Ferdinand Porsche criou uma das marcas mais desejadas de carros esportivos do mundo; foi o primeiro engenheiro – há mais de 100 anos – a construir um motor híbrido; além de ter sido o responsável por desenvolver o Volkswagen Fusca (um dos carros populares mais vendidos e famosos do mundo). Mesmo com todas estas conquistas, o legado de Porsche passa quase desapercebido em sua cidade natal, Vratislavice nad Nisou, na República Tcheca.
Nascido em 1875, Porsche foi criado por sua família alemã na República Tcheca e aos 18 anos se mudou para Viena, Áustria, para começar sua empreitada pela engenharia automotiva. Tão logo aos 26 anos, em 1901, Porsche construiu o primeiro motor híbrido do mundo, a gasolina e eletricidade, e cinco anos depois montaria o primeiro automóvel a ser considerado de corrida. Sua aptidão natural pela engenharia o levou a fundar a Porsche em 1931, em Stuttgart, Alemanha.
Todavia, o talento de Porsche também chamou a atenção de Adolf Hitler, que, em 1937, contratou-o para fabricar um carro popular para a Alemanha, tornando o engenheiro um membro da SS, a elite do partido nazista. Porsche chegou a ser preso após o término da Segunda Guerra Mundial, permanecendo na cadeia por pouco mais de um ano. Em 1951 ele faleceu.
Além da conexão com o nazismo, o advento da União Soviética também contribuiu para a infâmia de Porsche na região onde nasceu. Os modelos esportivos e luxuosos eram mal vistos, considerados símbolos dos excessos do capitalismo.
Por esses motivos, “nunca foi, de fato, anunciado que Porsche nasceu aqui”, aponta Milan Bumba, residente de Vratislavice, que tentará recuperar o legado do engenheiro em maio, por meio de uma exposição de 25 modelos da marca. “Décadas do trabalho de Porsche são fascinantes e ele deixou um marco na história.”
Ano passado, uma exposição da Porsche, financiada com dinheiro público, foi fechada depois de apresentar queda de público em decorrência dos pedidos de alguns moradores em incluir referências ao passado nazista de Porsche e do uso de trabalho forçado em suas fábricas. Na medida em que os protestos se intensificaram, a empresa retirou os modelos da exibição.
Esta não foi a primeira vez que o histórico manchado de Porsche obrigou o governo local a deixar de injetar dinheiro público em homenagens ao engenheiro. Em 2009, como resultado de uma petição de mais de 200 moradores, placas que faziam qualquer referência a Porsche tiveram de ser removidas. “Eu era contra usar dinheiro público para promover Porsche sem qualquer reconhecimento de seu passado durante a guerra”, explica Pavel Hrstka, organizador da petição.
Bumba, por outro lado, defende que a relação com o nazismo reflete apenas parte da história de vida de Porsche. Mesmo assim, pelo menos quanto ao dinheiro público, os residentes parecem concordar que “há coisas muito mais importantes para se gastar verba municipal do que com isso”, segundo Hrstka.
“Se haverá algum museu ou qualquer outra coisa feita com capital privado, aí tudo bem”, pondera Michal Hron, responsável pela comunidade judaica de Liberec, que já foi uma das regiões mais industrializadas da República Tcheca.
Para Jiri Pehe, diretor da sede da Universidade de Nova York em Praga, “o passado da Europa é cheio de controvérsias e os tchecos nunca discutiram seriamente como lidar com esse histórico e definir o que é aceitável ou não”. “Apagar pessoas famosas da história, que em algum momento se envolveram com o nazismo ou comunismo, não é uma solução”.
Enquanto a cidade de Vratislavice nad Nisou discute se aceita ou não homenagens à Porsche, Bumba terá trabalho para abrir a exposição que tanto quer. O museu fechado no ano passado faturou apenas U$ 243 em 2012 e metade disso em 2013. O aficionado por carros da Porsche afirma que vai contar com a ajuda de empresários para conseguir realizar o evento. “Depois que a exposição municipal foi cancelada, eu recebi diversas ligações de pessoas que não conhecia me dizendo que emprestariam seus modelos para ser exibidos no museu do Ferdinand Porsche.”


O mundo é uma hipocrisia só o PORSCHE tem que ser rotulado por associação ao partido nazista e o que falar de Von Braun que criou os foguetes(bomba voadora), de Hitler foi para os EUA, e ninguém o responsabilizou por crimes de guerra, onde estavam o mossad israelense para captura-lo para ser julgado por crimes de guerra em Israel.