Existem alternativas para quem deseja um sedã executivo com bom desempenho, mas não pretende partir para esportivos extremos, como os Mercedes AMG ou os Audi RS. O C 400, por exemplo, exibe visual bem mais comportado que a versão “radical”, mas longe de ser conservador. O mesmo vale para o S4, com a ressalva de que na gama A4 o RS 4 só está disponível atualmente na configuração station.
Assim, reunimos o Audi S4 e o Mercedes C 400 para o grande duelo. É bom esclarecer, porém, que, além da proposta, os dois sedãs alemães têm muito mais em comum: ambos possuem motor V6 com injeção direta e 333 cv, tração integral permanente e câmbio de 7 marchas (robotizado de dupla embreagem no Audi e automático convencional no Mercedes), além de conforto e requinte na dose certa.
O Mercedes, contudo, custa menos (52.390 euros, contra 56.300 euros do S4) e, por conta disso, entrou neste comparativo com um bônus: a suspensão pneumática Airmatic (1.416 euros), que oferece conforto similar ao do luxuoso Classe S, sem prejudicar a estabilidade. Já o S4, apesar de contar com suspensão com molas convencionais, possui amortecedores adaptativos que mesmo sem serem tão eficientes quanto o sistema a ar do Mercedes, também oferecem ótima combinação entre conforto e estabilidade.
Além disso, o Audi conta com dispositivo de vetorização de torque, que faz toda a diferença nas curvas mais rápidas, enquanto o sistema 4Matic do C 400 dosa a distribuição de força para os eixos, variando de 30% a 70% e de 70% a 30% (dianteira e traseira). Na prática, os dois modelos se saem muito bem, com estabilidade acima da média, mesmo em situações extremas.
POTENTE E CONFORTÁVEL
Os motores que equipam os dois sedãs têm potência de sobra, mas ambos privilegiam o conforto ao dirigir, já que entregam torque (44,9 mkgf do S4 e 49 mkgf do C 400) em baixas rotações, principalmente o do Mercedes, em 1.600 rpm.
Graças a isso, o três-volumes da marca de Stuttgart apresenta um rodar mais suave, auxiliado pelo câmbio 7G-Tronic, cujas trocas são quase imperceptíveis (em condução tranquila). O S4, por sua vez, exibe comportamento mais arisco, e mesmo ao se adotar um estilo de condução mais calmo, a caixa robotizada não proporciona trocas tão confortáveis quanto a do C 400.
Em termos de desempenho, os dois modelos são muito parecidos, com o Audi levando vantagem na aceleração até 130 km/h. A partir daí, o Mercedes se sai melhor. A vantagem do C 400 surge na hora de parar. Por ser mais 99 kg leve (1.686 kg contra 1.785 kg do S4), o Classe C para totalmente em 35,1 m vindo a 100 km/h, enquanto o Audi precisou de 36,6 m. O sedã feito em Stuttgart também foi um pouco melhor no consumo médio, obtendo 13,7 km/l, contra 13 km/l do modelo da Casa de Ingolstadt.
Um aspecto que a Mercedes deveria aprimorar no seu sedã médio é o acesso ao banco traseiro. As colunas traseiras, muito curvadas, dificultam a entrada e a saída dos ocupantes — e nem precisa ser muito alto para perceber isso. Já o controlador do equipamento multimídia requer adaptação até se acostumar com ele, enquanto o MMI da Audi possui manuseio bem mais amigável e intuitivo. São detalhes, apenas.
CONCLUSÃO
À primeira vista, a impressão é que o Mercedes-Benz C 400 4Matic custa muito menos que o rival, mas basta analisar o preço da versão básica e a equipada com todos os opcionais para perceber que a diferença não é tão grande. Mesmo assim, esta configuração do sedã mais vendido da marca de Stuttgart é mais acessível e ainda conta com suspensão pneumática Airmatic e tração integral 4Matic, que fazem grande diferença na prática, especialmente em estradas sinuosas. Para quem já teve a oportunidade de dirigir um Classe S, o C 400 chega até a passar a mesma sensação de dirigir, especialmente em rodovias.
Da mesma forma, o padrão de acabamento, com muito couro e detalhes de madeira impressionam e realçam o aspecto luxuoso a bordo. Em certos aspectos, nem parece que você está em um modelo intermediário. Em compensação, um aspecto no qual a Mercedes deveria investir é no manuseio do seu sistema multimídia, não tão intuitivo e amigável quanto o do concorrente. Mas, neste teste, o Mercedes levou a melhor graças a sua versatilidade e excelente desempenho.
O S4 não agrada a tanta gente quanto o rival e esse é o seu grande pecado. Mas, para quem se importa com desempenho em primeiro lugar, ele é o modelo mais indicado. O curioso é que o Audi não exibe tanta tecnologia quanto o C 400 em termos de suspensão, mas o renomado sistema quattro, em conjunto com o sistema de vetorização de torque garantem a estabilidade e o bom comportamento em todas as situações. Ele perdeu este comparativo por pouco e está longe de ser considerado inferior ao concorrente.
