Master test: sedãs médios

Bastou a Toyota apresentar a nova geração do Corolla para a Honda se mexer e, enquanto não renova por completo seu sedã médio, ao menos promoveu algumas alterações para fazer barulho no mercado.

O Honda Civic, que recebeu um leve facelift na versão LXR, foi eleito o melhor por nossa equipe

Com essa reforma no Civic, o desembarque do Nissan Sentra atualizado e o Citroën C4 Lounge completando um ano de mercado, resolvemos escolher a competitiva categoria dos sedãs médios para a edição 2014 do Master Test, avaliação que se diferencia das demais realizadas pela CARRO pela quantidade de carros reunidos, a distância percorrida e o número de jornalistas envolvidos.

Troca de impressões durante o café

Um dos segmentos mais disputados do Brasil — são 12 opções ao todo — resolvemos adotar uma “nota de corte” para conferir mais objetividade à nossa avaliação: os cinco representantes que você confere nas fotos são os modelos mais vendidos da categoria, na qual Civic e Corolla lideram com folga. Os dois abocanham quase 50% do segmento, e basta dizer que, em julho, o Corolla vendeu respeitáveis 6.129 unidades.

Nesta edição do Master Test rodamos pouco mais de 500 km entre o litoral e o interior de São Paulo

É importante destacar que o Chevrolet Cruze (em terceiro no ranking, seguido por Sentra e C4 Lounge) deverá estrear sua nova geração ainda neste semestre, o que ajudará a reparar algumas falhas apontadas pela equipe da CARRO ao longo da reportagem, como você vai conferir nas próximas páginas. Nesta edição, a avaliação foi feita durante cerca de 500 km pelo interior de São Paulo.

Cada avaliador conduziu cada um dos sedãs por cerca de 100 km

Outro esclarecimento importante é que todos os jornalistas levaram em consideração as versões mais vendidas dos sedãs para distribuir as notas, sendo a XEi para o Corolla, a LXR para Civic e assim por diante. Exceto pelo Cruze, que foi representado aqui por uma unidade LTZ, pois a GM não possuía o LT automático para nos ceder, os demais modelos que aparecem nas imagens são as versões que seguem o proposto para o Master Test.

"O Honda Civic é um carro para quem gosta de dirigir, enquanto o Nissan Sentra parece mais voltado à utilização executivo-familiar"

Apostou na vitória de um dos sedãs das marcas japonesas? Você está certo! O Honda Civic LXR venceu esta edição do Master Test, recebendo vários elogios com relação à arquitetura interna, comportamento dinâmico e o conjunto harmonioso formado pelo motor 2.0 flex de 155 cv e o câmbio automático de 5 marchas.

Antes de sairmos com os carros, uma parada para abastecimento e verificação da calibragem  dos pneus

“A precisão da direção, a progressividade do pedal do freio e o acerto da suspensão fazem do Civic um carro instigante”, ponderou o repórter Márcio Murta. Já o editor-chefe da CARRO, Wilson Toume, faz uma comparação bem esclarecedora: “O Civic é um carro para quem gosta de dirigir, enquanto o Nissan Sentra parece mais voltado à utilização executivo-familiar, com ênfase no conforto”. Curiosamente, um ponto que une Civic e Cruze, o último colocado, é justamente a proposta mais esportiva.

Com a nova geração lançada neste ano, o Corolla é o sedã mais atual; o Cruze será renovado em breve

“A posição de dirigir é a melhor característica do Cruze, apesar da suspensão demasiadamente firme”, aponta Murta. “Os bancos envolvem bem o motorista, e o Cruze oferece um estilo mais esportivo de condução”, analisou o repórter Hector Vieira.

Interior do Civic agrada pela ergonomia

Só que a vida não foi fácil para o Chevrolet, em especial frente a rivais mais modernos. “O Cruze merece mais carinho por parte da GM. O carro parece que se ‘vende sozinho’, mas já sente os efeitos do tempo em seu visual”, resume Wilson Toume.

Muito sóbrio, falta sofisticação ao habitáculo do Nissan Sentra

Além disso, não faltaram críticas para o acabamento do Chevrolet, em especial pelo elevado nível de ruído interno e o funcionamento do câmbio.

“A funcionalidade da cabine do Cruze é elogiável, mas os plásticos utilizados no interior não transmitem muita sensação de qualidade”, explica Hector Vieira. “O motor 1.8 16V é áspero e ruidoso. É o tipo de som ‘nervoso’, agradável em uma pista, mas que se torna cansativo no dia a dia”, acrescentou Márcio Murta a respeito do Cruze.

O C4 Lounge foi elogiado pelo visual moderno e pelo bom acabamento

Também na opinião do repórter, “o câmbio automático de 6 marchas parece não se entender com o propulsor. Em alguns momentos estica as marchas além do necessário e, em outros, antecipa as trocas. Para mim a caixa do Cruze é a menos refinada entre os modelos reunidos no teste.”

Outro que sofre com problemas de acabamento é o Sentra. Quem explica é Hector Vieira: “O visual do Nissan, da carroceria à cabine, é o mais sóbrio de todos. Internamente, ele aposta em tons escuros e nem o design do painel e do console central, assim como os materiais utilizados, apresentam qualquer sofisticação.”

O volante compacto e as respostas rápidas do Cruze enfatizam a esportividade

Na contramão de Sentra e Cruze, a equipe não poupou comentários positivos para o interior do Citroën C4 Lounge, que terminou em segundo lugar. “O sedã da marca francesa tem visual moderno e acabamento impecável, além de oferecer bom espaço para os ocupantes”, relata Wilson Toume.

Já Márcio Murta destaca os traços do modelo. “Não importa o ângulo: achei o Citroën irresistivelmente bonito. O C4 Lounge tem linhas ousadas e elegantes ao mesmo tempo. Tudo é balanceado e não há exageros”. Apesar disso, a central multimídia presente na versão Exclusive THP avaliada recebeu algumas ressalvas. “Apesar de oferecer os comandos ao alcance das mãos, o funcionamento do equipamento é pouco intuitivo, obrigando o motorista a gastar certo tempo até aprender a navegar pelas opções do equipamento”, avalia Hector Vieira. A opinião também foi compartilhada pelo restante da equipe ao longo da avaliação.

O interior do Corolla não agradou a maioria dos avaliadores

 

O Corolla também não agradou quando o assunto foi a central multimídia. “Apesar da boa posição de dirigir do Toyota, o sistema de infoentretenimento é complicado e fica distante do motorista”, analisa Vinicius Montoia. “O equipamento não é intuitiva, e percebi um certo atraso na resposta aos comandos”, completa o repórter Hector Vieira.

Partindo para o desempenho

Além de se destacar pelo acabamento, o C4 Lounge também não ficou atrás quando o assunto foi desempenho. Único a usar motor turbo — mas que só aceita gasolina —, ele é mais rápido entre os cinco modelos avaliados neste Master Test. “O Citroën, na minha opinião, é o mais completo, pois oferece algo além de uma boa experiência ao volante, além de seu desempenho excelente”, destaca o editor-chefe Wilson Toume.

“O único inconveniente do C4 Lounge é o fato de o câmbio manter a rotação elevada por muito tempo após uma rápida aceleração”, aponta Márcio Murta. Isso também foi percebido — e criticado — pelos demais. Vale citar que a caixa automática de 6 marchas do Citroën conta com a opção de trocas sequenciais pela alavanca, o que ajuda a aliviar essa deficiência na calibração do conjunto.

Entre os sedãs com motor 2.0 (Civic, Corolla e Sentra), o Honda foi o que se saiu melhor. “O Civic não é dono das melhores notas em propulsão, mas, definitivamente, é o mais bem acertado dos cinco sedãs. As respostas do acelerador são precisas, e o câmbio interpreta da melhor maneira as necessidades do motorista”, resume Hector Vieira.

"O Citroën C4 Lounge tem linhas ousadas e é extremamente elegante ao mesmo tempo. Tudo  é balanceado e não há exageros"

Entre Corolla e Sentra, ambos com câmbio do tipo CVT, o Toyota leva a melhor na opinião da equipe. “O câmbio do Corolla foi o que mais me agradou. A resposta é rápida e, em altas velocidades, ele deixa o motor em uma faixa de giros confortável”, analisa Vinicus Montoia.

“Entre Corolla e Sentra, o Toyota destaca-se em desempenho por conta da força adicional de seu motor 2.0 16V, que, por sua vez, não funciona de modo tão suave e linear como o do Nissan. Gostei também das borboletas para a troca das 7 marchas virtuais do Corolla, um recurso sempre bem-vindo  para quem aprecia maior nível de controle na condução”, conclui Márcio Murta.

"O visual do Sentra é o mais sóbrio dos cinco. Inteiramente preto, nem o design, nem os materiais apresentam qualquer sofisticação"

Após um dia completo de avaliações e tudo analisado na ponta do lápis, o Honda Civic acumulou 227,5 pontos, conquistando, pelo bom conjunto que entrega, o título de melhor sedã médio entre os cinco modelos mais vendidos da categoria.

Ele foi seguido de perto pelo C4 Lounge, com 223,5 pontos. Bom desempenho e acabamento caprichado são os destaques do Citroën. Toyota Corolla, em terceiro com 215,5 pontos, e Nissan Sentra, em quarto com 214 pontos, ficaram devendo um habitáculo melhor resolvido e mais empolgação ao volante. Já o Chevrolet Cruze, em último lugar, anseia pela chegada da nova geração.

No total, o Honda Civic foi o vencedor

 

Ficha técnica

Chevrolet Cruze LT Automático

Motor 4 cil. em linha, dianteiro, transversal; Cilindrada 1.796 cm3; Cabeçote 4 válvulas por cilindro; Potência 144 cv (E) a 6.300 rpm; Torque 18,9 mkgf (E) a 3.800 rpm; Câmbio automático, 6 marchas; Tração dianteira; Rodas alumínio, aro 17”; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Comprimento 4,60 m; Largura 1,79 m; Altura 1,47 m; Entre-eixos 2,68 m; Porta-malas 450 litros.

Citroën C4 Lounge Exclusive THP
Motor 4 cil. em linha, diant., transv., turbo; Cilindrada 1.598 cm3; Cabeçote 4 válvulas por cilindro; Potência 165 cv (G) a 6.000 rpm; Torque 24,5 mkgf (G) a 1.400 rpm; Câmbio automático, 6 marchas; Tração dianteira; Rodas liga leve, aro 17”; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Comprimento 4,62 m; Largura 1,78 m; Altura 1,50 m; Entre-eixos 2,71 m; Porta-malas 450 litros.

Honda Civic LXR
Motor 4 cil. em linha, dianteiro, transversal; Cilindrada 1.997 cm3; Cabeçote 4 válvulas por cilindro; Potência 155 cv (E) a 6.300 rpm; Torque 19,5 mkgf (E) a 4.800 rpm; Câmbio automático, 5 marchas; Tração dianteira; Rodas liga leve, aro 17”; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira multibraço; Compr. 4,52 m; Larg. 1,75 m; Alt. 1,45 m; Entre-eixos 2,66 m; Porta-malas 449 litros.

Nissan Sentra SL
Motor 4 cil., diant., transv.; Cilindrada 1.997 cm3; Cabeçote 4 válvulas por cilindro; Potência 140 cv (E)/(G) a 5.100 rpm; Torque 20 mkgf (E)/(G) a 4.800 rpm; Câmbio automático, CVT; Tração dianteira; Rodas alumínio, aro 17”; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Compr. 4,62 m; Larg. 1,76 m; Alt. 1,51 m; Entre-eixos 2,70 m; Porta-malas 503 litros.

Toyota Corolla XEi
Motor 4 cil. em linha, dianteiro, transversal; Cilindrada 1.986 cm3; Cabeçote 4 válvulas por cilindro; Potência 153 cv (E) a 5.800 rpm; Torque 20,7 mkgf (E) a 4.800 rpm; Câmbio automático, CVT; Tração dianteira; Rodas liga leve, aro 16”; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Compr. 4,62 m; Larg. 1,77 m; Alt. 1,47 m; Entre-eixos 2,70 m; Porta-malas 470 litros. 

O roteiro deste ano em detalhes: 500 km entre o litoral e o interior de São Paulo

Neste Master Test, levamos os sedãs para uma avaliação que totalizou cerca de 500 km dentro do Estado de São Paulo, permitindo aos integrantes da CARRO conduzir cada modelo por aproximadamente 100 km. Após percorrer as marginais Pinheiros e Tietê, seguimos para a Rodovia Presidente Dutra (BR-116 – SP-60) e, de lá, até Ubatuba pelas rodovias Mogi-Bertioga (SP-98) e Rio-Santos (SP-055 – BR-101). Do litoral, partimos para o interior pela Rodovia Oswaldo Cruz (SP-125), chegando até São Luiz do Paraitinga e, em seguida, Taubaté. De lá, iniciamos o retorno à capital. O C4 Lounge realizou a avaliação com consumo médio de 11,9 km/l, lembrando que ele só aceita gasolina. O Civic, abastecido com o mesmo combustível, também obteve 11,9 km/l. Em seguida aparecem o Cruze (10,8 km/l, número obtido com etanol e gasolina em partes iguais no tanque), Corolla (9,1 km/l) e Sentra (8,1 km/l), sendo que os dois últimos rodaram utilizando somente etanol.

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