Porsche Boxster S

Não importa se o automóvel é bonito ou feio, tem 80 cv ou 400 cv, custa muito ou pouco dinheiro. A primeira indicação sincera de que gostaremos ou não de um determinado carro ocorre quando sentamos no banco do motorista. A empunhadura do volante, o modo como o corpo fica apoiado e posicionado, a distância dos pedais, a disposição do quadro de instrumentos e o ronco produzido na partida… Esse momento inicial é como flertar com alguém em quem você está extremamente interessado, é o contato que pode despertar os sentimentos de desejo, curiosidade e surpresa, ou de indiferença e até insatisfação.

Escapamento central do Boxster é uma de suas marcas registradas desde que foi lançado, em 1997

O Porsche Boxster S, versão topo de linha do modelo de entrada da marca, possui uma personalidade extremamente sedutora desde o primeiro contato, mas basta um pouco de convívio para perceber que ele oferece muito mais que a capacidade de despertar uma simples paixão em momentos específicos.

Não fossem as mal pavimentadas vias brasileiras (que maltratam qualquer automóvel) e o preço elevado por aqui, ele poderia facilmente ser considerado um ótimo companheiro para o dia a dia — proposta que assume com facilidade nos mercados europeu e americano.

Sua suspensão é surpreendentemente confortável, os porta-malas de 150 litros (dianteira) e 130 litros (traseira) lhe proporcionam boa versatilidade, o consumo de gasolina (o carro exige gasolina premium ou Podium) de 6,4 km/l em ciclo urbano e 12,1 km/l em rodovias agrada, o câmbio trabalha suavemente, e o acabamento interno é impecável. E, além de poder receber inúmeras combinações de cores para a carroceria, teto e interior, a lista de itens de série contempla faróis bixenônio, equipamento de áudio da marca Bose e sistema multimídia com tela tátil de 7” e navegador 3D (dependendo da região), sensor de estacionamento, entre outros.

Interior é refinado e moderno, mas clássico ao mesmo tempo

Mas, embora se comporte de modo agradável nos congestionamentos urbanos, é na hora de extrair o máximo de desempenho que o Boxtser S envolve o condutor com uma série de sensações agradáveis. Não é preciso trafegar muito para notar que o esportivo é um  legítimo instrumento de precisão, apesar de confortável — para colocar o modelo alemão “de lado”, como na foto desta matéria, é preciso provocá-lo além do limite, o que não é recomendável. Mesmo com os controles de tração e estabilidade desligados, é possível perceber o conversível buscando tração e procurando alinhar as rodas traseiras com as dianteiras em todas as mudanças de direção.

O visual das rodas de aro 19" auxilia na refrigeração do eficiente sistema de freios

Um dos destaques da experiência ao conduzir o Boxster S é o seu motor 3.4 de 6 cilindros boxer, cujo rendimento máximo é de 315 cv a 6.700 rpm e 36,5 mkgf entre 4.500 rpm e 5.800 rpm. Com o auxílio da eficiente caixa de marchas PDK (robotizada de dupla embreagem, com 7 marchas), ele foi capaz de lançar o modelo de 0 a 100 km/h em apenas 5s. Mas a experiência, no entanto, não pode ser resumida a um número, e o esportivo compacto tem uma característica peculiar.

Na traseira, o destaque vai para o aerofólio

Contando com variação de fase de admissão e de escapamento, bem como de levantamento de válvulas, e injeção direta de combustível, o motor de aspiração natural, mesmo não tendo o torque dos superalimentados, apresenta grande elasticidade, mas desperta para valer acima de 4.500 rpm e evolui rapidamente até à rotação de corte, em 7.800 rpm. Como recompensa, além das boas respostas, o condutor é envolvido por um empolgante urro metálico, típico dos Porsche equipados com motor boxer. Sem o forte aparecimento de potência em baixas rotaçãos dos motores turbo, a progressividade de aceleração facilita dosar a potência nas curvas e até acelerar sem receio de provocar uma saída de traseira inesperada. Este carro proporciona uma experiência espetacular.

Certamente existem automóveis mais rápidos em aceleração e em retomadas de velocidade que o Porsche Boxster S, e que ainda custam menos que os R$ 420.000 cobrados pela representante oficial da marca no Brasil. Mas o pequeno esportivo alemão mostrou que o prazer ao dirigir não se demonstra apenas em números, e sim em toda a experiência ao dirigir. É por conta desse “pedigree” que ele é tão especial.

Conclusão: O  modelo de entrada da Porsche mostra o seu mérito na capacidade de excitar os sentidos do consumidor com o ronco do motor 6 cilindros, com a precisão para atacar curvas e também com a posição de dirigir impecável. Mas é preciso explorá-lo ao máximo para que ele exiba os seus encantos. São méritos preciosos, mas difíceis de serem extraídos. O grande pecado do Boxster S, porém, está no preço cobrado no Brasil. Por se tratar de um modelo de entrada, ele deveria ser mais acessível para os amantes de esportivos.

Média final técnica: 7,9

Média final de mercado: 4,2

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