Hyundai Creta ganha atualizações na linha 2020 para tentar conter o avanço do novo best-seller entre os SUVs compactos, o Jeep Renegade. Será suficiente?
Conquistar a liderança do segmento é uma vantagem quase sempre almejada pelas fabricantes, sejam elas de qualquer tipo de produto. Na indústria automobilística, obter a maior participação no mercado ajuda a elevar a projeção da imagem e criar a tendência de baixo índice de desvalorização do veículo. Entre os utilitários esportivos compactos, o Jeep Renegade terminou o primeiro semestre no lugar mais alto do pódio dos emplacamentos. Se mantiver o bom ritmo, poderá fechar o ano no topo – lugar que foi conquistado pelo Creta no último ano. Para retomar o espaço perdido, a Hyundai tratou de atualizar seu representante na linha 2020. Será o bastante para conter o novo líder?
O Renegade estreou no Brasil em 2015 e ganhou a primeira atualização visual no ano passado, quando passou a adotar para-choque com maior ângulo de ataque (antes restrito ao diesel). Também foram redesenhadas a grade dianteira e os faróis nas versões de topo. As lanternas em LED do modelo europeu chegaram atrasadas e só foram adotadas na linha 2020.
Já o SUV da Hyundai chegou por aqui no início de 2017 e, após pouco mais de dois anos e meio de mercado, recebeu sua primeira atualização estética. São novos os para-choques, grade e rodas. Nesta versão Prestige, a luz de rodagem diurna em LED deixou de ser integrada aos faróis principais para ser posicionada ao redor das luzes de neblina. A configuração de topo também é a única a vir com lanternas em LED, que possuem o mesmo desenho do Creta indiano.
Para este comparativo, alinhamos as versões de topo com motor flex de cada um deles. De um lado, o Creta Prestige, que parte de R$ 107.990 e tem como único opcional pago à parte a pintura metálica, por R$ 1.200 extras. O Renegade Limited começa em R$ 109.990 e pode chegar a R$ 117.090 quando equipado com teto solar panorâmico. Aqui, entretanto, consideramos somente a pintura metálica, que eleva o valor do carro das fotos a R$ 111.540.
Ambos trazem o que se espera de SUVs na faixa dos R$ 110 mil, com múltiplos airbags (7 no Jeep e 6 no Hyundai), bancos em couro, ar-condicionado digital, central multimídia com tela tátil, retrovisor eletrocrômico, sensores traseiros de estacionamento, acionamento automático dos faróis, controles de estabilidade e tração, assistente de saída em rampas, monitoramento da pressão dos pneus, chave presencial, sistema stop-start, engates Isofix e câmera de ré.
Exclusivos do Renegade são os faróis full LED, airbag de joelhos para o motorista, ar-condicionado de duas zonas, borboletas para trocas de marcha no volante, tela digital de 7 polegadas no quadro de instrumentos, sensor de chuva e freio de estacionamento eletromecânico. Já o Creta é o único a trazer saída de ar para o banco traseiro, carregamento de celular por indução, pulseira presencial que pode substituir a chave, alarme volumétrico (somente perimétrico no Jeep), rebatimento elétrico dos retrovisores e banco do motorista com ventilação.
O Renegade perdeu alguns itens opcionais que estavam disponíveis no lançamento do modelo, como retrovisores rebatíveis eletricamente, monitoramento de pontos cegos, sistema de estacionamento automático e banco do motorista com ajuste elétrico de apoio lombar. O monitoramento da pressão dos pneus, que era do tipo direto (com sensores individuais), agora é indireto (atua por meio dos sensores do ABS e precisa ter o parâmetro redefinido pelo motorista a cada aferição da calibragem).
Em acabamento, o Renegade supera o Creta tanto em qualidade na escolha dos materiais quando nos encaixes. O Jeep emprega material emborrachado em toda a superfície do painel, além do seções do painel de porta – enquanto o Hyundai traz o mesmo nível de plásticos do HB20, um compacto de entrada. Até mesmo o tecido do teto do SUV produzido em Goiana (PE) é mais adequado à faixa de preços quando comparado ao rival. O cuidado na construção do Renegade aparece até na hora de abrir o capô, já que ele é o único a trazer pintura no cofre e dois fechos de fixação da peça.
Na linha 2020, o Creta Prestige trocou o couro marrom dos bancos pelo bege claro, com arremates na antiga cor em faixas nas extremidades do encosto e do assento – o tom mais escuro aparece ainda na parte central do painel. Já o Jeep adota a cor preta por padrão e, na linha 2020, trouxe como novidade o revestimento marrom para bancos como opcional (por R$ 1.200 extras).
As centrais multimídia dos dois utilitários agradam e são compatíveis com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay. A tela do Renegade possui 8,4 polegadas e resolução de melhor qualidade, além de agregar informações de climatização e outras configurações do carro. Já a tela de 7 polegadas do Creta é a única a trazer TV digital e navegação integrada.
No Renegade, a visibilidade é prejudicada pelas largas colunas dianteiras (mal compartilhado com os “irmãos” de projeto, Compass e Toro). Como a correção deste ponto é inviável sem a troca completa de geração, a FCA adotou um truque visual na última renovação: dividiu o acabamento da coluna em duas peças plásticas, uma de cor clara e a da extremidade na cor escura, o que cria a falsa impressão de que o conjunto é mais estreito.
Em espaço interno, o Creta leva vantagem pela maior área para joelhos e pernas dos passageiros do banco de trás. O Renegade, por sua vez, oferece melhor vão para a cabeça. No porta-malas, superioridade do Creta, com 431 litros de capacidade, ante os 320 litros do Renegade.
Em nosso teste, o Hyudai comprovou uma característica já notada em outros Creta avaliados anteriormente: a baixa eficiência do ar-condicionado. O equipamento só é capaz de resfriar a cabine de forma adequada quando no modo de temperatura mínima e com a recirculação ativada. No Renegade, a Jeep poderia ter aproveitado a vantagem do freio de estacionamento eletromecânico para acrescentar o sistema de retenção automática em breves paradas (conhecido como brake hold no rival Honda HR-V).
Destaque para a tela digital no quadro de instrumentos do Jeep, que reúne diversas informações, como tensão da bateria, temperaturas de óleo do motor e da transmissão e horas de uso do motor, entre outras. Bom detalhe de ambos é que os vidros traseiros descem por completo e há controle de descida/subida do tipo um toque para todos.
Variação cambial
O Jeep adota o conhecido motor 1.8 da família E. torQ, com 139 cv de potência a 5.750 rpm e 19,2 kgfm de torque a 3.750 rpm. Já o Creta tem o 2.0 flex conhecido como Nu, com 166 cv a 6.200 rpm e 20,5 kgfm a 4.700 rpm (valores com etanol). Ambos utilizam câmbio automático de seis marchas e têm tração sempre dianteira.
Na pista, o Creta fez valer a melhor relação peso-potência (8,43 kg/cv x 10,9 kg/cv). O Hyundai superou o rival por larga margem na aceleração de zero a 100 km/h (9s7 x 13s1) e nas três retomadas – a maior vantagem foi na prova de 60 a 120 km/h, com 2s9 de diferença a favor do Creta (9s3 x 12s2).
Nas frenagens, o Renegade parou depois do concorrente. Na prova de 100 a zero km/h, precisou de 42,5 metros para estancar completamente, ante 39,3 m do Creta. Ao menos o Jeep, único do duelo com discos na traseira, apresentou o menor intervalo entre a melhor e pior marca no teste que avalia a resistência ao superaquecimento dos freios.
À parte da frieza dos números, ambos têm comportamentos distintos no uso fora da pista de testes. O Renegade agrada pelo acerto da suspensão (independente do tipo McPherson nos dois eixos), que reúne boa capacidade de absorção de impactos – mesmo nesta versão com pneus de perfil baixo (235/45R19) – e contém a carroceria de forma competente em curvas e desvios rápidos. O Creta, que adota eixo de torção na traseira, possui acerto mais firme e ligeiramente menos confortável aos transpor obstáculos, além de apresentar maior tendência à rolagem.
Em ambos, as programações dos câmbios deixam a desejar pelo excesso de reduções desnecessárias em aclives leves quando em velocidade de cruzeiro. A calibração do acelerador, por sua vez, reúne dois extremos: no Renegade, é preciso ir mais próximo ao fim do curso para obter respostas ágeis. Já o do Creta entrega potência de forma quase instantânea com pouca abertura do pedal, o que penaliza o consumo. Resultado: mesmo mais pesado e menos potente, o Renegade foi mais econômico na cidade (6,9 x 6,2 km/l) e na estrada (10,6 x 8,5 km/l).
Na análise de gastos após a compra, o Creta leva vantagem, com menores custos de revisões programadas (R$ 1.310 na soma das três primeiras paradas, ante R$ 2.046 do Renegade) e desvalorização (13% x 15,9%). O Jeep levou discreta vantagem com o preço de seguro ligeiramente mais baixo, de R$ 2.500 – R$ 100 a menos que o do Hyundai. O utilitário produzido em Piracicaba supera o rival pelo maior período de garantia de fábrica, de cinco anos (ante três no Jeep).
Nesta apertada disputa, o Creta leva vantagem na soma das análises técnica e de mercado, com 295,5 pontos, ante 293,5 conquistados pelo Renegade. O Jeep supera o Creta em acabamento, impressão geral de qualidade, acerto de suspensão e consumo de combustível. O Hyundai, por sua vez, entrega melhor desempenho em acelerações, retomadas e frenagens, dimensões internas e custo de manutenção, além de ser mais barato na hora compra. Pelo conjunto, o Creta sai vitorioso.
Tinha um Creta e agora estou com o Jeep. Ambos excelentes carros. Recomendo. E como disseram ai, otário é quem não pode pagar, anda de Celta e não entende nada de carro.
Alias recomendo voce procurarem as avalições do Gerson Borini e do Felipe Hoffmann. Outro nível. Explicações tecnicas convincentes, totalmente imparciais e sem depreciação pejorativa nas avaliações.
Tenho um Hyundai Creta Prestige e estou muito satisfeito, otário é quem não pode comprar!!!!!!
Paulo, exatamente, o modelo das fotos não é o 2020, aliás, o repórter não cita em nenhum momento no texto que está avaliando o Renegade 2020. O carro cedido para teste era modelo 2019 e é explicada exatamente a sua observação: que na linha 2020 o Jeep adotou as lanternas de LED.
A foto da traseira do renegade não corresponde ao modelo 2020 que já tem novas lanternas, imperdoável o erro da revista.
Break hold é algo irritante.
Tenho um Jeep Renegade e estou muito satisfeito, otário é quem não pode comprar!!!!!!
Só no Brasil carro com motor 1.8 por 117.000,00, haja otário para comprar!