A CAOA, fabricante de alguns modelos da Hyundai, e a MMC (Mitsubishi Motors do Brasil) teriam contratado escritórios de lobistas para intermediar o pagamento de propinas a autoridades do segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2009, em troca da manutenção de incentivos fiscais (IPI reduzido).
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo e foram publicadas nesta quinta-feira (1).
A manutenção do IPI menor para carros produzidos nas regiões do Brasil em que CAOA, Mitsubishi e Ford têm fábricas (Centro-Oeste e Nordeste) foi o tema da medida provisória (MP) 471, editada em 2011. Segundo o jornal, dois escritórios de advocacia atuaram como lobistas junto a autoridades (nao especificadas), repassando valores na ordem de R$ 36 bilhões.
Mauro Marcondes Machado, atual vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) é sócio de um dos escritórios. Segundo o Estadão, ele teria participado ativamente da negociação.
O jornal afirma também que houve um repasse de valores à empresa de um dos filhos do ex-presidente Lula, Luís Claudio (que não é o conhecido por Lulinha), e que essa operação financeira faria parte do esquema de “compra” da MP 471. O principal ministério envolvido seria a Casa Civil, então comandada por Gilberto Carvalho (PT).
Ao longo desta quinta, partidos de oposição ao governo federal, como PSDB e PPS, pediram que Lula, seu filho, o ex-ministro Carvalho e representantes das montadoras sejam ouvidos sobre as supostas irregularidades.
OUTRO LADO
CARRO ONLINE procurou os citados pelo jornal. A Anfavea se pronunciou por meio de nota de seu presidente, Luiz Moan. Segundo ele, a reportagem sobre a MP 471 “diz respeito a casos particulares dos citados”. Já a CAOA afirmou que não tem conhecimento do processo, e por isso não pode se manifestar; e que jamais contratou financiamento junto ao BNDES — referência à terceira fase da Operação Acrônimo, que tem o BNDES e o governador de Minas Gerais e ex-ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), como alvos.
A sede da CAOA foi visitada por agentes federais nesta quinta, como parte da investigação.