Caso publicado na REVISTA CARRO na edição de Setembro, nº 251.
Leitor: Venceslau Viana Lopes, 47 anos, representante comercial
O problema
“A peça não está na garantia, pois nunca dá defeito”, foi a explicação
O Nissan Versa SL do leitor Venceslau Lopes é a versão topo de linha do modelo e foi adquirido em fevereiro de 2013 na concessionária Fuji, da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo. Representante comercial, Lopes precisa do veículo para trabalhar, e, obviamente, não esperava ter problemas com o carro novo. Mas eles não demoraram a surgir.
Logo no primeiro ano, e com menos de 1.000 km rodados, o sedã foi levado à concessionária Tókio. O proprietário relata: “Constataram que o problema estava em uma peça que fica entre a bateria e o sistema elétrico do carro”, conta Lopes. Esse componente, de acordo com a explicação dada ao representante, atua como um fusível, evitando que uma sobrecarga na bateria danifique a parte elétrica do carro, o que poderia gerar um prejuízo maior.
“Me disseram também que essa peça não está disponível no Brasil e, assim, teria de ser importada do México (onde o Versa é produzido). Como se não bastasse, ainda explicaram que ela não é coberta pela garantia da montadora”, recorda Lopes. Mas, como foi constatado que o componente estava com defeito de fabricação, a concessionária realizou o reparo sem cobrar nada, felizmente.
Pouco mais de um mês depois, o Versa de Venceslau Lopes voltou a ter problema, e não ligou mais. O diagnóstico: o mesmo componente. Na concessionária AR Motors, o proprietário foi informado novamente que a peça não estava incluída na garantia. “Questionei o motivo pelo qual um item que só pode ser encontrado nas revendas Nissan não está na garantia, mas o consultor técnico da revenda, Carlos Eduardo, disse que não havia o que fazer”, recorda Lopes.
O leitor, então, entrou em contato com a Nissan e obteve a resposta: “Essa peça não está na garantia, pois nunca dá defeito”. Sem solução, Lopes teve de arcar com o custo da manutenção e entrou em contato com a CARRO para tentar resolver o problema.
Avaliação
Caso sem explicação
O argumento utilizado pela Nissan não convenceu Venceslau Lopes. Ao procurar uma explicação no manual do proprietário do veículo, o leitor encontrou o seguinte texto: “Não estão cobertos pela garantia os fusíveis comuns passíveis de troca simples e que podem ser adquiridos em qualquer loja especializada”. Ou seja, não se trata do ocorrido com o automóvel do representante comercial.
Lopes recorreu a nossa equipe no fim de julho, e nós entramos em contato com a assessoria de imprensa da fabricante logo em seguida. No dia 15 de agosto, recebemos a seguinte resposta: “A Nissan do Brasil esclarece que o item relacionado ao problema relatado pelo cliente Venceslau Viana Lopes é um fusível. E, segundo o manual da companhia, este não consta na lista de itens cobertos por garantia”. A mensagem ainda trazia os números para que Lopes entrasse em contato em caso de dúvida.
No mesmo dia, voltamos a falar com a montadora, relatando tudo o que o cliente nos informou, assim como a explicação encontrada no manual do proprietário. Perguntamos o motivo pelo qual a fabricante considera a peça danificada um simples fusível, uma vez que ela só pode ser encontrada nas concessionárias Nissan.
Lembramos ainda que, na primeira vez em que o componente apresentou problema no Versa de Lopes, foi necessário importar o componente do México, e que a concessionária realizou o reparo sem ônus para o proprietário.
Contudo, até a data de conclusão desta edição, não recebemos nova resposta da empresa. Mesmo assim, continuaremos acompanhando o caso do leitor Venceslau Lopes até que seja encontrada uma definição.
Como ficou
Venceslau Viana Lopes adquiriu a versão mais sofisticada do Versa e seria de se esperar que a Nissan tivesse um pouco mais de atenção com o cliente para tentar resolver o impasse. A começar pelo tempo do empréstimo de um carro reserva enquanto o conserto era realizado. O sedã ficou na concessionária durante um mês, ao passo que a montadora só deixou o veículo reserva com Lopes por quatro dias. Lembrando que ele é representante comercial e depende do carro para trabalhar. Para não permanecer mais tempo a pé, Lopes pagou R$ 1.300 pelo reparo (com mão de obra incluída), mas exige reembolso. Ainda aguardamos uma resposta definitiva da Nissan, mas, para Lopes, a imagem da empresa já está arranhada.