Texto: Marcos Camargo
Os veículos híbridos vem ganhando especial relevância no país e as marcas chinesas já representam quase 10% das vendas em um espaço de cinco anos. E agora com a Leapmotor, a Stellantis introduz no mercado a linha C10 e B10, ambos com a mesma solução elétrica mas uma diferença importante. No caso do C10 há uma inédita opção REV, sigla de “veículo com alcance estendido” que basicamente é um carro elétrico que tem baterias que podem ser alimentadas por um motor gerador. Esse motor a gasolina não tem virabrequim, não está conectado às rodas e apenas gera energia para alimentar as baterias. Elas também podem ser recarregadas externamente e a tração é sempre elétrica. Durante o lançamento da Leapmotor, a revista Carro dirigiu o novo C10 com essa opção de motorização agora disponível no Brasil.
O Leapmotor C10 é um SUV médio que tem o mesmo perfil de design da família B01, B10, C10 e C19. São linhas aerodinâmicas similares às de outras marcas chinesas com faróis e lanternas em LED e interior de estilo minimalista, com poucos botões. O modelo oferece mais de 20 porta-objetos, assento traseiro sem túnel central e porta-malas de 435 litros. A central multimídia tem tela de 14,6 polegadas e o teto é panorâmico.
Nas medidas, o C10 tem 4,64 metros de comprimento, 1,90 m de largura, 1,68 m de altura e 2,92 m de entre-eixos — um dos maiores da categoria.
Motor REV ou Ultra Híbrido: como funciona na prática
O C10 REV vem com uma motorização inédita para os brasileiros. Ele vem com motor 1.5 a gasolina que atua como gerador de energia, alimentando o sistema elétrico de 215 cv e 32 kgfm. A bateria de 28,4 kWh permite aceleração de 0 a 100 km/h em 8,2 s e recarga em 18 minutos (alta potência) ou 6 horas em carregador residencial.
Teste com a novidade
O Leapmotor C10 tem design limpo e até um pouco genérico em relação aos modelos chineses de marcas novas para os brasileiros como Nio, Onvo, Avatr, e tantos outros. Ao entrar no carro, percebe-se o conceito do minimalismo presente em um acabamento bem feito mas com comandos táteis apenas na tela multimídia de 14,6 polegadas.
O C10 arranca silenciosamente com o motor elétrico e funciona em quatro modos sendo elétrico, elétrico “+” com funcionamento do motor como gerador quando necessário ou a todo momento. No primeiro contato que tivemos em um teste de cerca de 30km o funcionamento do motor suave ajuda a recarregar a bateria do veículo.
Não se trata de um plugin tradicional, como frisa muito bem a Stellantis. O motor a gasolina 1.5 não traciona as rodas mas funciona apenas como um motor elétrico. Posicionado na traseira com 215cv e 32kgfm de torque, traz equilíbrio e acelerações vigorosas que pudemos testar no primeiro teste.
Chama a atenção o silêncio a bordo e o perfil de condução que é de um veículo elétrico e apesar de todos os comandos estarem concentrados na multimídia a tradução foi bem feita e se encontra desde comandos para os bancos, som, ajuste do modo de energia entre outros. O sistema do carro tem comandos de voz e uma interface própria pois não usa sistema Connect Me ou Uconnect comuns nos carros da Ram, Jeep e Fiat.
Chama a atenção além do equilíbrio a preocupação com a suspensão. Quando dirigimos o C16 REV na China, usando o mesmo sistema de motor gerador, chamou a atenção o excessivo conforto e curso de suspensão ao gosto chinês. A rodagem no Brasil e os testes virtuais na Itália ajudaram na calibração que ficou mais firme embora não exatamente esportiva para um carro com mais de 30kgfm de torque.
Ao fim e ao cabo, a tecnologia ultra híbrida é interessante por elevar o alcance do motor elétrico recarregando as baterias e permitindo rodar quase 1.000km com uma carga na bateria e um tanque de combustível. É uma experiência interessante e ainda inédita no país por um preço de R$ 199 mil que na prática é o preço do BYD Song Pro, mais barato que o Haval H6 PHEV 19 e Song Plus custando até R$ 50 mil a menos que seus concorrentes híbridos e o mesmo que modelos compactos topo de linha ou médios intermediários.
Por R$ 199 mil o C10 impressiona pela entrega. Custa o preço de um SUV médio intermediário a combustão como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross ou Renault Boreal e menos, bem menos que um BYD Song Plus ou Haval H6 PHEV19. Assim, a Stellantis vai testar uma novidade para os brasileiros dentro de um segmento que ela conhece bem com o sucesso do Jeep Compass, mas com outro perfil de motorização hoje inédito para os consumidores.
