Versão de entrada do Jetta e versão intermediária do Civic travam um duelo com um resultado surpreendente
Texto: André Schaun
Fotos: Renan Senra
No reino animal, muitos insetos quando chegam em algum território costumam ir tomando conta do ambiente, expulsam os concorrentes, dominam a área, e até deixam algumas espécies em extinção. Podemos fazer uma ligação deste fenômeno com o mundo automobilístico.
Os insetos, em questão, são os SUVs, que de forma rápida começaram a dominar o mercado mundial. Falando de Brasil, a representatividade dos utilitários no mercado subiu de 9,49% para 24,4 % em cinco anos – de 2013 a 2018. Uma das espécies em extinção são os hatches médios, que depois da febre de SUVs praticamente sumiram do mercado, indo de 4,59% para 0,63% neste mesmo período de cinco anos. Mas há sempre os resistentes, que sentem o golpe, perdem espaço, e continuam na luta pelo território, como os sedãs médios.
Este segmento já viveu dias melhores, mas nessa tsunami de SUVs no país eles conseguiram manter um bom ritmo de vendas nesses cincos anos. A fatia deles no mercado caiu de 7,59% para 6,75%, ou seja, não chegou a 1% neste período. Dos quatro líderes de mercado na categoria atualmente, colocamos dois deles frente a frente em versões próximas, na faixa dos R$ 100 mil e motorizações semelhantes: o Volkswagen Jetta – 4° lugar –, na versão de entrada 250 TSI, de R$ 99.900, e o Honda Civic – 2° lugar –, na versão intermediária EX, com preço de R$ 102.400.
O sedã alemão, importado do México, e o sedã japonês, produzido em Sumaré (SP), são praticamente iguais em medidas, com comprimento de 4.702 mm x 4.637 mm, largura de 1.799 mm x 1.799 mm, altura de 1.474 mm x 1.433 mm, e distância entre-eixos, 2.688 mm x 2.700 mm; porta–malas, 510 litros x 519 litros. Porém, em peso, há uma diferença considerável entre eles. Enquanto o alemão pesa 1.331 kg, o japonês tem 41 kg a menos, 1.290 kg.
No que diz respeito a itens de série, os dois têm como destaque: ar-condicionado digital – duas zonas no caso do Jetta –, banco traseiro bipartido, Isofix, controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de saída em rampas, seis airbags laterais, de cortina e os obrigatórios frontais) e central multimídia com tela tátil. Os dois têm partida por chave, do tipo canivete; nada de chave presencial e botão de partida.
Somente o Civic traz bancos em couro, câmera de ré, ajuste de altura e distância do volante, que também é revestido em couro e conta com borboletas para trocas manuais, e rodas de liga leve aro 17. Já o Jetta traz faróis em LED, ausentes no Civic EX, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros em vez de câmera de ré, volante com ajuste apenas de altura — sem borboletas para trocas manuais —e rodas de aro 16. O Jetta não possui banco ou qualquer revestimento em couro.
Turbo x aspirado
Sem modos de condução, o Jetta 250 TSI traz o motor das outras duas versões da linha, o 1.4 turbo flex (TSI), de injeção direta, com 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque (com gasolina ou etanol), associado a câmbio automático de seis marchas. Do outro lado, o Civic EX traz motor 2.0 aspirado de injeção no duto, capaz de gerar potência de 155/150 cv (etanol/gasolina) e torque de 19,5 kgfm /19,3 kgfm (idem). O câmbio é um CVT que simula 7 marchas. Vale lembrar que, por padrão, os testes de veículos flex são realizados com etanol.
A relação peso-potência do Civic (8,3 kg/cv) é melhor do que a do Jetta, (8,8 kg/cv) por seus 41 kg a menos e os dois terem praticamente a mesma potência (5 cv a mais para o japonês). Mas mesmo assim, o desempenho do Jetta em aceleração é superior, cravando o tempo de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos, contra 10,4 segundos do Civic.
Em todos os níveis de aceleração na pista de teste, em Limeira (SP), indo até a velocidade máxima de 180 km/h, o sedã da Volkswagen alcançou as marcas em menos tempo que o rival. Nas retomadas, o Jetta também teve o desempenho mais rápido do que o Civic. No 40 a 100 km/h, por exemplo, o alemão demorou 6,4 segundos, enquanto o japonês levou 7,9 segundos.
Se as potências são praticamente iguais, e o Civic mais leve, por que tanta diferença de tempo? A resposta para essa diferença de acelerações e retomadas está na relação peso/torque, já que o Jetta possui 25,5 kgfm contra os 19,5 kgfm do Civic, com ordem de 52,2 kg/kgfm e 66,1 kg/ kgfm, respectivamente. Dessa forma, o Jetta, por ter motor turbo, tem uma arrancada vigorosa, entregando torque máximo já a 1.400 rpm, enquanto no Civic, só a 4.700 rpm. O mesmo vale para a potência máxima, alcançada a 5.000 rpm no caso do motor TSI, contra 6.300 rpm do motor i-VTEC. Ou seja, o alemão tem mais potência em baixas rotações, resultado do maior torque nessa faixa. O resultado está na total superioridade do Jetta que pode ser vista em nossas medições.
Em contrapartida, no que diz respeito à frenagem, o Civic bate o Jetta em todas as medições, como no caso de 100 km/h até a parada total, em 36,8 metros no Civic, enquanto o Jetta faz o mesmo em 40,7 metros. A distância de frenagem fica quase 10 metros de diferença dos 180 km/h até à imobilidade, feita em 124,2 metros no caso do japonês, e 133,9 metros no alemão; os dois modelos possuem disco ventilado na dianteira e disco na traseira. Reforçamos que o Civic possui pneus 215/50R17, enquanto o Jetta vem com pneus 205/60R16. Portando, o pneu da Honda tem mais área de contato. Vale ressaltar a ótima acústica a bordo dos dois modelos.
Em consumo, a vantagem é do Jetta, que registrou 7,4 km/l e 11,7 km/l em ciclo urbano e rodoviário, respectivamente, enquanto o Civic registrou 7,2 km/l e 9,9 km/l, na mesma ordem.
O desempenho do Jetta em baixas rotações é realmente notável, agradável nas trocas de marchas, com um motor muito eficiente, entregando bastante precisão e agilidade nas respostas. Já o Civic, não é tão empolgante no que diz respeito à esportividade do desempenho, sendo menos empolgante e mais conservador. Mas o Honda ganha em esportividade na suspensão traseira independente multibraço que dá ao Civic uma excelência em estabilidade em curvas que beiram a perfeição para um carro nessa faixa de preço, além de filtrar as irregularidades do piso
de forma muito eficiente. O Jetta, por sua vez, perdeu o refinamento da suspensão traseira multibraço para adotar eixo traseiro de torção, o que foi um dos pontos mais negativos da sétima geração do sedã. Uma economia desnecessária e inesperada da Volkswagen.
No interior
Dentro da cabine, os dois modelos têm revestimentos totalmente escuros, passando a impressão de serem menores do que realmente são. A largura deles é exatamente igual, com 1.799 mm, e o Jetta é 40 mm mais alto, mas mesmo assim a sensação de espaço no Honda é maior.
O painel dos dois têm materiais macios, porém o Jetta não tem couro nos bancos, em acabamentos e no volante – que ganhou acabamento em prata –, enquanto o Honda faz o uso do material. As duas centrais multimídia têm tela tátil – 10,2 polegadas com uma entrada USB, no Jetta, e 7 polegadas no Civic –, sem abrir mão de botões, que são de fácil manuseio, com opção de comando pelo volante multifuncional. Ambos com emparelhamento Android Auto e Apple CarPlay.
Sentado em posição de dirigir, a empunhadura do volante da Honda é melhor, passando maior conforto e ergonomia; como já dissemos, as borboletas para trocas manuais sequenciais também geram mais comodidade na hora de dirigir; no caso do Jetta, essas trocas só podem ser feitas pela alavanca. Os dois trazem de série retrovisores elétricos, mas a visibilidade do Civic é melhor, com maior ângulo de visão para o motorista.
O espaço interno é semelhante nos dois modelos, especialmente no banco traseiro, com bom espaço para pernas, joelhos e ombros dos passageiros, mas, o conforto dos bancos do Civic é maior. Os dois poderiam ter saída de climatização para os passageiros dos bancos traseiros.
Comprei um Focus Hath ultimo da serie 175 cv, completo, conforto economia 2.0, automatico, pena que saiu de linha, reclamavam do cambio quem não sabia usar, e uma bala, não tem igual no mercado, agora se quiser comprar algo com desempenho igual tem que comprar qual??? não tem nada igual. agora estão todos sedãs domados. o focus só perde para o jeta acima de 200 cv. mas vai ver o preço.
Desse detalhe em particular eu pessoalmente não gostei, mas é uma questão de gosto mesmo.
Pena a Honda não oferecer o motor 1,5 turbo (e flex) nessa versão.
Esse 2,0 aspirado está muito ultrapassado.
Sou suspeito de falar sobre o Jetta,tenho um 2014 2.0,ótimo carro,o q eu achei diferente foi essa saída de ar para os passageiros de trás,q nessa versão nova não tem, é uma pena,mas a gosto pra todos os bolsos
Esse Motor tsi é trem de doido, tenho um virtus 1.0 tsi q tem 128 cv e 20.4 kg de torque e meu pai tem um corola 2.0 2018 e posso dizer q o virtus arranca mais, faz ultrapassagem melhor, nao é muito grande a diferença mais é persepitivel e é mais econômico, e na versao higline com o painel digital oferece coisas q nem nos melhores sonhos o corola oferece…..imagina o jeta, q ja ta pra vim com motor 2.0 tsi de 230 cv e 35 kg de torque, é quase 2 motores do civic
Cá pra nós a Volkswagen tá arrasando com novos modelos trazendo um perfil na dianteira com grades maiores e faróis menores como no polo e agora no jetta ficaram muito bonitos!
Meus parabéns, pelo ótimo comparativo extremamente profissional.
O Jetta é um baita Carrão! A marca alemã é confiável, mas com custos de manutenção maiores. Seu desempenho nas pistas são melhores que o Civic sem dúvidas, MAS vale lembrar de que não estamos em competição para tão pouca diferença nesse quesito,tampouco temos rodovias para isso, além de sermos limitados a 100-120/h nas estradas.
NÃO trocaria o maior conforto, dirigibilidade, ergonomia, acabamento e silêncio de um Civic.
Ficam aí as controvérsias!!!!
Meu jettao tsi 2.0 metade do preço desses dois, se por asa voa. muito dinheiro pra pouco carro.