O segmento de SUVs apresentou sua primeira queda de vendas em 2016, mas depois de uma sequência de mais de dez anos de crescimento ininterrupto, as fabricantes passaram a oferecer uma gama cada vez mais diversificada de modelos ao consumidor brasileiro. Os compactos, obviamente, ainda são os mais bem sucedidos, respondendo por 32,3% de todo esse mercado, mas o subsegmento logo acima, dos SUVs médios, está cada vez mais habitado.

Só no ano passado foram lançados três novidades nessa fatia de SUVs, que medem entre 4,40 m e 4,55 m de comprimento e 2,60 m e 2,70 m de entre-eixos. E nós colocamos dois deles frente a frente neste comparativo. Tratam-se das novas gerações do Hyundai Tucson (agora chamada de New Tucson) e do Jeep Compass. Enquanto o primeiro é posicionado como topo de linha de uma linha composta por três gerações (a saber: Tucson “original”, ix35 e o New Tucson), o segundo é a opção natural para os consumidores que desejarem ir além do Renegade. 

Para equipará-los para este comparativo, nós configuramos a versão Limited flex do Compass com todos os opcionais disponíveis para tabelá-lo a R$ 144.313 e, assim, deixá-lo mais próximo da versão de entrada, a GL, do New Tucson, que parte de R$ 138.900. Veja qual dos dois utilitários se saiu melhor na matéria a seguir. 

New Tucson tem apelo visual mais urbano e parte de R$ 138.900

Visualmente, os dois SUVs que protagonizam este embate já se distanciam bastante um do outro. Enquanto o sul-coreano ostenta um visual mais fluído, caracterizando-se como um crossover urbano, o Jeep feito em Pernambuco aposta na robustez das linhas mais retas, porém modernas, para transmitir impressão de maior aptidão às incursões no fora-de-estrada. Sob o capô, a distinção entre os dois também é explícita. 

TURBO LEVA VANTAGEM
O novo Tucson é impulsionado por um motor turbo 1.6 de 177 cv, movido a gasolina. O propulsor entrega bastante agilidade no trânsito, acelerando de 0 a 60 km/h em 4s20, o que significa bastante conforto para guiar em vias urbanas. O motor trabalha acoplado a uma caixa de câmbio automática de sete marchas, de trocas suaves e precisas, mantendo o giro do motor sempre numa faixa adequada para diminuir ruídos e economizar combustível. 

Compass Limited, com espírito mais aventureiro, parte de R$ 126.990

Outras duas características que contribuem para um rodar mais cômodo do Tucson na cidade é a direção com assistência elétrica e o comportamento da suspensão com boa calibração para absorver os impactos da via sem transmiti-los à cabine, além de não oscilar em velocidades mais altas em rodovias, por exemplo. E por falar em estradas, o New Tucson também oferece um desempenho acima da média nesta situação, comprovado pela aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 8s76, quase três segundos mais rápido que o tempo do Compass na mesma prova (11s62).

O motor do Compass é um 2.0 flex de 166 cv. Em comparação com o New Tucson, é nítida a sua demora para embalar o SUV, prejudicando a agilidade do modelo. O casamento entre o motor e o câmbio automático de seis marchas também não se mostrou tão ajustado, já que, em alguns momentos, a caixa estica demais as marchas e há certa demora para a central eletrônica “entender” a necessidade do motorista por meio da pressão do acelerador. 

Sistema de freio do Tucson deixa a desejar no teste de fadiga

Em compensação, a dirigibilidade do Jeep é boa. Seguindo uma característica parecida com a do seu irmão menor, o Compass possui um rodar confortável, mas em comparação com o Tucson, ele é ligeiramente mais macio que o sul-coreano na hora de absorver as imperfeições da via.

Com relação as frenagens, na pista de testes, o Tucson precisou de 37,85 metros para parar vindo a 100 km/h, enquanto o Compass precisa de 41,60 metros. Mas, no teste de fadiga de freios com os carros levando 200 quilos de carga, o Compass foi muito melhor, com uma diferença de apenas 1,61 metros entre a melhor e a pior frenagem nas dez passagens, enquanto o Tucson apresentou uma diferença de 8,05 metros no mesmo teste.

Jeep pernambucano poderia ser mais estável ao rodar

VIDA A BORDO
Internamente, o Compass oferece um acabamento um pouco mais refinado que o New Tucson, por conta do revestimento emborrachado do painel e das laterais das portas. O modelo da marca sul-coreana abusa de plásticos rígidos na cabine (o que não condiz com um carro de sua categoria, com preço na faixa de R$ 140 mil). A montagem das peças, contudo, é igualmente benfeita nos dois concorrentes, sem rebarbas ou falhas aparentes. 

Com relação à ergonomia, o Tucson se mostra mais funcional, com interior bem projetado, deixando os comandos ao alcance do motorista e fácil acesso aos porta-objetos. O Compass também oferece boa ergonomia, mas alguns detalhes poderiam ser mais bem resolvidos, como o acesso aos porta-objetos, que não facilitam a vida do motorista. A melhor posição de dirigir é fácil de ser encontrada nos dois modelos, graças aos ajustes elétricos do banco do motorista.

Interior do novo Tucson é bonito, mas conta com muito plástico rígido

A somatória das medidas internas dos dois revela uma diferença considerável entre eles, já que o resultado do Compass é de 6,49 m e o do Tucson é de 6,33 m. A sensação de espaço, porém, é parecida nos dois. Em ambos os casos é possível uma pessoa de aproximadamente 1,80 m de altura se acomodar bem no banco do motorista, mesmo que alguém do mesmo porte esteja ao volante. Há espaço para três pessoas atrás nos dois SUVs, mas no caso do Compass o passageiro do banco central vai se beneficiar do cinto de três pontas (no Tucson só há o subabdominal ali).

EQUIPAMENTOS E MERCADO
Se até aqui o Tucson tem mostrado padrão de qualidade mais elevado, o Compass contra-ataca com sua lista de equipamentos. Beneficiado por seu posicionamento, a versão topo de linha Limited já sai de fábrica bem equipada. Adicionando os pacotes opcionais, que o deixam no mesmo patamar de preço do Hyundai, o modelo se torna ainda mais atraente. 

O Compass conta com materiais mais refinados no acabamento interno

Por exemplo, o pacote tecnológico do Jeep, que custa R$ 9 mil, inclui diversos itens de assistência ao condutor, como controle de cruzeiro adaptativo (ACC), assistente de manutenção de faixa, alerta de colisão e estacionamento semi-autônomo (park assist). Nada disso existe no Tucson. Ademais, o quadro de instrumentos do Compass é parcialmente digital, com uma tela colorida no centro, e a central multimídia com tela tátil é mais moderna que a do Hyundai. 

O New Tucson responde com condições mais acessíveis no pós-venda. As três primeiras revisões até os 30 mil km totalizam R$ 1.067,62, enquanto a Jeep cobra R$ 2.013 (lembrando que no caso dela, os serviços são realizados a cada 12 mil km, por isso o valor corresponde a 36 mil km). 

Condições de pós-venda do New Tucson são mais atraentes

A cotação de seguro também foi mais vantajosa para o Hyundai, com a apólice custando R$ 3.715, segundo a Solid Seguros. Para o Compass, o valor do seguro é de R$ 5.725 para o mesmo perfil. 

Quesitos Hyundai New Tucson Jeep Compass
Aceleração    
0-80 km/h (m) 6s34 (77,33) 7s79 (101.96)
0-100 km/h (m) 8s76 (138,18) 11s62 (197,96)
0-120 km/h (m) 12s25 (245,31) 15s86 (327,57)
Retomada    
40 – 100 km/h Drive 6s33 9s12
60-120 km/h Drive 8s27 11s39
80-120 6s78 7s75
Frenagens    
80-0 km/h 21,33 26,64
100-0 km/h 37,85 41,60
120-0 km/h 58,80 60,67
Consumo (km/l)    
Cidade 11,5 7,7
Estrada 13,9  11,7
Peco 12,5 9,9
Autonomia 775 594

CONCLUSÃO
A tabela de pontuação da CARRO mostra que o Hyundai New Tucson obteve maior vantagem nos quesitos propulsão e comportamento, que o caracterizam como um veículos de desempenho melhor e mais gostoso de guiar do que o Jeep Compass. Nos demais itens avaliados, houve equilibrío entre os dois SUVs, até mesmo com vitórias do Jeep.

Dados de fábrica Hyundai Tucson Jeep Compass
Velocidade máxima (km/h) 201 192
Motor disposição/número de válvulas L4., diant., trans.,/16V L4., diant., trans.,/16V
Cilindrada (cm³) 1.591 1.995
Potência (cv) 177 166
Torque (mkgf) 27 20,5
Câmbio Automático, 7 marchas Automático, 6 marchas
Suspensão (dianteira/traseira) McPherson/multibraço McPherson/McPherson
Peso vazio/cap. max de carga (kg) 1.624/486 1.547/400
Diâmetro de giro (m) (esq./dir.) 10,6m 11,3
Porta-malas (litros) 512 410
Peso rebocável (kg) (sem freio) 680 400
Tanque de combustível (litros) 62 60
Pneus (veículo testado) Kumho Crugen 225/55 R18 Pirelli Scorpion 225/55 R18
Comprimento/largura/altura (mm) 4.475/1.850/1.660 4.416/1.819/1.639
Entre-eixos) 2.670 2.636

Nessa faixa de preço, na qual os dois modelos se interseccionam, há uma clara distinção de público que cada um pretende alcançar. Enquanto o Hyundai deve atrair os consumidores que priorizam o status de um veículo com visual mais moderno e prazer ao dirigir, o Jeep apela mais para a razão por contar com um nível de equipamentos melhor que o do sul-coreano, justificando o investimento maior. Ambos são bons produtos, mas ficamos com o Hyundai, dada a sua sensível superioridade em desempenho.

Confira abaixo cada nota do comparativo:

Hyundai novo Tucson Quesitos Jeep Compass Limited
  Carroceria  
5,5 Carga máxima 4
6,5 Projeto 6
6,5 Funcionalidade 6
6 Impressões de qualidade 6,5
6 Equipamentos de série 7
6,5 Sensação de espaço 7
7 Porta-malas 5,5
6,5 Visibilidade 6
57,5 Parcial 56
  Segurança  
3,5 Fading 10
8 Frenagem 6
6 Iluminação 8
8 Segurança ativa 8
8 Segurança passiva 8
33,5 Parcial 40
  Conforto de rodagem  
7 Ar-condicionado 7
6,5 Bancos dianteiros 6
6,5 Bancos traseiros 6
9 Nível de ruído 8,5
6,5 Suspensão 6
35,5 Parcial 33,5
  Propulsão  
7,5 Aceleração 6
6 Velocidade máxima 5,5
8 Retomada 6,5
9 Potência específica 7
6 Peso/potência 6
5 Peso/torque 3,5
7 Transmissão 5,5
48,5 Parcial 40
  Comportamento  
7 Dirigibilidade 6
5,5 Diâmetro de giro 4
7 Direção 6
6,5 Estabilidade 6
26 Parcial 22
201 TOTAL 191,5
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