Ele ainda possui passaporte inglês, mas a partir do próximo ano o Discovery Sport que você confere nas imagens vai contar com um tempero latino em suas veias. Se tudo correr conforme o planejado, dentro de um ano ele trocará a procedência da distante Halewood, no Reino Unido, pela acolhedora Itatiaia, localizada na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Vale lembrar que não é a primeira vez que contamos com um Land Rover feito por aqui. Antes de optar pela região que abriga o Pico das Agulhas Negras, a fabricante montou o robusto Defender entre 1998 e 2006 na cidade de São Bernardo do Campo, SP.
Claro que políticas como o Inovar-Auto deram o empurrão que faltava para a Land Rover decidir construir uma fábrica no Brasil, aliada, é claro, à verdadeira febre que os SUVs compactos se transformaram, tanto por aqui como em grande parte dos mercados ao redor do globo.
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Com 9 cm a mais que o Freelander — até então o menor Land Rover disponível —, o Discovery Sport com seus 4,59 m não pode ser considerado pequeno, mas a sua arquitetura moderna permite algo que muitos modelos com o mesmo porte não conseguem: oferecer muita versatilidade e espaço interno, inclusive com capacidade para levar 7 passageiros (por mais R$ 7.000).
O melhor de passar um tempo com o Discovery Sport é notar como ele sintetiza com competência o que um SUV moderno deve oferecer. Características, aliás, que respondem por grande parte do sucesso da categoria. Seu sistema de rebatimento dos bancos é prático e fácil de operar, há vários porta-objetos distribuídos pela cabine, o porta-malas é espaçoso e a altura elevada agrada quem gosta de ver o trânsito de cima e sentir-se mais seguro.
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A unidade avaliada ainda contava com o opcional Convenience Pack (R$ 3.000), que acrescenta o acionamento elétrico para a tampa do porta-malas e o sistema keyless, dois recursos que tornam a convivência com o modelo bem mais fácil.O acabamento interno é de alto nível, com destaque para o revestimento de couro de boa qualidade e a montagem impecável da cabine, refletindo na impressão de luxo que se espera de um veículo na casa de R$ 200.000. Por fora, aliás, não se pode dissociar o Discovery Sport do Range Rover Evoque, que inaugurou o estilo que vai guiar os próximos carros da marca. Com preços próximos, sobretudo na versão HSE, como a analisada aqui, não será difícil alguém entrar em uma concessionária da marca e se sentir confuso entre qual veículo escolher.
De certo modo, a Land Rover fez bem em usar o mesmo visual que consagrou o Evoque também no Discovery Sport, que terá a missão de cativar o cliente que procura um modelo mais racional, bom para levar a família, cabendo ao Evoque conquistar pela esportividade e o requinte superior. O design, que já foi testado e mais do que aprovado no Evoque, com certeza será um dos instrumentos de sedução do Discovery Sport. Com a carroceria “otimizada para os mais exigentes terrenos”, de acordo com a Land Rover, o Discovery Sport obviamente não foge ao legado da marca quando o assunto é off-road.
Com uma boa capacidade de imersão, ele pode enfrentar áreas alagadas com uma profundidade de até 60 cm. A dianteira e a traseira também foram projetadas com cuidado para oferecer os melhores ângulos de ataque e saída, respectivamente. O Terrain Response, por sua vez, é capaz de ajustar tração, câmbio e respostas do motor para enfrentar a maioria das situações no fora-de-estrada. Mas, sabendo que o Discovery Sport é um daqueles típicos SUVs que veremos rodando mais no asfalto do que fora dele, a Land Rover muniu seu Terrain Response com uma função “Eco”, que atua com a missão de baixar o consumo.
Já que entramos nesse assunto é bom partirmos para a análise do conjunto motor e câmbio, que, não por acaso, é compartilhado com o Evoque. Pelo menos no início da importação o Discovery Sport será oferecido somente com o motor 2.0 turbo a gasolina (Si4) de 240 cv que trabalha em conjunto com o câmbio automático sequencial de 9 marchas e a tração integral. Em breve a Land Rover também deverá oferecer o Discovery Sport com o 2.2 diesel (SD4) de 190 cv (assim como, adivinhe só, ocorreu com o Evoque).
Com números de potência e torque similares (em alguns casos até melhores) aos de muitos V6 aspirados, o Discovery Sport está longe de decepcionar na hora de se movimentar. Ao arrancar de 0 a 100 km/h em 8s5 e empolgar nas retomadas, com destaque para a de 60 km/h a 120 km/h em 8s4, o desempenho em geral do caçula da Land Rover é muito bom, considerando os 1.744 kg da versão avaliada.
Como a proposta do Discovery Sport é muito mais se preocupar em oferecer conforto e praticidade para o transporte de pessoas e objetos utilizados em atividades de lazer, nada mais natural que isso se repercuta também em suas reações ao volante. Se você vai assumir o banco dianteiro esquerdo não espere uma direção com respostas rápidas ou qualquer acerto esportivo na suspensão. Não. Definitivamente o Discovery Sport é feito para ser o mais generalista possível.
Apesar do projeto avançado da suspensão, feita completamente em alumínio para reduzir o peso do conjunto e com elevada rigidez estrutural, ela só peca ao permitir uma oscilação lateral da carroceria um pouco exagerada em curvas muito fechadas ou que permitem uma velocidade um pouco maior. Algo comum aos SUVs.
Outro ponto que a Land Rover poderia rever no Discovery Sport é a ausência do start-stop. Não que o consumo urbano seja ruim, que ficou em 8,2 km/l em nosso percurso padrão, mas com certeza o recurso permitiria alcançar um número ainda melhor.
De qualquer maneira, pelo menos as 9 marchas permitem explorar de uma forma muito melhor tudo que o 2.0 turbo tem a oferecer, resultando em um boa parcial de consumo rodoviário (11,8 km/l). A dupla mostra-se bem calibrada e também é possível trocar as marchas por meio de borboletas no volante. Suave para rodar na cidade e com a maioria das imperfeições do piso absorvidas de forma competente graças ao curso elevado da suspensão, o Discovery Sport é um carro muito confortável. Os bancos são excelentes e oferecem ótimo apoio ao corpo. Na versão HSE avaliada os dianteiros contam com regulagens elétricas que, na opção superior HSE Luxury, ainda há memória. Graças também aos diversos porta-objetos distribuídos pela cabine, a convivência a bordo é muito agradável. O belo teto solar panorâmico é equipamento de série.
No campo da segurança, destaque para recursos como o Assistente de Estabilidade de Trailer e o Assistente de Reboque, que contribuem para manter o Discovery Sport sempre na trajetória correta – e sem sustos –, em especial para quem gosta de transportar sua moto aquática, kart, enfim… todos os “brinquedos” para o fim de semana.
Além da produção local, que virá com um investimento R$ 750 milhões no país e a geração de 400 empregos diretos, a Land Rover promete trabalhar também o pós-venda. A garantia total será de três anos e a fabricante também anunciou que vai oferecer “o melhor custo de manutenção” na categoria. Pelo menos no que diz respeito às revisões, a marca surpreendeu com um plano em que elas custarão apenas R$ 990 por um período de cinco anos, algo que merece ser destacado.
Para quem cogita comprar um Audi Q5, BMW X3 ou Mercedes-Benz GLK, vale a pena conhecer o Discovery Sport. Ao trazer um conjunto mecânico moderno e eficiente, aliado a uma cabine bem aproveitada e espaçosa, com alto nível de acabamento e a possibilidade de comodar 7 passageiros (algo que nenhum rival direto proporciona), ele passa a ser o produto mais interessante do segmento. Um primo racional do Evoque, o futuro Land Rover nacional tem tudo para se dar bem por aqui. Pode carimbar o passaporte!
DADOS DE FÁBRICA
Motor disposição/número de válvulas: Diant., trans., 4 cil., turbo/16
Cilindrada (cm³): 1.999
Potência (cv): 240 a 5.800 rpm
Torque (kgfm): 34,6 a 1.750 rpm
Câmbio: automático 9 marchas
Suspensão (dianteira/traseira): McPherson/multibraço
Peso vazio (kg): 1.744
Porta-malas (litros): 689
Peso rebocável (sem freio) (kg): 2.200
Tanque de combustível (litros): 70
Pneus (veículo testado): Continental 235/55 R19
Comprimento/largura/altura (mm): 4.599/2.069/1.724
Entre-eixos (mm): 2.741
NOSSAS MEDIÇÕES
Aceleração:
0-60 km/h (m): 3,9 (13,6)
0-80 km/h (m): 5,9 (71,5)
0-100 km/h (m): 8,5 (137,8)
0-120 km/h (m): 11,8 (238,1)
Retomadas:
40-100 km/h em Drive (s): 5,9
60-120 km/h em Drive (s): 8,4
80-120 km/h em Drive (s): 6,2
Consumo (em km/l de gasolina):
Consumo cidade: 8,2
Consumo estrada: 11,8
Consumo médio (PECO): 9,8
Autonomia em km: 686
