A Honda apresentou a versão Sport do Civic aos jornalistas em novembro passado (revista CARRO #277) e, na época, observamos que a configuração com motor 2.0 e câmbio manual oferecia dirigibilidade ímpar. Agora tivemos a oportunidade de colocar o Civic Sport manual na pista para extrair seus números de desempenho, e o resultado apenas comprovou a impressão inicial.
A aceleração de 0 a 100 km/h, claro, é o que mais se destaca. Foram 8s95 para o modelo cumprir a prova. O resultado foi 1s10 mais rápido que o obtido pela versão EXL com câmbio CVT continuamente variável.
Com esse resultado, o Civic Sport pode ser colocado em um patamar acima dos sedãs com desempenho mais destacado, ao lado do Chevrolet Cruze com motor 1.4 turbo de 153 cv, que acelera de 0 a 100 km/h em 8s40, e do Citroën C4 Lounge 1.6 THP de 165 cv, que cumpre a prova em 8s69.
Voltando ao passado, veremos ainda que a aceleração do Civic Sport é próxima até da versão Si da oitava geração do modelo, com motor 2.0 de 192 cv (portanto, 37 cv a mais que os 155 cv atuais), que era capaz de atingir os 100 km/h em 8s40.
A desvantagem da caixa manual só é percebida nas retomadas, situação em que o câmbio CVT é muito mais eficiente. Nesse quesito, a diferença entre uma versão e outra do Civic atual pode chegar a mais de 4s, na retomada de 60 km/h a 120 km/h. Até poderiamos “forçar a barra” e dizer que o contra-ataque do manual vem do consumo, cuja diferença mínima de 0,1 km/l na média ponderada entre cidade e estrada faz o Civic ganhar 6 km de autonomia.
Mas o que faz esse Civic manual ser bem mais interessante que o CVT é a sensação ao volante. Localizada bem à mão e com uma manopla especialmente anatômica, a alavanca de engates curtos e precisos proporciona muito prazer ao ser manuseada.
De acordo com a ficha técnica do Civic, a relação das marchas não é tão curta e isso é perceptível ao dirigir, mas isso não significa que falte disposição para saídas de semáforos, arrancadas ou retomadas para ultrapassagens. Ainda que, no papel, os 40% de potência disponíveis às 3.000 rpm pareçam pouco, o motor 2.0 entrega uma elasticidade interessante, que permite manter o vigor do carro em qualquer faixa de rotação, contudo é acima das 4.700 rpm (pico de torque) que ele realmente empolga até atingir a potência máxima a distantes 6.300 rpm.
A 120 km/h, pelo benefício da sexta marcha, que funciona como um overdrive, o modelo consegue se manter pouco abaixo das 3.000 rpm, o que aumenta o conforto ao dirigir.
Para os 3% de clientes que adquirirem um Civic manual (segundo a previsão da Honda) a diversão mesmo com o “brinquedo” será rodar por estradas sinuosas. Reduzir marchas e entrar mais apontado em curvas, abusando um pouco do carro — mas sempre atento à segurança na via, dentro dos limites de velocidade — é algo que, com o câmbio manual, fica ainda mais prazeroso. O motorista pode entrar mais rápido nas curvas e, ainda assim, realizá-la com precisão, devido à vetorização de torque disponível no carro, que contribui para melhorar seu contorno.
O revés da versão manual do Civic é o potencial de mercado reduzido. Se esse detalhe o preocupa, então é melhor não experimentar esse carro. Caso contrário, é bastante provável que a sua emoção tome conta da decisão.
Veja nossas medições e os números oficiais do Civic Sport: