A Jaguar Land Rover aproveitou o lançamento do F-Type AWD para apresentar à imprensa o novo Range Rover Sport SVR. O apimentado utilitário usa o mesmo V8 5.0 com compressor e 550 cv do cupê esportivo, mas é “menos caro”: seu preço sugerido é de R$ 595.000 e ele será inicialmente limitado a 30 unidades no país neste ano.
CARRO ONLINE acelerou o mais rápido Land Rover da história na mesma pista do Jaguar, o autódromo Velo Cittá, em Mogi Guaçu (SP). A experiência surpreendeu, mas não foi tão prazerosa quanto com o F-Type.
As diferenças vão além dos 605 kg que separam o peso do Range Rover SVR do “primo” menor (e olha que o F-Type AWD é o mais gordinho de sua turma, com 1.730 kg). Enquanto no Jaguar a proposta é entregar o máximo de desempenho sem concessões, no Land Rover o luxo e requinte possuem tanta importância quanto os vastos 69,3 kgfm de torque que o motor gera a partir das 2.500 rpm.
Por isso espere o máximo de luxo no SUV, que só perde nesta área para a versão topo de linha Autobiography do Range Rover Vogue (quase R$ 1 milhão na série especial Black). Painel completamente digital, sistema multimídia com tela Dual View (capaz de mostrar simultaneamente imagens diferentes para o motorista e passageiro) e outros acessórios já oferecidos no Range Rover Sport ganharam uma roupagem diferenciada no SVR, que tem apliques de alumínio e fibra de carbono por toda a cabine, incluindo o console central e as portas – que se fecham sozinhas.
O diferencial do Range Rover Sport está na sigla SVR, que designa os modelos feitos pela SVO. Calma, a gente explica: as primeiras letras são para Special Vehicle Racing, nome que toda versão feita pela divisão de veículos especiais (SVO, em inglês) da Jaguar Land Rover terá. Ou seja, é a AMG, RS e Motorsport dos britânicos.
Por isso a marca faz questão de enfatizar os 4s6 para acelerar de 0 a 100 km/h, com máxima limitada a 260 km/h. Em nossas medições, porém, o Range Rover SVR foi levemente mais lento, registrando 5s2 na mesma prova de desempenho. Mas essa diferença acaba destruída ao primeiro movimento do pedal direito.
Com uma trilha sonora grave e alta (agradeça aos escapamentos com válvulas nas ponteiras quádruplas), o SVR impressiona nas arrancadas e retomadas. Seus freios cumprem corretamente a tarefa de estancar as mais de 2,3 toneladas do enorme SUV, mas não toleram parcimônia: é necessário acioná-los sem dó antes de cada curva.
E aí entra o maior ponto fraco deste Range Rover. Sua suspensão independente pneumática com amortecedores ajustáveis é mais firme do que em outras versões, mas não mostrou-se capaz de domar com o corpanzil de 4,78 m de comprimento por 2 metros de largura do SVR. A transferência de peso nas acelerações e frenagens é intensa, exigindo perícia para manter o modelo em linha reta. Um controle de estabilidade menos permissivo poderia mitigar essa sensação de instabilidade, ausente no maior rival do Land Rover, o Porsche Cayenne.
Desajeitado nas curvas, este Range Rover também não gosta de calor. A unidade avaliada por CARRO ONLINE entrou em modo de segurança em sua segunda volta rápida, sob um sol de 28ºC. O óleo dos diferenciais superaqueceu, desativando o sistema de vetorização de torque. As trocas do câmbio automático de oito marchas também ficaram mais lentas.
É difícil imaginar que algum dos SVR vendidos no Brasil encontre este cenário tão exigente, mas ao se propor em ser um utilitário esportivo de verdade, este Range Rover acaba sendo uma versão apimentada mais eficiente em atrair olhares na frente de bares e restaurantes.