O Jaguar F-Type V8 R nunca foi exatamente um carro dócil. Ainda que seu motor V8 5.0 sobrealimentado por um compressor entregasse seus 550 cv de forma linear, a tração traseira exigia perícia do motorista, mesmo com todos os controles eletrônicos ligados. Tal qual o Mercedes C 63 S AMG, ele permite derrapar os pneus posteriores com uma facilidade de assustar até os mais versados no mundo das centenas de cavalos-vapor.

A transmissão integral deixou o capô do F-Type 10 mm mais alto
Esse perigo constante pela retarguarda só foi mitigado agora, com a chegada da inédita versão AWD com tração integral. Ela chega em outubro por R$ 687.700 e substitui o arisco F-Type V8 R, que deixa de ser oferecido no País. Os R$ 25.700 adicionais cobrados pelo modelo se fazem presentes no sistema all-whell-drive e nos freios de carbono-cerâmica, mais eficientes (e caros). O único opcional é o teto de fibra de carbono reforçado com plástico (CFRP), 1 kg mais leve e que adiciona R$ 8.000 na fatura.

Aerofólio automático tem função de freio aerodinâmico
FREAR PARA VOAR
CARRO ONLINE teve a oportunidade de fazer um rápido test-drive no lançamento dentro do autódromo Velo Città, em Mogi Guaçu, SP. Nas três voltas feitas no traçado, pudemos domar o modelo que passa a ser o mais caro (e rápido) Jaguar atualmente à venda no Brasil. Não que isso fosse difícil.

Sistema de tração integral retorna ao Brasil depois do X-Type
Normalmente um esportivo com tração nas quatro rodas é naturalmente mais fácil de pilotar, mas o F-Type recebeu a nova vedete eletrônica dos carros apimentados: a vetorização de torque. Aproveitando o hardware do controle de estabilidade, o sistema freia as rodas do lado interno de cada curva, fazendo o carro “puxar” em direção à tangente da pista. Na prática, você vira o volante esperando uma reação, e o F-Type vai além, contornando a curva com uma facilidade surpreendente. A tarefa também é facilitada pelo novo sistema de assistência elétrica da direção.

Interior é requintado e tem painel voltado para o motorista
Isso ampliou os limites do F-Type AWD, permitindo aos motoristas novatos chegar a velocidades que a versão com tração traseira só entregava aos condutores mais experientes. Mas ainda não é possível para qualquer um domar o Jaguar. Na configuração mais esportiva de motor, direção, câmbio e suspensão, o cupê dá trancos fortes, exigindo cuidado na dosagem do acelerador e freios.

O acabamento, que tem elementos de CFRP, couro e alumínio, oferece o que se espera de um carro de quase R$ 700 mil. Uma vantagem do F-Type é que ele não se propõe a levar quatro pessoas – como boa parte da concorrência tenta e geralmente falha miseravelmente. Isso dá aos seus dois ocupantes conforto de sobra, com a ressalva de que um esportivo com suspensão firme e rodas de 20 polegadas nunca será macio como um Audi A8 ou Mercedes Classe S.

As duas marcas alemãs, aliás, acabam se tornando alvos indiretos da novidade. O novo C 63 S tem cavalaria próxima (510 cv), mas é empurrado apenas pelas rodas traseiras. O Audi RS5 oferece o desempenho mais linear dos três, mas é mais fraco (450 cv) e tem um projeto defasado: sua próxima geração deve ser lançada no final de 2016.

O F-Type V8 R não era um carro ruim, mas considerando que seus proprietários rodarão a maior parte do tempo em ruas e estradas públicas, seu desempenho arisco podia ser considerado um fator de risco. O sistema de tração integral veio em boa hora e pode alavancar as vendas do esportivo. Só da nova versão, a Jaguar espera vender 10 unidades até o final deste ano. Nada mal para um carro de R$ 687.700.

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