No mundo automotivo é assim: quando um dos modelos mais vendidos do segmento se mexe, não é de se estranhar que a concorrência faça alguma coisa, por menor que seja. Se estamos falando de um segmento disputado como é o dos sedãs médios, a coisa fica mais séria ainda. Depois da renovação do Toyota Corolla – e considerando que o Honda Civic deverá estrear um facelift em breve – a Hyundai não quer que o Elantra passe despercebido por quem busca um carro nessa categoria.
Com apenas 1.354 unidades vendidas de janeiro a abril (o líder Civic emplacou 18.168 no mesmo período), o representante da Hyundai tem qualidades, mas pena que lhe falte um preço melhor. Como ele parte de R$ 88.900, faltam opções na faixa de R$ 70.000 a R$ 80.000, não por acaso onde estão situadas as versões de maior procura entre os rivais diretos. A unidade testada, por exemplo, que conta com teto solar opcional, é tabelada em R$ 91.900.
Pelo menos não há do que reclamar de seu pacote de equipamentos, composto por central multimídia com câmera de ré, navegador e leitor de DVD, dentre outras funcionalidades, além de bancos de couro com acionamento elétrico (para o motorista), rodas de liga leve aro 16”, controles de estabilidade e tração e 6 airbags. Ele também se destaca pelo prazo de garantia, recém-ampliado pela marca para 6 anos durante a Copa, cobertura bem superior à dos concorrentes, porém escorrega na oferta de cores: ele está disponível somente nas tonalidades branca, preta e prata.
Com isso, a Hyundai deixa claro que sua estratégia é oferecer o Elantra em uma configuração que tende a ser a mais procurada por consumidores do segmento. Câmbio manual? Esqueça!
Na linha 2014 o sedã conta com 75 itens revistos, explica a Hyundai, porém o que mais se destaca são as mudanças estéticas na dianteira (para-choque, grade e faróis) e traseira (novo difusor). Um friso cromado também foi adicionado nas laterais, logo abaixo dos vidros.
Por dentro as novidades são bem mais sutis. As posições das saídas de ar, o apoio de braço dianteiro e os controles do console central foram retrabalhados, e quem optar pelo Elantra na cor branca leva o acabamento interno bege. Além disso, um novo material absorvente nos dutos do ar-condicionado (digital com duas zonas) e a cobertura do motor mais espessa e cobrindo uma área maior ajudam na redução do ruído percebido pelos passageiros. Aliás, eles contam com bom espaço interno, e o Elantra consegue acomodar 5 adultos sem muita dificuldade.
Apesar do eficiente 2.0 flex, com duplo comando de válvulas variável e 178 cv com etanol, não nos agradou as respostas lentas do câmbio. Talvez esteja aí parte do motivo pelo qual o Elantra ficou longe de surpreender na pista de testes, uma vez que suas acelerações e retomadas, em especial a de 60 a 120 km/h, ficaram longe de empolgar. O mesmo pode ser dito do consumo, em especial o urbano.
Fora isso, ele é justo no comportamento dinâmico, com proposta mais próxima à do Corolla (conforto) do que o Civic (um pouco mais esportivo). Sua direção com assistência elétrica é leve, o que é bom para o uso na cidade, e a suspensão mostrou-se bem calibrada. O acabamento agrada e segue o bom padrão encontrado nas versões mais caras do Toyota e do Honda. Com fama de marca premium no país, a Hyundai espera que as vendas do Elantra decolem. O problema é que, com rivais tão gabaritados, é preciso oferecer muito mais do que um bom conjunto.
Conclusão
Média técnica: 7,1
Média de mercado: 6,6
O Elantra é uma opção moderna de sedã médio. Oferece nível de acabamento, equipamentos, espaço interno e porta-malas similar ao de Honda Civic e Toyota Corolla, as referências da categoria. Na parte técnica, as únicas ressalvas ficam para o câmbio e direção: ambos poderiam oferecer respostas mais rápidas. Fora isso, o que prejudica mesmo o Elantra é o custo-benefício, em especial quando colocado ao lado do Civic EXR. Ele traz a mais as duas zonas para o sistema de ar-condicionado e airbags de cortina, mas cobra muito por isso. – César Tizo