Anfavea comemora recuperação da produção, vendas e exportações mas efeito China preocupa fabricantes nacionais

 

 

Texto: Marcos Camargo

Em janeiro e fevereiro de 2025 a Anfavea reporta a produção de 392,9 mil unidades e as vendas de 356,2 mil unidades no mercado nacional. Com isso a associação nacional dos fabricantes de veículos divulga que as vendas avançaram 9% e a produção cresceu 15% no bimestre. Na última coletiva da Anfavea sob a gestão de Márcio de Lima Leite, a entidade divulgou dados específicos sobre o segmento de automóveis, caminhões e ônibus.

E uma vez mais o crescimento das importações dos carros vindos da China é uma realidade que preocupa as fabricantes de veículos. Em 2013, a título de comparação, a participação dos carros chineses no Brasil representava 4,6%, subiu para expressivos 21,2% em 2022 e em 2024 fecharam com 27,9% no contexto das importações.

 

 

Juros altos

 

A Anfavea diz que os próximos meses serão importantes para avaliar o crescimento de mercado. Há índices de queda de confiança do consumidor no governo, juros altos e contexto internacional com conflitos crescentes.

“O mercado caiu muito e agora os consumidores retomam o nível de emprego, há dinheiro colocado no mercado com crédito consignado, o índice de inadimplência está bem baixo mas temos a maior taxa de juros histórica no Brasil. Em 2025 vamos continuar crescendo”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

A Anfavea demonstrou uma preocupação com a alta dos juros para pessoa física. A Selic está fixada em 13,25% mas o custo de financiamento alto pode atrapalhar o setor. E apesar da alta, cerca de metade dos carros novos vendidos no Brasil é vendida a prazo. A Anfavea se mostrou preocupada com o viés de alta sucessivo das últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) o que pode prejudicar as vendas do setor tanto de veículos de passeio como de caminhões e ônibus.

 

Carros chineses

 

No primeiro bimestre desse ano 75.168 unidades foram importadas e a China já representa 28% do total e Argentina 47% mas do México apenas 7%. Leite disse que a curva de crescimento dos carros chineses por aqui precisa ser interrompida. A Anfavea já pleiteou aumentos sucessivos de impostos de importação para tornar os modelos feitos no Brasil mais competitivos.

 

 

Elétricos estáveis e híbridos em alta

 

No primeiro bimestre foram 32,7 mil unidades comercializadas com motorização eletrificada – incluindo híbridos e elétricos – enquanto em 2024 no mesmo período foram 22,5 mil unidades. Hoje as vendas desses veículos já representam até 10% do volume total. “O eletrificado é uma realidade crescente mas o elétrico não tem crescido como percentual, pelo contrário, veio reduzindo mas o híbrido e híbrido plugin vem crescendo. Começamos 2024 com 4 mil unidades e chegamos hoje a 6 mil unidades por mês”, analisa Leite.

 

 

Exportações crescem com recuperação do Mercosul

 

As exportações cresceram 54,9% no primeiro bimestre puxado pela Colômbia, Chile e Argentina. Até mesmo o segmento de caminhões e ônibus avançou especialmente as exportações. O segmento de caminhões cresceu 10,8% nas vendas e em ônibus o avanço chegou a 50,8% em comparação com 2024. Apesar disso, o setor está estável em relação a 2023 e 2024.

 

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