A Jac Motors lançou oficialmente nesta terça-feira (14) o seu primeiro SUV para o mercado brasileiro. O T6 chega às lojas partindo de R$ 69.990 equipado com motor 2.0 de 160 cv de potência e três opções de equipamentos.
Em meio a um segmento bem mais habitado atualmente, a Jac pretende emplacar 3.600 unidades do T6 neste ano, o que representaria 1% de uma categora que, segundo a própria marca, deve vender 365.000 unidades em 2015 (fatia de 13,5% do total do mercado). A meta é ambiciosa, tendo em vista que a chinesa detém 0,27% de participação no mercado brasileiro, com 1.464 veículos comercializados desde o começo do ano, de acordo com a Fenabrave.
Mesmo prevendo uma forte retração da indústria (pior do que a expectativa de 10% de queda de produção em relação a 2014 para o final deste ano), a Jac coloca o T6 ao lado de concorrentes de peso do mercado, como o líder Ford Ecosport, Renault Duster, Hyundai ix35 e até os novatos Honda HR-V (que, desde que foi lançado já foi entregue a 2.390 consumidores), Peugeot 2008 e Jeep Renegade. A explicação para se distanciar da disputa “conterrânea” contra o Lifan X60, por exemplo – o chinês mais vendido em 2014 –, é a de que “a Jac não pode se basear pelo o que fazem as marcas com 0,5% de representação no Brasil”.
Os argumentos para atrair os consumidores às concessionárias da Jac em busca do T6 se baseam, majoritariamente, nas dimensões do modelo e em seu custo-benefício. “Ele tem porte de um Kia Sportage, mas com preço de um Ford Ecosport”, definiu Habib. De fato, o T6 só perde em entre-eixos para seu rival da Renault. Dos outros seis principais concorrentes, nenhum é mais comprido, largo ou mais alto que o chinês.
Mantendo a filosofia da marca, o T6 por R$ 69.990 já conta com uma lista extensa de equipamentos: airbag duplo, freios ABS com EBD, direção elétrica com comandos do rádio no volante (falta a regulagem de profundidade), trio elétrico, ar-condicionado, faróis com regulagem elétrica e faróis de neblina, e rádio com entrada USB. O Pack 1 de opcionais, por R$ 71.990, adiciona detalhes cromados extrenos, barras no teto e retrovisores externos com rebatimento eletrônico. Já o top de linha, por R$ 75.670, completa o SUV com câmera de ré e central multimídia com função mirror link.
Por enquanto não há nenhuma versão com câmbio automático. De acordo com a análise de Habib, a faixa dos SUVs vendidos entre R$ 70.000 e R$ 75.000 possuem um mix bastante dividido entre modelos manuais e automáticos. “Acima deste patamar, aí a predominância é da transmissão automática”, explica.
Contudo, a ausência de uma opção automática é algo que vai dificultar a vida do T6 no mercado, uma vez que a procura por esse tipo de transmissão é cada vez maior, em especial neste segmento. Não por acaso, durante o tempo em que avaliamos o JAC, um senhor a bordo de um Toyota Corolla se mostrou bem interessado pelo modelo e perguntou logo de cara: “Tem automático?” A empresa pretende resolver este revés somente no ano que vem, com uma opção com tal comodidade em conjunto com um motor 2.0 turbo.
COMO ANDA O T6
Quem olha de relance o JAC T6 pode até se confundir. Com jeitão que lembra o Hyundai ix35 e as lanternas claramente inspiradas no Audi Q5, para quem gosta de ver e ser visto a novidade da JAC surge no radar como um prato cheio. Certo ou errado, cada um que julgue à sua maneira, fica claro que a marca optou por seguir modelos de sucesso no mercado, em vez de se aventurar no segmento dos SUVs com um design mais original.
Ao volante o T6 mostrou o acerto da suspensão como um dos pontos positivos. Ela transmitiu boa sensação de solidez e um rodar bem adaptado ao nosso piso. Só a rolagem lateral da carroceria poderia ser mais contida.
Já a direção e o freio não nos deixaram boa impressão. Além da lentidão nas respostas, a direção não transmitiu muita segurança em altas velocidades. Pode ser um problema de alinhamento da unidade avaliada, mas em altas velocidades ela parecia lutar contra o motorista e exigia esforço para manter a trajetória. Na hora de estacionar o JAC foi comum ouvir alguns estalos durante as manobras.
O sistema de freios, por sua vez, carece de melhor modularidade. O acionamento do pedal não é nada progressivo e o SUV começa a parar mesmo somente quando você está perto de atingir o fim de curso. Outro ponto negativo diz respeito ao freio de estacionamento. Ele apresentou um estranho atraso entre o ato de puxar a alanca e as pastilhas traseiras acionarem o disco, fato que também foi notado por Leonardo Barboza, responsável pelos testes em pista da CARRO.
O motor 2.0 flex de 160 cv com etanol mostrou-se suficente para o T6. Sem empolgar no desempenho, ao menos ele foi econômico e trabalha bem com a caixa manual de 5 marchas. Só os engates poderiam ser mais curtos – em especial o da 5ª marcha – e suaves. Com o início das vendas em abril, o T6 também oferecerá seis anos de garantia e espera se beneficiar da onda de SUVs que chega com força neste ano.
DADOS DE FÁBRICA
Motor disposição/número de válvulas: Diant., transv., 4 cil./16V
Cilindrada (cm³): 1.997
Potência (cv): 155 (G) / 160 (E) a 6.000 rpm
Torque (mkgf): 19,9 (G) / 20,6 (E) a 4.000 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas
Suspensão (dianteira/traseira): McPherson/multibraço
Peso vazio (kg): 1.460
Porta-malas (litros): 610
Tanque de combustível (litros): 60
Pneus (veículo testado): Giti 225/60 R17
Comprimento/largura/altura (mm): 4.475/1.840/1.670
Entre-eixos (mm): 2.645
NOSSAS MEDIÇÕES
Aceleração:
0-60 km/h (m): 4,6 (45,3)
0-80 km/h (m): 7,3 (96,5)
0-100 km/h (m): 11,2 (195,7)
0-120 km/h (m): 15,9 (340,2)
Retomadas:
40-100 km/h em 3ª marcha (s): 11,7
60-120 km/h em 4ª marcha (s): 20,6
80-120 km/h em 4ª marcha (s): 13,5
Consumo (em km/l de etanol):
Consumo cidade: 6,1
Consumo estrada: 9,0
Consumo médio (PECO): 7,4
Autonomia em km: 444