Estatísticas são usadas com os mais diversos objetivos. Você sabia, por exemplo, que o proprietário de um BMW 520d que roda 30.000 km em um ano desperdiça 66 minutos parado em reabastecimentos? Surpreendente, sem dúvida.

E, baseado nisso, o tempo necessário para recarregar um automóvel elétrico deixa de parecer exagerado, ainda mais porque, normalmente, o dono de um carro desse tipo se programa para aproveitar o intervalo enquanto a bateria é recarregada.

BMW i3 tem visual futurista e muito mais potência 
Na Alemanha, existem hoje aproximadamente apenas 24.000 automóveis movidos a eletricidade. Entre eles, o BMW i3 (disponível desde outubro de 2013) ocupa a terceira colocação entre os mais vendidos. Em sexto, está o Renault Zoe, oferecido desde junho de 2013. Assim, reunimos os dois para um duelo a fim de mostrar qual é o melhor compacto elétrico urbano.

O modelo francês sai na frente no quesito preço, já que custa a partir de 21.700 euros (é o elétrico de quatro lugares mais barato do mercado europeu), enquanto o i3 não sai por menos de 34.950 euros. Tamanha diferença é justificada pelo fato de, no Renault, o valor da bateria não estar incluído no preço do automóvel.

Uma das vantagens do Zoe é o preço baixo devido ao aluguel da bateria

A empresa francesa aluga o componente e cobra um valor anual de acordo com a utilização do veículo. São 49 euros para quem roda até 5.000 km e 162 euros para aqueles que trafegam até 30.000 km por ano. O custo do aluguel da bateria é contabilizado como despesa de manutenção.

MAIS MODERNO
A bateria é armazenada num compartimento especial, feito de compósito de fibra de carbono e fornece energia ao motor, que pode contar com até 88 cv nas rodas dianteiras. Já o i3 dispõe de um propulsor mais potente (170 cv) e, graças à sua estrutura feita de plástico reforçado com fibra de carbono, portas traseiras que abrem no sentido contrário e interior diferenciado, parece muito mais tecnológico que o Renault.

Para o marketing pode ser uma boa estratégia, mas se o objetivo é mostrar que um carro elétrico pode ser conduzido da mesma forma que um veículo convencional, a coisa pode mudar de figura.

Dois carros muito ligados... na tomada: BMW i3 e Renault Zoe
Qualquer motorista pode se acomodar a bordo do Zoe, e bastarão alguns minutos para você explicar as particularidades do carro (como carregar e onde conectar o cabo) e, em seguida, ele já poderá sair passeando com o compacto por aí. O mesmo não vale para o i3, que pode até assustar aos mais inexperientes com seu visual futurista.

IGUAIS, MAS DISTINTOS
Em movimento, o Zoe confirma a impressão e se comporta exatamente como se espera. Não fosse pela ausência do ruído típico de um motor a combustão, seria até difícil distingui-lo. Mesmo quando se utiliza o recurso do freio-motor (ao se tirar o pé do acelerador, as rodas passam a atuar como geradoras, transformando o movimento em energia para as baterias) a desaceleração é suave, como num automóvel convencional.

Por dentro, o quadro de instrumentos é futurista, com uma bela tela digital que informa velocidade, autonomia e a energia disponível, entre outras informações. Ar-condicionado automático, navegador com busca de pontos de recarga e aviso acústico para pedestres são outros itens presentes. O Zoe pode ser o carro urbano ideal, já que sua condução não é aborrecida, e ele ainda conta com uma lista mais extensa de equipamentos de segurança.

Raridade: mesmo na avançada Alemanha circulam apenas 24.000 carros elétricos
O i3, por sua vez, poderia ser o carro elétrico perfeito, se não fosse tão caro. Além disso, ele apresentou algumas
características indesejáveis. No modo Eco Pro+, por exemplo, ao se aliviar o pé do acelerador, a regeneração é tão intensa que chega a assustar. Além disso, o acesso ao banco traseiro deveria ser mais fácil. O detalhe é que o i3 não é um carro para iniciantes, mas, sim, para fãs da marca. Não é à toa que o seu comportamento é muito mais empolgante que o do Renault e chega a impressionar para um elétrico.

Em nosso teste, o i3 exibiu consumo menor que o do Zoe (14,7 kWh/100 km contra 18,7 kWh/100 km), sem falar das opções de condução Eco Pro e Eco Pro+, que permitem ampliar a autonomia. Mas a sua vitória se deveu também aos recursos de segurança e de assistência e ao desempenho melhores.

Como comparação, para rodar 30.000 km com i3 e Zoe, o tempo necessário para reabastecê-los em uma tomada doméstica comum seria 53,5 dias — e não minutos.

A reportagem completa está na edição 260 (junho/15) da CARRO
VEREDICTO
Não existe no mercado um modelo mais qualificado do que o BMW i3 entre os automóveis elétricos. Ele é construído de materiais nobres, utiliza um motor muito eficiente e potente e ainda apresenta soluções criativas e funcionais. Além disso, proporciona uma condução muito agradável, especialmente para os fãs de modelos com características mais esportivas (como os demais BMW). Contudo, é preciso lembrar que nem todo consumidor aprecia veículos com esse estilo. Além disso, a “esportividade” do i3 acaba prejudicando a sua utilização diária, já que o carro se torna cansativo e desconfortável. Mas, no fim das contas, graças ao seu melhor desempenho, ampla lista de equipamentos de segurança e, principalmente, autonomia, a vitória neste comparativo ficou com o i3.

O preço mais em conta — graças ao sistema de aluguel da bateria — é o principal atrativo do Zoe para conquistar clientes. Além disso, o seu estilo mais convencional (na comparação com o futurista i3) fazem do compacto francês a opção ideal para quem deseja um automóvel elétrico prático e discreto. Não é preciso muita prática para se acostumar com este Renault, basta se adaptar ao uso dos cabos e às operações de recarga. O acesso ao banco traseiro poderia ser mais fácil se as portas contassem com maior ângulo de abertura.

O BMW i3 está à venda no Brasil pelo preço inicial de R$ 226 mil

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