O Porsche 718 Boxster GTS é o mais radical da família. Dirigibilidade intensa e equilíbrio impecáveis são suas maiores qualidades

Deixei de ser um garotão, mas a experiência me proporcionou oportunidades mágicas. Em 2012, fui o único jornalista brasileiro a acelerar o Porsche Panamera GTS no circuito espanhol Ascari. Mais recentemente, guiei o Macan e o 911, ambos também GTS. Eis que chegou a vez do 718 Boxster GTS. Difícil conter a empolgação, pois considero os modelos dessa variante os mais equilibrados entre desempenho e usabilidade. Inseri a chave no histórico local à esquerda do painel e a partida veio acompanhada de um berro alto e borbulhante, embora o som ardido e estridente do seis cilindros aspirado tenha menor intensidade em relação aos antigos Boxster GTS.

Os motores de quatro cilindros já equiparam alguns Porsche, como os modelos 356, 924 e 944, só para citar. O 2.5 turbo do 718 Boxster GTS em posição central-traseira despeja 365 cv de potência e 43,8 kgfm de torque. Mais canhão que o 718 Boxster S (350 cv e 42,8 kgfm) ou o Jaguar F-Type V6 3.0 Supercharged (340 cv, ainda que com torque maior de 45,9 kgfm).

À medida que pegava intimidade, passei a abusar e as respostas instantâneas são energéticas. O turbolag (atraso antes de o turbo encher) é pequeno e a sinfonia vinda do escapamento merece um capítulo à parte. A sonoridade tornou-se mais intensa ao recolher o teto de lona permitindo ainda ouvir o sopro do turbocompressor. O câmbio de dupla embreagem e sete marchas PDK (Porsche Doppelkupplung) é uma obra de arte da engenharia moderna por trabalhar cirurgicamente nas mudanças ou reduções. Parece adivinhar os pensamentos do condutor.

Os modos de condução Normal, Individual, Sport e Sport+ são escolhidos pelo seletor giratório no volante e mudam determinados parâmetros, como respostas do pedal do acelerador, transmissão, direção, suspensões e o volume do som do escapamento. Andei grande parte do tempo no radical Sport+. Ao centro desse seletor giratório está o botão Sport Response, que por 20 segundos configura motor e transmissão para a entrega máxima de desempenho. As suspensões deixam o Porsche grudado no chão.

Mesmo com tração traseira, ao entrar rapidamente nas curvas não há tendência de saídas de frente ou de traseira. Uma locomotiva! O motor na posição central-traseira coopera no irrepreensível comportamento dinâmico e o 718 Boxster GTS, na minha opinião, é o esportivo a ser batido no quesito equilíbrio.

O rival Audi TT RS também usa um motor 2.5 turbo, mas com cinco cilindros e oferece 400 cv e 48,9 kgfm. A relação peso-potência do Porsche é de 3,97 kg-cv e o do Audi é de 3,6 kg-cv. De acordo com nossas medições, no Porsche o 0-100 km/h acontece em 3s94 e no Audi em 3s85. De 0-120 km/h os resultados foram de 5s22 e 5s25, na ordem. E da imobilidade até os 200 km/h, o 718 Boxster GTS precisou de 13s63 (o Audi de 13s95). Na retomada de 40-100 km/h, ambos cumpriram em 3s41. Já de 60 a 120 km/h, o integrante de Stuttgart foi mais rápido ao cravar 3s66, enquanto o de Ingolstadt realizou em 3s96. Sem dúvida, a comunicação homem-máquina no 718 Boxster GTS é exemplar.

Veja a tabela de teste com os números de pista do Porsche 718 Boxster GTS:

 

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