No mundo automotivo, existem fabricantes que são conhecidas por sua agilidade em lançar novidades e a se adaptar a novas situações e outras que têm fama de parecerem paquidermes: gigantescas, demoram uma etenidade para mudar de rumo, mas quando o fazem, afetam tudo e todos que as cercam.
É até desnecessário dizer, mas a Toyota se enquadra na segunda definição. Afinal, a filial brasileira da atual maior fabricante de automóveis do planeta lançou apenas no início de março a nova geração do Corolla, mais de um ano após o modelo ter sido apresentado no exterior.
“Antes tarde do que nunca” podem dizer os mais conformados, e essa é uma verdade parcial. Afinal, graças à velocidade com que as notícias correm pelo mundo pela internet, a maioria dos consumidores brasileiros sabia que a 11ª geração já havia sido lançada lá fora e que era questão de tempo para o modelo chegar por aqui. Assim, para evitar ter carros “encalhados” nas lojas, a fabricante começou a promover descontos para a geração anterior do Corolla desde o ano passado. E a tática deu resultado. Mesmo no fim da vida, o sedã antigo foi o vice-líder do segmento em 2013, atrás apenas do eterno rival Honda Civic.
A partir de agora, porém, a Toyota quer iniciar uma nova era na história do seu best-seller no país. O termo “campeão de vendas”, aliás, foi repetido à exaustão durante a apresentação do novo carro, pelos executivos da Toyota. Ou seja, é para ninguém ter dúvida: a marca quer retomar a liderança perdida entre os sedãs médios mais vendidos no Brasil. A questão que fica é: o novo Corolla tem cacife para isso?
Para responder essa questão, vamos começar a descrever os principais aspectos nos quais o novo Corolla foi modernizado e que são claramente percebidos pelo consumidor, começando, claro, pela carroceria.
Não se pode negar que o sedã, agora exibe um aspecto bem mais moderno, com a parte frontal totalmente redesenhada, na qual se destacam o conjunto óptico e a grade cromada — que alguns veem similar à do Etios. De acordo com a Toyota, o estilo segue um padrão em que a dianteira está posionada mais próxima do solo, a fim de proporcionar não só maior eficiência aerodinâmica, como proteção aos pedestres.
Lateralmente, as maçanetas têm novo desenho, assim como os retrovisores (com luzes indicadoras de direção integradas) e as rodas de liga leve aro 16”. Estas, porém, parecem pequenas no carro e não harmonizam com o restante do conjunto.
Atrás, as bonitas lanternas têm LEDs, e a traseira elevada confere modernidade e imponência ao sedã. A saída de escapamento voltada para baixo permite ocultá-la, garantindo mais elegância ao visual.
Por dentro, o novo Corolla também passou por uma reformulação geral, como se pode conferir ao primeiro olhar. Quase tudo é novo, e o painel é o primeiro item que chama a atenção. Mas não por sua beleza, e sim por conta de seu formato diferenciado. Em vez de estar voltado para o motorista, como é comum ver em diversos veículos, o do novo Toyota é quase todo reto e parece um tipo de balcão encaixado no carro. Para se ter ideia, os painéis das portas nem se encaixam com a peça principal.
Outro aspecto que causa estranheza é a quantidade de texturas diferentes utilizada no interior do sedã. Couro, plástico liso, apliques imitando fibra de carbono e metal, plástico tipo black piano… A qualidade do acabamento, ao menos, é primorosa.
Por falar em acabamento, o novo Corolla segue disponível em três versões, como a geração antiga: GLi, XEi e Altis. De acordo com a fabricante, a primeira deverá responder por apenas 10% das vendas do modelo, enquanto a Altis, topo de linha, terá 20%. Assim, a intermediária XEi é que será a responsável pelo maior número de Corolla comercializados no país.Vale lembrar que a meta da Toyota é atingir 60.000 unidades do modelo por ano, o que corresponde ao número obtido pelo líder Civic em 2013.
É hora, então, de falar sobre aquilo que mudou no carro e que você não vê. Começando pelo antigo calcanhar de aquiles do modelo, o câmbio automático. A antiquada caixa de 4 marchas deu lugar a uma totalmente nova, mas do tipo CVT continuamente variável com 7 marchas virtuais, cujo funcionamento é bem superior e que “casa” muito melhor com o motor.
Os propulsores, aliás, continuam os mesmos 1.8 e 2.0 flex, mas o primeiro é restrito à versão GLi (que também pode contar com o 2.0, opcionalmente). A novidade fica por conta do novo sistema de partida a frio, que dispensa o uso de gasolina.
Outro item que não mudou foi a suspensão traseira com eixo de torção. Não que ela seja ruim, pelo contrário, o carro segue exibindo comportamento e conforto exemplares. Mas um conjunto multibraço poderia torná-lo ainda melhor. O mesmo raciocínio vale para o controle de estabilidade, importante aliado na segurança ativa que segue ausente na lista de equipamentos do Corolla.
Voltando ao conjunto motriz, uma novidade importante diz respeito ao desempenho e à economia de combustível. De acordo com a Toyota, o novo Corolla obteve nota A no Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, um feito e tanto. E o melhor é que, apesar disso, o sedã também exibe desempenho melhor. Para se ter ideia, a versão 2.0 com câmbio CVT (batizado pela empresa de Multi Drive) consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 9s6, uma marca invejável para um três-volumes sem qualquer pretensão esportiva.
Pelo que se pode concluir, a Toyota pretende, com o novo Corolla, não só seguir agradando o seu público fiel, mas também atrair novos (e jovens) consumidores. O desempenho melhor, o visual mais ousado, detalhes como a imitação de fibra de carbono no painel e as borboletas no volante para trocas de marcha (de série) são equipamentos claramente voltados para agradar aos jovens. Resta saber se eles estarão dispostos a desembolsar R$ 79 990 pelo novo Corolla XEi, a versão com a qual a Toyota quer voltar a ser líder.
Toyota Corolla XEi
Motor 4 cilindros, flex, dianteiro, transversal; Cilindrada 1.986 cm³; Potência 154 cv a 5.800 rpm (E); Torque 20,3 mkgf a 4.800 rpm (E); Câmbio continuamente variável, 7 marchas; Tração dianteira; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Comprimento 4,62 m; Largura 1,77 m; Altura 1,47 m; Entre–eixos 2,70 m; Porta–malas 470 litros; Peso 1.695 kg.