Correia de acessórios é o componente responsável por acionar itens essenciais para o funcionamento do veículo
Nem todo motor usa correia para o sincronismo, mas todo motor tem uma correia auxiliar para movimentar pelo menos o alternador. Essa correia auxiliar é popularmente chamada de correia de acessórios e, dependendo de cada projeto, existe uma ou mais delas para transmitir o movimento da polia do virabrequim para itens como o já citado alternador, compressor do sistema de ar condicionado, bomba d’água e, quando houver, direção hidráulica.
Ao contrário da correia sincronizadora, que é movimentada pelo contato dos dentes, a transmissão de força das polias para a correia de acessórios acontece por atrito de suas estrias (ou frisos) contra as polias. Sua construção e formato dessa face estriada dividem as correia de acessórios em dois tipos. Uma é a correia “V”, adotada por propulsores mais antigos e projetos mais simples. A outra é chamada de “Poly-V” ou “Micro-V”, dependendo da fabricante, e se diferencia por ser mais larga e conter várias estrias que entram em contato com as polias. Mais uma vez, a adoção de cada uma depende da idade do projeto do motor e dos sistemas que ele abriga.
Preventiva sempre
Não bobeie com a correia de acessórios. Como raramente possuem capas, elas rodam expostas debaixo do capô e podem ser diretamente afetadas por sujeira, terra, contaminações por óleo e/ou derivados de petróleo e sofrem grandes variações de temperatura no compartimento do motor. Estas condições conduzem a envelhecimento e desgaste. Se a correia movimentar a bomba d’água, seu rompimento pode até causar problemas críticos de superaquecimento ao motor pela falha no arrefecimento.
A correia de acessórios não altera o comportamento do motor quando começa a apresentar defeitos estruturais, portanto, a única forma de evitar esses problemas é inspecionar preventivamente as condições da correia a cada revisão.
“O primeiro sinal de problema é o ressecamento”, informa o professor de engenharia mecânica da FMU, Fernando Landulfo. O ressecamento é indicado por rachaduras e trincas no dorso da correia, assim como nas correias de sincronismo. “Esse ressecamento também pode ser percebido nas estrias das correias Poly V. As mesmas também apresentam pequenas fissuras. Nas correias V pode-se notar o desgaste na lateral assim como trincas no perfil”, aponta Landulfo, que também é consultor técnico das revistas CARRO e O Mecânico.
Outro fator que denuncia problemas precocemente é o ruído, principalmente nas Poly V. Um chiado agudo e chato, que muita gente tenta resolver passando spray desengripante ou até cera de vela, mas o ruído vem justamente da patinação da correia causada pela baixa tensão. “Jamais lubrifique correias barulhentas com óleo desengripante ou outro produto não recomendado pelos fabricantes, sob risco de ataque químico e diminuição rápida da vida útil da correia”, adverte o especialista.
Salvo alguma observação especial no manual do proprietário, as correias de acessórios devem ser examinadas visualmente a cada 10 ou 15 mil km. O período de substituição varia de carro para carro, de motor para motor, por isso, é imperativo consultar o manual do veículo para se informar.
Na troca da correia, tensionadores e polias de apoio também devem ser substituídos. Empurroterapia? Nada disso. Tensionadores desgastados podem levar a correia a trabalhar com tensões baixas e, além do ruído, causar ruptura de suas estrias. Polias de acionamento ou apoio desalinhadas vão forçar a correia, que começará a se desgastar nas laterais e, com o tempo, se romper. Já o excesso de tensão pode provocar sobrecarga nos mancais dos acessórios movidos e consequente desgaste prematuro dos rolamentos.
Ainda há correias de acessórios elásticas, que não trabalham apoiadas em tensionadores. Neste caso, a atenção na inspeção deve ser ainda maior para manter sua integridade.