Os últimos populares remanecentes da era do 1.0 16V deram adeus aos seus antigos propulsores no final de novembro e marcaram a estreia da família de motores SCe. Agora, Renault Sandero e Logan abraçam a onda dos três-cilindros com um conjunto completamente novo, capaz de gerar até 82 cv e 10,5 kgfm (a 6.300 rpm e 3.500 rpm, respectivamente, com etanol).
O novo motor não é o mesmo 1.0 12V de até 77 cv dos Nissan March e Versa — ao contrário do novo SCe 1.6 16V, que é uma versão otimizada do conjunto usado na dupla de modelos da japonesa.
CARRO ONLINE percorreu um circuito urbano e rodoviário com os novos Logan e Sandero 1.0 12V — a nova versão 1.6 16V, que oferece até ESC quando equipada com o câmbio Easy’R, será apresentada no mês que vem. No test-drive foi possível notar a grande evolução da dupla, mas os compactos ainda apresentam algumas limitações.
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Antes das impressões, contudo, vale reforçar o conjunto de novidades do novo SCe 1.0 12V. A maioria delas já é conhecida dos entusiastas (e da concorrência), como o duplo comando de válvulas variável, construção em alumínio, corrente de comando, bomba de óleo variável e coletor de escape integrado.
Sistemas parasitários também foram otimizados: agora a direção tem assistência eletrohidráulica e o alternador tem gerenciamento inteligente, reduzindo e aumentando sua carga em acelerações e frenagens.
As melhorias são idênticas às usadas em outros motores três-cilindros, mas a Renault abriu mão de itens como duplo circuito de arrefecimento e partida a frio com pré-aquecimento do etanol (ou seja, os novos motores usam tanquinho, ao contrário dos 1.0 12V da Nissan).
Segundo a marca francesa, o motivo de tais ausências é a questão de custos. Na prática, tais itens impactam pouco nas medições de consumo do programa PBE/Conpet, que são base para o governo oferecer incentivos fiscais às fabricantes por meio do programa Inovar-Auto.
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A necessidade de modernizar seus motores para não ficar atrás da concorrência bate de frente com orçamentos por vezes engessados das fabricantes. Por isso, tanto Logan quanto Sandero 1.0 12V não receberam mudanças visuais para marcar os novos propulsores. Pelo mesmo motivo, freios, suspensão e câmbio passaram por pouquíssimas alterações.
Inclusive as relações do câmbio de cinco marchas da dupla são as mesmas. A marca optou por mecanismo que transmite o movimento da alavanca à caixa: saem os defasados varões, entram os eficientes cabos. O curso da manopla ainda é excessivamente longo, mas agora os engates ficaram sensivelmente melhores.
Assim como o desempenho dos modelos. Sandero e Logan 1.0 16V nunca primaram pela velocidade, e o sedã sempre beliscou o topo do fantasioso raking dos “mais lentos sedãs do Brasil” — posto que, aliás, deve ser conquistado pelo recém-lançado Fiat Grand Siena 1.0. Agora a letargia daqueles Renault ficou para trás.
Mas não muito: se você andar com mais de três pessoas no carro e ligar o ar-condicionado, lembrará que ainda está em um carro 1.0. Aqui o câmbio de relações inalteradas ajuda. Por serem curtas, elas ajudavam a compensar a lentidão do velho 1.0 16V. Como o novo três-cilindros exige mais rotações para entregar seus 2 cv extras, mas tem seu pico de torque 1.000 rpm abaixo de seu antecessor, a grande faixa útil do SCe é melhor aproveitada.
Isso na cidade, diga-se. Em saídas de semáforos e subidas o motorista facilmente ultrapassa os 3.000 rpm necessários para Sandero e Logan ganharem agilidade. A contrapartida é ficar a mais de 4.000 rpm a 120 km/h. Como não há sexta marcha, o consumo rodoviário de ambos com etanol não surpreende: 9,5 km/l no Sandero e 9,3 km/l no Logan, segundo o PBE.
Ainda que o isolamento acústico do cofre seja levemente mais caprichado que alguns concorrentes (com direito a manta no capô, sendo que este é sustentado por uma incomum mola a gás), o ruído do 1.0 12V invade constantemente a cabine. Além de alto, o ruído é incômodo, com uma frequência mais aguda.
Por serem bem mais ecônomicos e prazerosos de guiar que seus antecessores, os novos Logan e Sandero três-cilindros são bons candidatos a quem tem orçamento apertado, roda a maior parte do tempo da cidade e precisa de muito espaço interno. Fora dessas condições, porém, modelos como Ford Ka+, Volkswagen Voyage e Hyundai HB20S ainda são opções superiores.
Viagem a convite da Renault
Quantos litros de óleo pega no motor 1.0 3 CILINDROS 2018