Há cerca de quatro anos, quando a venda dos carros chineses estava em alta no Brasil, não era difícil ouvir comentários sobre a JAC Motors, a Chery e a Lifan. São as três principais marcas daquele país que vendem seus carros no país. A última, porém, está em baixa junto aos consumidores devido a problemas com o pós-vendas.
A empresa reconhece o problema e diz que a culpa foi de um grupo não muito organizado que estava representando a marca no Brasil. Agora, porém, a Lifan (que assumiu oficialmente as operações no país) quer ser respeitada como as outras para, daqui a alguns anos, conseguir comercializar os sonhados 20.000 automóveis por ano no país, algo impensável atualmente.
Em uma conversa descontraída com os dirigentes da empresa na fábrica da Lifan em Chongqing, na China, a paixão deles pelo mundo dos automóveis ficou clara. “Se estamos nesta área, é porque realmente amamos isso. Caso contrário, investiríamos o nosso dinheiro na construção civil” (um dos setores que mais cresce na China), disse Yin Mingshan, presidente da empresa.
Em seu país de origem, a Lifan planeja renovar completamente a sua linha de automóveis nos próximos três anos, trabalhando com cerca de 20 modelos em diferentes segmentos. Além disso, a fabricante pretende criar uma identidade própria para os seus modelos, como já pode ser visto no novo sedã 530.
Essa é uma questão interessante, já que a marca ficou conhecida em todo mundo por ter se “inspirado” claramente no MINI ao lançar o compacto 320. Por falar nisso, o hatch 330 — que ainda não está confirmado no Brasil — também foi “inspirado” nos MINI.
Ao visitar a linha de produção na fábrica de automóveis da marca, fica clara a organização e o foco da companhia em uma produção de grande porte. Claro, ainda não se pode comparar o local com as modernas instalações das grandes fabricantes, mas é um bom primeiro passo (lembre-se que em diversos setores, os chineses já conseguiram se aproximar da qualidade apresentada por fabricantes tradicionais, com a vantagem adicional de apresentar preços mais competitivos).
Quando indagado sobre o atraso tecnológico que a Lifan ainda apresenta com relação à qualidade de seus produtos, o presidente Mingshan se empolgou: “Que bom que vocês fazem essa comparação. É claro que não estamos nem perto do nível de uma Volkswagen, por exemplo, mas estamos há apenas 8 anos nessa área, enquanto eles estão há quase 80. Sendo assim, ainda temos muito tempo para evoluir.”
No Brasil, também teremos novidades sobre a Lifan, além da garantia de melhora no pós-venda que proporcionará mais segurança aos clientes. Como passo importante do projeto de ser valorizada no Brasil, a companhia já prepara a inauguração de um centro de distribuição de peças, localizado em Salto, SP, junto à sede da empresa. Dessa forma, mais uma marca chinesa pode começar (ou voltar) a ser vista com seriedade por quem segue a máxima “carro completo por um preço baixo”, ou “Tudo por Isso”, o novo slogan da Lifan no Brasil.
Existe até a chance de a companhia construir uma fábrica no Brasil, mas essa hipótese parece distante no momento, pois dependerá de como os mercados do Mercosul reagirão à inauguração da unidade erguida recentemente no Uruguai, de onde sai o utilitário X60. Por enquanto, o máximo que teremos será um trabalho “nacionalizado” que visa dar algumas características dos mercados locais aos novos modelos.
A estratégia pode até parecer conservadora inicialmente, mas não deixa de ser elogiável para uma empresa que ficou conhecida por copiar carros de outras marcas e por não tratar bem de seus consumidores.
Os modelos que vêm por aí
Recentemente o mercado brasileiro recebeu o utilitário esportivo X60, modelo que já começou a mostrar a evolução da Lifan em relação aos veículos anteriores. A próxima novidade será o 530, sedã que deverá concorrer com o JAC J3 Turin e o Chery Celer. Ou com VW Voyage e Fiat Grand Siena, como anuncia a marca. E, em um breve contato que tivemos com o carro, foi possível perceber que se trata do modelo mais sóbrio da marca, com uma suspensão aparentemente bem regulada (não tão macia quanto a de outros conterrâneos) e boas respostas da direção com assistência elétrica. E, é claro, um belo pacote de itens de série (que só serão confirmados quando o lançamento do modelo no Brasil estiver mais próximo, no primeiro semestre de 2014).
Na segunda metade do ano que vem, receberemos o 630, atualização do atual sedã 620 que é vendido por aqui, mas que não deverá ter nenhuma grande novidade. Existe a chance de o Brasil também contar com a versão automática do X60, que ainda está em desenvolvimento na China. O aventureiro urbano X50, com belos traços, deverá ser lançado em 2014 no Oriente, chegando por aqui possivelmente em 2015. E o 330, o novo “MINI da Lifan”? Pois bem, andamos nele em Chongqing e percebemos uma pequena evolução (ele ainda está em fase de testes) em relação ao antecessor, mas ainda não se sabe se o veremos por aqui. “O mercado de hatches no Brasil é muito concorrido. Sendo assim, talvez seja melhor trabalharmos com algum modelo diferenciado, como o X50. Mas isso é apenas uma suposição, já que não temos nada definido”, sugeriu Luiz Augusto Zanini, diretor de marketing da Lifan Motors do Brasil.