Versão “perua” tem mais de 500km de autonomia na cidade e 415km na estrada
Texto: Marcos Camargo
O Porsche Taycan Cross Turismo Turbo é uma versão das mais caras do modelo elétrico. Desta vez a Revista Carro testou o esportivo familiar por mais de 600 km em rodovias com o objetivo de verificar sua autonomia, eficiência e comportamento dinâmico. O modelo avaliado pertence à linha de peruas elétricas da marca e utiliza dois motores elétricos, cada um com 442 cv, que juntos entregam 884 cv e 90,7 kgfm de torque. A bateria tem capacidade de 105 kWh e permite uma autonomia de até 415 km no ciclo Inmetro mas rende mais de 500km em ciclo urbano.
O percurso teve início em São Paulo, na capital, com tráfego intenso. O Taycan mostrou eficiência nos trechos urbanos, mas foi na estrada que o sistema de tração elétrica e a aerodinâmica do modelo se destacaram. A condução manteve-se estável mesmo em velocidades acima dos 120 km/h. A resposta imediata do acelerador é complementada pelo sistema Push-To-Pass, que libera a potência total por tempo limitado e foi utilizado em ultrapassagens. Chama a atenção o silêncio a bordo com uso de isolantes específico e vidros duplos.
Na subida da serra da Mantiqueira, foi possível avaliar a dirigibilidade em curvas mais fechadas. O ângulo de giro de 11,4 metros facilita a condução em trechos sinuosos, e o modo Sport+ altera a rigidez da suspensão e o comportamento da direção. A experiência foi registrada até a chegada a Campos do Jordão, onde o veículo ainda mantinha 43% da carga, com autonomia estimada em 150 km.
Na cidade serrana, testamos o Taycan também nas apertadas ruas conhecendo pontos turísticos como a Vista Chinesa e o Pico do Itapeva, que pertence a Pindamonhangaba.
A recarga foi realizada em ponto com potência de 11 kW instalado no hotel Bendito Cacao. A essa altura o carro tinha 18% de baterias e 90km de autonomia estimada. O tempo de carregamento, de aproximadamente 9 horas, foi suficiente para alcançar 100% de carga durante a madrugada. No retorno, o sistema de regeneração de energia contribuiu para recuperar 15 km adicionais em cerca de 30 km de descida. O Taycan chegou a São Paulo com 50% da carga restante e mais de 200 km de autonomia.
A estrutura interna inclui central multimídia com resposta rápida e comandos digitais, embora a ausência de botões físicos tenha exigido mais atenção durante a navegação por menus. O sistema de climatização é operado em uma tela separada e oferece controle do teto de vidro com regulagens automáticas. O modelo conta com câmeras de 360°, mas a resolução se mostrou limitada em condições noturnas. Durante uma manobra em estacionamento, uma das rodas foi danificada por uma pedra fora do campo de visão.
O porta-malas tem 446 litros e inclui estepe, o que reduz a capacidade de carga. Em uma viagem curta para duas pessoas, o espaço foi suficiente para bagagens pequenas. O Taycan Cross Turismo apresentou boa distância livre do solo para um modelo desse porte, o que evitou raspagens mesmo em vias com desnível.
O modelo custa em torno de R$ 1,2 milhão. A unidade avaliada contava com pintura opcional Oak Green, oferecida por R$ 22 mil, e teto panorâmico com custo adicional de R$ 35 mil. O Taycan Cross Turismo Turbo combina o conjunto mecânico elétrico da Porsche com recursos de regeneração otimizados e autonomia suficiente para uso rodoviário. O teste reforça a viabilidade de viagens com veículos elétricos no Brasil, desde que com planejamento de rota e pontos de recarga.
