Carismático, Chery QQ tem sido a escolha de quem faz questão de um carro zero-quilômetro barato – pelo menos, até agora

Conferindo os números de venda do Chery QQ, nota-se que o sino-brasileiro de Jacareí/SP conquistou espaço em um segmento que até o meio de 2017 estava quase abandonado pelas maiores fabricantes nacionais: o dos subcompactos abaixo dos R$ 35 mil. Sem fazer alarde, teve 2.629 unidades emplacadas até outubro deste ano.

Evidentemente, o foco do Chery QQ não é desempenho e luxo, mas sim economia de combustível e comodidade ao dirigir no trânsito nas grandes cidades. Há quem se atraia pelo desenho “fofinho” de sua carroceria. Outros procuram-no pelo preço, que varia entre R$ 25.676 na versão básica Smile e R$ 31.994 na topo de linha, aqui avaliada.

No papel, o pacote é atraente. Por menos de R$ 32 mil, a versão ACT traz freios com distribuição de frenagem (EBD), rodas de liga leve, luzes de rodagem diurna (DRL), acionamento elétrico dos vidros dianteiros, retrovisores com ajuste elétrico, ar-condicionado, cintos de segurança traseiros laterais de 3 pontos, limpador e aquecedor do vidro traseiro, acionamento do porta-malas por botão e sensor de estacionamento traseiro. Porém, se esta descrição faz o QQ completo parecer promissor, na prática, há detalhes a se levar em conta.

BACANA, MAS POUCO PRÁTICO: Tampa do porta-malas é composta apenas pelo vidro traseiro basculante. Para-choque alto di?culta o acesso.

FALTA DIRIGIBILIDADE
A suspensão macia, combinada à leve direção assistida hidráulica, é adequada para manobras de estacionamento e trajetos urbanos. Mas, em velocidades mais altas, basta um desnível mais significativo do piso para que o carro pareça perder a estabilidade. Em rodovias, ou mesmo em vias rápidas acima de 80 km/h, é difícil se sentir plenamente seguro ao volante.

O motor 1.0 flex com 12 válvulas, capaz de gerar 75 cv de potência e 10,1 kgfm de torque, surpreende negativamente no consumo quando abastecido com etanol. No teste, atingiu 8,7 km/l em cidade e 11,0 km/l em percurso rodoviário. Média de 9,7 km/l, pior que a maioria dos compactos 1.0 de três cilindros.

Consumo no uso de etanol deveria ser melhor

Outro ponto que deveria ser melhor, mesmo para um projeto que visa preço final competitivo, é o desenho do painel. Os elementos não se unem harmonicamente, contrastando com  a jovialidade bem resolvida do exterior. A leitura dos instrumentos é ruim, principalmente no conta-giros, escalonado por luzes que se acendem de 500 em 500 rpm. A aparência do rádio é tão simples que chega a lembrar antigos toca-fitas dos anos 90. Carece de uma re-estilização urgentemente.

Desenho do interior não acompanha as linhas bem resolvidas do exterior: os instrumentos são confusos e de difícil leitura.

Com o lançamento do Renault Kwid e a consequente reação comercial de Fiat Mobi e Volkswagen Gol (que tendem a ficar mais baratos nas versões de entrada), o QQ vai enfrentar tempos dificílimos em seu nicho. Hora de deixar velhos hábitos para trás se quiser se manter competitivo no mercado.

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