O visual dianteiro do Granta agrada e não possui nada em comum com o dos antigos modelos russos com os quais nos acostumamos no Brasil. Faróis auxiliares são opcionais

Os mais novos talvez não se recordem, mas os carros da marca russa Lada já foram vendidos no Brasil. E apesar de terem obtido um certo sucesso (principalmente no início das importações), os modelos acabaram se tornando sinônimo de problemas, por conta do acabamento espartano, da falta de peças e, principalmente, do fim das operações da empresa que representava a marca no país, que acabou deixando os consumidores na mão.

Na Europa, os Lada não eram vistos de maneira muito diferente. Conhecidos pela sua robustez e simplicidade, os carros russos nunca fizeram sucesso, mas são vendidos até hoje em mercados competitivos, como a Alemanha. Agora, é a vez do reestilizado Granta, que está chegando às revendas europeias, tentar reverter a imagem da Lada e atrair novos consumidores.

A melhora dos Lada também se deve à cooperação da marca com a aliança Renault-Nissan

Logo de cara, pode-se dizer que o nome Lada Granta não soa muito sexy. Tudo bem, então vamos trocar o primeiro nome para Maserati Granta ou Lamborghini Granta. Melhorou, concorda? Ou seja, essa é uma questão subjetiva. E, ao contrário de Twingo, Vectra ou Actros — alguns dos nomes criados pelo especialista alemão Manfred Gotta —, na AutoVAZ (nome oficial da fabricante russa), a definição ocorreu por meio de votação popular, sob o slogan “O carro do povo precisa de um nome vindo das pessoas”. O vencedor foi Pavel Sakharov, e o seu prêmio foi um sedã Lada Priora.

Lada Granta

Sob o capô, não há como deixar de reparar no cabeçote do pequeno motor 1.6 com 87 cv. E, mais do que isso, deve-se atentar para a limpeza. Não há óleo vazando pelas juntas e, mesmo que se trate de um propulsor simples, tudo nele transmite a impressão de ser bem feito. Aliás, é bom deixar claro que o carro todo passa essa mesma sensação, o que não deixa de ser incrível, para quem conheceu os antigos Laika e Niva. Boa parte dessa evolução se deve à experiência adquirida com a cooperação com a aliança Renault-Nissan.

O motor 1.6 gera 87 cv e 14,3 mkgf

Mesmo assim, os críticos mais exigentes poderão dizer que se trata de uma incógnita, pois o acabamento pode não resistir aos primeiros meses de utilização. Pode ser verdade, mas a observação também revela preconceito. Ainda mais quando se examina o interior do Granta. No quadro de instrumentos, por exemplo, chama a atenção um computador de bordo que informa consumo, velocidade média da viagem, distância percorrida e autonomia, entre outros itens. Controle de estabilidade? Está lá também. Já o rádio deve ser adquirido à parte, assim como o ar-condicionado. Freios com ABS e duplo airbag são itens de série. Pintura metálica, luzes diurnas, rodas de liga leve e preparação para rádio também vêm de fábrica.

Os instrumentos têm boa visualização e desenho moderno

A chave de ignição é convencional, pequena e discreta como se espera em um automóvel dessa categoria, assim como o acabamento geral, com muitas peças de plástico rígido. Tecido? Há apenas no revestimento dos bancos. A ergonomia é correta, mas poderia ser mais aprimorada. Acionamento elétrico dos vidros, por exemplo, existe apenas nos dianteiros. Atrás, nem como opcional. Em compensação, o volante tem ajuste de altura. Os instrumentos são grandes e têm boa visualização, enquanto os botões e demais controles são facilmente identificados.

O acabamento abusa das peças plásticas, mas não apresenta falhas perceptíveis

O já citado motor 1.6 de 4 cilindros e 8 válvulas garante um bom desempenho ao sedã, mas sem entusiasmar. O câmbio tem manuseio agradável e preciso. As marchas não são muito longas e proporcionam um funcionamento suave ao motor. O mesmo vale para a direção hidráulica, que apresenta precisão suficiente para transmitir muita sensação de segurança. O porta-malas, com capacidade para 480 litros, pode ser ampliado com o rebatimento do encosto.

A suspensão não é nenhum exemplo de maciez, mas garante um rodar confortável, principalmente em estradas. Nas curvas, o sedã de 4,26 m de comprimento mostrou comportamento neutro, mesmo com cinco ocupantes a bordo. Mas, para qualquer eventualidade, é bom saber que o ESP está de prontidão.

O bom porta-malas pode acomodar 480 l de bagagens

Em nosso teste, o Lada Granta acelerou de 0 a 100 km/h em 11s4, ou 0s2 mais rápido que o anunciado pela fabricante. Já o consumo médio de gasolina foi de bons 12,3 km/l, que proporciona uma autonomia de 617 km. Nada mau. 

Como parte da campanha de divulgação do modelo, um Granta da mesma cor da unidade avaliada por nós foi utilizado pelo presidente russo Vladimir Putin em uma viagem até Togliatti – local onde se situa a fábrica da AutoVAZ –, às margens do Volga. Ironicamente, o presidente, que é famoso pela boa forma física (é praticante de artes marciais), precisou de três tentativas para conseguir fechar a tampa do porta-malas do carro. O paradeiro do engenheiro responsável por aquele veículo específico não é conhecido. Mas o preço do Granta é: 9 990 euros.

Nossas medições

Aceleração 0-100 km/h: 11s4
Retomada 80-120 km/h em 5ª: 18s9
Frenagem 80 a 0 km/h (m): 39,5
Consumo cidade (km/l): 11,1
Consumo estrada (km/l): 18,9

Ficha técnica

Motor 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal; Cilindrada 1.596 cm3; Potência 87 cv a 5.100 rpm; Torque 14,3 mkgf a 3.800 rpm; Câmbio manual, 5 marchas; Tração dianteira; Comprimento 4,26 m; Largura 1,70 m; Altura 1,50 m; Entreeixos: 2,48 m; Portamalas 480 litros; Peso 1.008 kg.

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