Considerados componentes de segurança, os amortecedores merecem cuidados especiais, pois ofertam muito mais do que conforto

O Brasil, reconhecidamente, não é um país que recebe os méritos pela excelência no trato com suas vias. Em regiões interioranas é comum trafegar por quilômetros e mais quilômetros em estradas de terra até encontrar uma faixa asfaltada e, em muitos casos, a encontra em condições precárias. E quem sofre mais com tudo isso além do seu bolso, é claro? Os amortecedores! Eles são peças fundamentais na dinâmica de rodagem de um veículo. “A primeira função do amortecedor é reduzir a velocidade e a amplitude das oscilações da massa suspensa do veículo (carroçaria), geradas pelas irregularidades do piso”, explica Fernando Landulfo, consultor técnico da Revista CARRO e professor de engenharia mecânica.

Cuidado na escolha

Há, basicamente, dois tipos de amortecedores: os hidráulicos e os pressurizados. Os mais comuns e que equipam a maioria dos carros são os hidráulicos. Sua estrutura interna conta com óleo e ar que, quando pressionados, reagem de forma contrária ao sentido do movimento, propiciando o amortecimento necessário para uma condução segura. No caso dos pressurizados, o gás nitrogênio a baixa pressão substitui o ar na câmara e, com uma estrutura mais robusta e eficiente, costumam apresentar uma maior vida útil, além de funcionamento mais estável. Além disso, a presença do nitrogênio assegura que não sejam formadas bolhas no óleo quando o conjunto atinge altas temperaturas após o uso severo da suspensão.

Nos amortecedores hidráulicos, este processo de formação de bolhas é chamado aeração e é um dos principais causadores do conforto, mas também da baixa durabilidade e vazamentos de fluido. Em casos extremos, o amortecedor pode chegar a perder totalmente o seu efeito de amortecimento durante alguns momentos, o que torna a condução perigosa. Outro problema comum é a ocorrência de ruídos metálicos.

Já é hora de trocar?

Os fabricantes recomendam algumas verificações periódicas para identificar possíveis engripamentos e/ou vazamentos, que normalmente devem ocorrer a cada 40.000 km. No entanto, não há como bater o martelo e definir um prazo para troca. Como dissemos na abertura da matéria, pisos irregulares afetam diretamente no funcionamento e na durabilidade deste componente (e de outros tantos do sistema de suspensão), mas quando estão ineficientes, costumam dar alguns sinais de que algo não está bom, como um maior rolamento da carroceria em curvas, por exemplo.

Quando isso acontece, a sensação é de que o carro ficou solto demais e as curvas tornaram-se mais difíceis de serem contornadas. Outra falha comum é o aumento das distâncias para frear. “Um veículo que tem os amortecedores sem ação tende a oscilar muito (grandes amplitudes e velocidades de oscilação), quando passa sobre as irregularidades da pista. Isso faz com que as rodas tendam a perder a aderência com o solo, prejudicando muito a estabilidade, frenagem e a dirigibilidade do veículo”, acrescenta Landulfo.

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