade, a atuação da central da tração AWD mantém o veículo sob a característica urbana, direcionando maior torque para as rodas da frente.  É quase imperceptível a influência do sistema neste cenário. O que é alterado quando o veículo enfrenta situações de derrapagem, por exemplo, em pistas molhadas, quando o Instant Traction deve analisar qual roda precisa de maior aderência. 

O Cross Country ainda conta com o sistema Hill Descent Control, que controla eletronicamente a velocidade do carro em descidas, por meio de controles no volante após a ativação do comando no botão localizado no console central.

MOTOR NÃO EMPOLGA

O novo V40 traz sob o capô o mesmo motor 2.0 T5 de 210 cv, a 6.000 rpm, e 30,6 mkgf de torque, a partir das 2.700 rpm, que equipa a versão esportiva R-Design. Na pista, ele cumpriu a prova de 0 a 100 km/h em 8s69. Pouco para quem está posicionado para enfrentar os crossovers BMW X1 (2.0 de 184 cv e 27,5 mkgf) e Audi Q3 (2.0 de 170 cv e 28,5 mkgf), devido à equiparação dos preços. Os concorrentes cumprem o mesmo teste em 7s74 e 7s8, respectivamente. 

O câmbio que trabalha com o T5 possui seis velocidades (enquanto que o X1 é equipado com um de oito e o Q3 com um de sete), mas o motor rodaria melhor na cidade se houvesse mais uma ou duas marchas para se ajustar melhor à vida urbana. Normalmente, engatado em Drive, o motor procura se manter entre as 1.500 rpm e 2.000 rpm. Ele cumpre bem essa função em condições fluídas de trafego. Mas ao encarar aclives ou trânsito moderado (quando, ao invés de ficar somente nas primeira e segunda marchas, é possível engatar a terceira também), a central eletrônica da transmissão estica desnecessariamente a segunda marcha até aproximadamente as 3.500 rpm, para fazer duas trocas logo em seguida, até a quarta marcha, procurando voltar o giro ao padrão “normal”. Esse comportamento inadequado, além de comprometer um melhor aproveitamento do torque (já disponível ao máximo nas 2.700 rpm), prejudica o consumo de combustível. 

As medições de consumo do Cross Country, inclusive, deixam-no ainda mais distante de seus novos concorrentes. Enquanto ele roda 6,4 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada, o X1 percorre 8,3 km/l e 14 km/l e o Q3 8,6 km/l e 13,3 km/l. Tais médias do Volvo foram auferidas mesmo com a função Start-Stop presente no veículo, que desliga o motor quando o carro para em semáforos ou trânsito pesado, para economizar combustível. 

Mesmo engatado no modo Sport, o V40 progride de forma menos empolgante. A transmissão impulsiona o carro até o corte da potência no kickdown, mas o motorista não encosta no banco com a voracidade que um motor de 210 cv pressupõe. Ao rodar nesta condição, o pedal do acelerador fica mais sensível e não há uma constância no giro do motor (fazendo o motorista em altas rotações se quiser que a central automática troque de marcha). 

RECHEADO DE SÉRIE

Para garantir seu espaço no mercado, o V40 Cross Country, assim como os outros modelos da marca, traz uma extensa lista de itens de série. Segundo a fabricante, são mais de cem itens incluídos nos R$ 141.500. Dentre eles, estão: sete airbags (incluindo um para o joelho do motorista); controles de estabilidade e tração; ar-condicionado digital de duas zonas com sistema de qualidade de ar (que recicla o ar de dentro do habitáculo quando identifica a presença de impurezas, por meio de um filtro de carvão); retrovisores rebatíveis; sensores de chuva, crepuscular e de ré; central multimídia; e piloto automático. 

De série, ele ainda traz o sistema City Safety (que freia o carro em situações de risco a menos de 50 km/h, quando não há reação em tempo do condutor); teto panorâmico; luz de LED interior com cor personalizável; painel digital personalizável (modos Eco, Performance e Elegance); faróis de xenônio direcionáveis; e o sistema Volvo On Call (que permite realizar funções remotas no carro, como travar portas e imobilizar o carro em caso de furto ou roubo, além de localizar o veículo, requisitar assistência 24h e conectar o carro a um aplicativo no smartphone). 

Mesmo generoso assim, para equipar a novidade com GPS integrado, câmera de ré, Park Assist (que estaciona o carro sozinho) e leitor de DVD, o interessado deverá adicionar mais R$ 10.000 pelo pacote High Tech. Já o que há de mais avançado em segurança, característica marcante da Volvo, o preço é de R$ 15.000 para o pacote Safety, que traz: airbag para pedestre, detector de pedestres e ciclistas, sensor de pontos cegos (BLIS), piloto automático adaptativo (que regula a distância que o motorista quer permanecer em relação ao veículo da frente), alerta de tráfego lateral, sistema de leitura de placas de sinalização, aviso de mudança de faixa involuntária e sistema de alerta ao condutor. 

Podendo atingir os R$ 166.500 quando completo, o Volvo V40 Cross Country terá uma missão difícil para encarar os crossovers. Hatch por natureza, as cifras desta nova versão não são convidativas. Mesmo já bem completo de série, o conjunto motor e câmbio o torna um pouco menos atraente frente aos adversários BMW X1 e Audi Q3 (que, concorrendo em suas versões intermediárias, equiparadas aos R$ 141.500 iniciais do Cross Country, também trazem boa lista de equipamentos de série).

De acordo com a Volvo, a pretensão é a de vender 200 unidades por ano do V40 Cross Country, enquanto que o convencional fecharia na casa das 400 unidades (ano passado, a Volvo vendeu 420 unidades do V40).  

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