No início, havia uma espécie de leme. O controle de direção das primeiras “carruagens sem cavalos” era feito como em um barco, já que não era preciso realizar manobras muito precisas, nem de estacionamento. O primeiro automóvel patenteado no mundo, o Benz Patent-Motorwagen, de 1886, era conduzido dessa forma. Embora não exista registro oficial, considera-se que o Panhard de Alfred Vacheron, usado na corrida entre Paris e Rouen em 1894, foi o primeiro automóvel com volante na história.
A partir dali, o volante evoluiu, mas em velocidade muito menor do que o automóvel. A peça deixou de ser feita de metal ou madeira, ficou mais moderna, leve e bonita, passou a ser feita de material deformável em nome da segurança, mas, basicamente, seguiu com o formato circular e a função de controlar a direção do veículo.
Isso só começou a mudar em 1989, quando a Ferrari apresentou o primeiro bólido na Fórmula 1 com borboletas (que acionavam o câmbio semi-automático) junto ao volante. Muito mais práticas que a alavanca, as pequenas aletas proporcionavam mais rapidez nas trocas de marcha e ainda evitavam que o piloto tivesse de desviar a atenção da pista para acionar a caixa. Com o sucesso do sistema, não demorou para as fabricantes incorporarem a ideia em seus modelos de rua.
A coisa não parou por aí. Com o aumento de equipamentos e de sistemas eletrônicos nos carros de F1, a solução foi incoporar os controles desses recursos no volante, em virtude do espaço reduzido nos cockpits. Além disso, botões ou seletores no volante permitem ao piloto acioná-los sem tirar os olhos da pista, e essa ideia também foi aproveitada nos carros de rua.
Resultado: os equipamentos que são mais utilizados pelos motoristas durante a condução, como sistema de som, controlador de velocidade de cruzeiro ou telefone (via Bluetooth) podem ser comandados por meio de controles no volante, mesmo nos modelos mais acessíveis. Em compensação, sistemas como ventilação e ar-condicionado ou navegação permanecem com controles no painel, pois são menos utilizados (a temperatura do ar-condicionado não é alterada a todo instante) ou porque devem ser ajustados apenas com o carro parado, por questão de segurança.
Mas, assim como os volantes de carros de competição, que nem têm mais formato circular e passaram a ter cada vez mais botões e comandos (veja as fotos na página anterior), os modelos de rua também vêm ganhando cada vez mais funções. O volante do novo Ford Fusion, por exemplo, oferece comandos para acessar a agenda do telefone, realizar e atender chamadas (via comando de voz), acionar e ajustar o controlador de velocidade de cruzeiro, consultar o computador de bordo e selecionar o mostrador no quadro de instrumentos, entre outras funções. Além das borboletas de acionamento do câmbio.
Nenhum automóvel convencional, porém, chegará a ter um volante como o do Porsche 919 Hybrid (com o qual a marca disputa o Mundial de Endurance) ou o da Ferrari de Kimi Raikkonen, por exemplo, que permitem aos pilotos ajustar a distribuição da carga de freio entre os eixos, acionar o limitador de velocidade no pit-lane, regular a atuação do controle de tração para pista seca ou molada, acionar a embreagem (somente nas partidas), ligar o rádio, selecionar as páginas do computador de bordo, acionar o limpador do para-brisa, ligar o overboost (para ultrapassagens) e o sistema de hidratação, entre diversas outras funções.
Em compensação, os carros de rua seguirão incorporando novidades tecnológicas para tornar a condução mais segura e – por que não dizer – divertida, além de agradável.