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Nestes últimos dias rodei com o Chevrolet Cruze, com o Fiat Mobi e com o Nissan Kicks. Hoje vou falar sobre o novo SUV que a marca japonesa trata em suas campanhas como urbano. Não dá para pagar R$ 93.840 (versão SL, a top de linha) e querer que um carro desse segmento seja apenas urbano.

Aproveito este espaço para corrigir uma falha da minha coluna na revista CARRO que está nas bancas. Na véspera de sair de férias, escrevi com pressa e passou um “Renault Kicks”. Estava comentando sobre a Aliança Renault-Nissan. Isso comprova que eu realmente precisava de descanso!

Voltando ao Kicks, apareci em casa com essa versão SL, com aquele tom laranja no teto. Meus vizinhos do condomínio já vieram logo perguntar o que eu estava achando. Respondi que o seu motor 1.6 com 114 cv de potência não se enquadra na minha visão de performance. Mas disse também que o carro me surpreendeu pelo seu equilíbrio, por todo o conjunto da obra. 

Apesar do apelo urbano, desafiei o Kicks para enfrentar a terra

Sem dúvida, um dos pontos de destaque é o seu desenho externo. O charme das duas cores e o sistema de LEDs diurnos mostram muita personalidade. O acabamento interno da versão SL prima pelo refinamento, com detalhes do tipo costura no couro do painel e no volante. Os bancos são muito confortáveis. Você dirige como se estivesse sentado no sofá de casa! 

O Nissan Kicks tem um sistema com quatro câmeras que trazem uma visão de 360 graus ao redor do carro. Facilita muito o uso no caos nosso de cada dia, para escapar dos motoboys, ônibus articulados, bicicletas, caminhões e até carroças! Sinais sonoros disparam quando algo se aproxima demais, além do visor no painel mostrar de onde vem o perigo.
 
SAINDO DA CIDADE
No uso urbano, aprovado. Mas decidi testar se o Kicks também é bom na estrada e na terra. Afinal, trata-se de um SUV! Naquele fim de semana fui convidada para ir a um leilão de gado em Minas Gerais, numa fazenda próxima de Pouso Alegre. Não, não sou nenhuma criadora. Estava apenas acompanhando alguns amigos do setor agropecuário.

SUV japonês se saiu muito bem em pisos irregulares

Saí de São Paulo pela Fernão Dias, uma estrada bem perigosa e muito sinuosa em alguns trechos. Por isso fui com toda calma para me acostumar. Novamente o Kicks me surpreendeu com o seu comportamento de harmonia entre a dirigibilidade e o conforto. Como dizem, é um carro “na mão”, bem ajustado. 

Ele segura muito bem nas curvas e transmite segurança. Deve ser por conta de alguns recursos, como o controle dinâmico em curvas, que utiliza o freio-motor e a frenagem em cada uma das quatro rodas, respondendo com agilidade às circunstâncias daquele momento. Tem também um “estabilizador ativo da carroceria”, que controla o balanço e estabiliza os movimentos em pisos irregulares.

Kicks chamou atenção por onde passou no caminho entre São Paulo e Minas Gerais

O som que “coloquei na caixa” nesse dia foi um Cat Stevens, com seus acordes profundos e letras inesquecíveis. Quando estou sensível, adoro pegar uma estrada acompanhada por esse fantástico músico inglês, que mexe com a minha alma. Lá fui ouvindo e cantando a seleção de clássicos: “Wild World”, “Father and Son”, “Morning Has Broken”… Utilizei o sistema de USB e Bluetooth, que funcionaram muito bem. Gostei da qualidade do sistema de áudio do Kicks.

Com 200 km rodados, percebi que o consumo é um tanto excessivo: estava fazendo 9,6 km/litro na estrada, com gasolina. Pouco, né? Como o tanque só tem capacidade para 41 litros de combustível, já estava com menos da metade. Não poupei o seu motor 1.6, e essa forma de dirigir pode ter influenciado no consumo. Vale lembrar que a falta de potência não incomodou, exceto em algumas ultrapassagens que exigem retomadas eficientes. Até que o Kicks encarou bem as subidas de Minas Gerais!

Chegada ao hotel Marques Plaza, em Pouso Alegre (MG)

PAREI O TRÂNSITO
Cheguei ao Hotel Marques Plaza, em Pouso Alegre, onde ficaria hospedada. Os amigos já estavam por lá. Tomamos um delicioso café e seguimos para a fazenda. No hotel ninguém havia visto o Kicks. Os manobristas ficaram curiosos e fizeram um monte de perguntas. “Não, o carro não é meu. Estou apenas testando”. Elogiaram bastante, mas um deles viu que entre as pinturas cinza e laranja existe um adesivo preto fosco: ele já estava descascando! 

Rumo à fazenda, paramos para pegar algumas flores e queijos no caminho. Em Minas Gerais não tem como ficar sem um bom queijo! Hora da verdade para um SUV: estrada de terra! Parei em cima de uma ponte na cidade de Careaçu, onde fica a fazenda, para tirar umas fotos. De costas, nem reparei que tinha criado um congestionamento de carroças e tratores. Não tinham pressa e ficaram admirando o Kicks. O da frente falou: “Carro bacana, hein dona!”

Estilo moderno do Kicks casou bem com a paisagem elegante do hotel

A Nissan pode mudar o foco da campanha de carro urbano, pois o Kicks se saiu bem na terra. Tem uma distância grande do solo e não raspou nas pedras do caminho. Claro que o perfil baixo dos pneus tornou mais sofrido passar por alguns buracos. Como não há tração nas quatro rodas, em algumas subidas com cascalho o Kicks deu umas derrapadas. Mais emoção na viagem! 

É MUITO GRITO!
Pronto, chegamos à fazenda. Imagine que em um leilão de gado não faltavam carrões de todo o tipo (além de inúmeros helicópteros). Mesmo assim, vários convidados vieram olhar o Kicks e perguntar se valia a pena. Fiz o vídeo com um jovem executivo, o Felipe Querido, pois ele é amante de SUVs. Com filho pequeno e outra bebê a caminho, ainda na barriga da mamãe, ele gostou bastante do espaço e do conforto.
 
O lugar é lindo, como vocês podem ver nas fotos. Mas o leilão foi uma gritaria. Fiquei com medo de piscar o olho e acabar adquirindo uma vaca, sem querer! Qualquer movimento e o leiloeiro já batia o martelo, anunciando mais um feliz comprador de bovinos! 

Consegui sair de lá sem nenhuma vaca. Entrei no Kicks, liguei o ar-condicionado e coloquei um som para abafar os gritos lá de fora! Vamos embora, meu SUV urbano, rumo à civilização. Qual seria a trilha sonora da volta, agora com o meu espírito bucólico?

Que tal um Leandro & Leonardo? Fui cantando junto:

Em vez de você ficar pensando nele
Em vez de você viver chorando por ele
Pense em mim, chore por mim
Liga pra mim, não, não liga pra ele
Não chore por ele…

Final do dia, após o leilão, Kicks se preparava para voltar ao seu habitat urbano

 

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